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sábado, 21 de novembro de 2020

Silver Linings Playbook - O Lado Bom da Vida - contém SPOILERS

De modo totalmente desavisado li ao livro "O lado bom da vida" de Matthew Quick publicado inicialmente em 2008. Como o título não me era muito estranho lembrei do filme homônimo lançado em 2012, estrelado por Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Descobri que o filme fora baseado na obra de Matthew Quick. A atriz Jennifer Lawrence amealhou o Oscar de melhor atriz em 2013 por sua atuação no filme.
 
Assim sendo resolvi assistir ao filme novamente depois de finalizar a leitura do livro e assim ter uma impressão comparativa "quentinha" sobre as obras.
 
Pois bem, o filme modifica em grande parte a obra de Matthew Quick. Óbvio que não tenho como saber se o autor concordou com as alterações. Os contratos de uso de obras variam grandemente e se o autor fica satisfeito com o que recebe não tem porquê se cansar com mutilações de sua obra. Na verdade no mercado editorial depois que a editora compra os direitos de publicação de uma obra, ela se torna praticamente coautora devido a tantas alterações que pode impor. Autores para se proteger do poder financeiro das editoras não aceitam tudo que é estabelecido no contrato e assim atualmente há vários modelos de publicação que vai desde aquele em que o autor assume todos os custos e toda a direção, divulgação, promoção e até mesmo as vendas dos livros deixando somente a impressão para a editora até o outro extremo em que a editora paga pelos direitos e controla todo o processo, restando ao autor comparecer em feiras especializadas e leituras em livrarias para grupos de interesse. Normalmente autores de renome aceitam o segundo modelo mas retém alguma autonomia sobre a obra e autores novos para verem seu primeiro livro publicado terminam viabilizando a publicação pelo primeiro modelo. 
 
A esses modelos veio a modernidade dos livros digitais e grandes editoras entre as quais destaco a maior delas - a Amazon - que oferece a edição, publicação, distribuição e venda de livros na sua plataforma. Para se vislumbrar um pouco das possibilidades, se você tiver um manuscrito devidamente diagramado seu livro estará em até 72 horas à venda em todas as lojas nacionais da Amazon via internet. É como uma tempestade de mudanças num mercado difícil que é o mercado editorial. Essas mudanças favoreceram que autores publiquem seus livros e assim a quantidade de livros publicados é crescente e o mercado consumidor... bem o mercado consumidor precisa ser fomentado. Para saber mais sobre isso, a veja os vídeos do canal "Projeto Escrita Criativa".

Mesmo com as mudanças, há obras que fazem sucesso e a obra de Quick é uma delas. Fez tanto sucesso que só 4 anos depois se tornou base para um filme que no ano seguinte é premiado com um Oscar e indicado em várias outras categorias. Isso é um grande sucesso.

Pois bem, se o filme foi bem nas bilheterias, premiado, grande sucesso, tenho que dizer que o livro é muito melhor e realmente vale a pena lê-lo. Na verdade os livros são sempre melhores que os filmes pelo simples fato de ter muito mais tempo e espaço para trabalho o tema, personagens, narrativas, etc. Mas como o filme - Silver linings playbook é outra história, é diferente de que está no livro Silver linings playbook. 

As alterações se estendem do nome dos personagens aos eventos, das personalidades dos personagens a ordem dos acontecimentos. E nessa mistura há muita coisa que aparece e é comprimida no filme e não havia no livro e vice-versa. Não vou listar isso pois é muita coisa, vou me ater ao que acho mais importante - a personalidade de Pat Peoples.
 
Pat Peoples é um professor de história (34 anos) de uma escola secundária (um college) que está internado em uma instituição psiquiátrica em Baltimore depois de flagrar a esposa (Nikki) com um outro professor no banheiro de sua casa. Pat tem um surto psicótico tão forte que ataca o amante e o fere bastante. Para não ser condenado, aceita um acordo em que cede tudo o que tem, aceita também a ficar longe da esposa e tem que ficar internado. A esposa se separa à revelia e casa com outro. A internação dura 4 anos, mas Pat não retém a memória e para ele somente alguns meses se passaram, ele perdeu a memória pelo trauma. Pois bem Pat apesar do surto, de estar em lugar que ele define como o "lugar ruim", de querer genuinamente voltar para sua esposa, Pat é irritantemente otimista, ele muda totalmente seu modo de pensar e agir, rejeita toda ideia contrária ou que indique não retornar para sua esposa.
 
Sua mãe, Jeanie Peoples - a heroína da história na minha opinião - o retira do sanatório assumindo a responsabilidade por qualquer ato descontrolado do filho ainda com problemas, o coloca em sua casa a muito custo financeiro e pessoal. O pai de Pat é a antítese de mãe, não interage com os familiares, vive num mundo autocentrado e vê o filho como um doido de pedra. A família (menos a mãe) é torcedora fanática do time de futebol americano Philadelfia Eagles, essa fixação está presente no convívio família e é um forte catalisador social dos relacionamentos de Pat. Pat tem um irmão mais novo - Jake - que lamenta ter estado ausente no tempo em que ele ficou no "lugar ruim" mas se torna um importante apoio na recuperação de Pat.

Pat, apesar de eventualmente ter momentos de descontrole, de incerteza, de insegurança e impulsividade está fixamente focado em melhorar para retornar para sua esposa (no caso, ex-esposa) e para isso pratica exercícios diária e intensamente, tenta ser mais gentil do que estar certo. Procura interagir com as pessoas mas guardando seus reais pensamentos de cada momento com desconfiança e incerteza pois ele ainda vive à sombra do surto e da reserva, do preconceito de cada um que sabe que ele esteve internado por 4 anos. 
 
Outro fundamento para ser melhor marido é que Pat passa a ler os livros que Nikki ensinava, pois Nikki é professora de literatura. Pat lê e resenha as seguintes obras "Adeus às armas", de Ernest Hemingway,
"A letra escarlate", de Nathaniel Hawthorne, "A redoma de vidro", de Sylvia Plath, "O apanhador no campo de centeio", de J.D. Salinger (eu fiz a resenha deste livro aqui neste link), "As Aventuras de Huckleberry Finn", de Mark Twain. Pat fica à beira de um colapso ao ler livros em que os autores conduzem a história para fins totalmente infelizes e sem sentido, pois Pat não consegue olhar para o céu nublado e não perceber que por trás o sol brilha intenso e soberano. Aqui neste link há a transcrição da resenha de Pat sobre o livro de Hemingway. 

E assim tentando reconstruir a vida destruída por um surto que lhe tirou 4 anos de vida e a autonomia e sustentado por esses fundamentos - a mãe, o irmão, o terapeuta (Dr. Patel), os amigos torcedores dos Eagles, a Invasão Asiática (grupo de indianos fanáticos pelos Eagles) e a aquela que lhe resgata - Tiffany. Tiffany é o outro lado da história, também problemática e quebrada. Tiffany perdeu o controle de sua vida quando o marido morreu atropelado. Assim essas duas pessoas lutando com seus traumas vão se ajudando, insistindo em uma relação difícil, meio ácida, meio rústica mas que conseguem ver o lado bom da vida. Pat consegue superar a ideia que o fez lutar contra tudo para melhorar (que é voltar para a ex-esposa) e passa a melhorar para si mesmo e para Tiffany.  

Meu parecer é que é um ótimo livro, com uma ótima mensagem. Não devemos desistir da vida só porque enxurradas pode nos arrastar e destruir as frágeis bases nas quais nos apoiamos, devemos ver que além do céu tenebroso, o sol brilha intenso e veremos sua luz por fim.

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Livros citados
"Adeus às armas", de Ernest Hemingway;
"A letra escarlate", de Nathaniel Hawthorne;
"A redoma de vidro", de Sylvia Plath;
"O apanhador no campo de centeio", de J.D. Salinger
"O lado bom da vida", de Matthew Quick 

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Um lindo dia na vizinhança aka "A beutiful day in the neighborhood"

Eu assisti a "Um lindo dia na vizinhança" (título original: A beautiful day in the neighborhood) sem ler nenhuma sinopse e a mim parecia ser um filme bem mamão com açúcar. Porém descobri que o filme é baseado em fatos reais. E me chamou muito atenção o personagem Fred Rogers representado por Tom Hanks. Fui especialmente surpreendido pelo Sr Fred Rogers que existiu de verdade. Sr Rogers ou Mr. Rogers como era conhecido nasceu em 1928 e faleceu aos 74 anos em 2003 devido a um câncer de estômago. 
No filme Mr Rogers me surpreende por coisas simples:
1. Disciplina - Mesmo sendo uma celebridade, ele segue uma rotina que permitia trabalhar, exercitar-se e manter relações pessoais plenas.
2. Mindfulness (atenção completa) - Ao falar com as pessoas Mr Rogers sempre se dirigia total e completamente a elas, dialogando, olhando no olhos e falando pausamente, não havia alterações mesmo quando ele era confrontado e as pessoas discordavam dele.
3. Sempre perguntava o nome, telefone das pessoas, marcava compromissos e cumpria os horários mesmo que sejam compromissos de tempo muito curto. Além disso, Mr Rogers sempre informava que ia orar pela pessoa e parecia sinceramente comprometido com essa tarefa.
4. Meditava, lia a Bíblia e orava por sua lista de pessoas e objetivos e também fazia natação diariamente.

Parece algo bem trivial não ? Eu me admiro dessas práticas porque eu creio que elas sejam boas e eu mesmo não consigo executá-las de modo contínuo e dedicado como o Mr Rogers. Nele parecia ser tudo muito natural.

O filme conta a história do jornalista, casado e pai de uma criança pequena chamando de Lloyd Vogel, representado por Matthew Rhys. O personagem Lloyd Vogel representa o jornalista Tom Junod. Lloyd Vogel (Tom Junod) foi escalado pela Esquire para fazer o perfil do Fred Rogers. A revista queria contar a história dos heróis americanos e começaria por Fred Rogers. Vogel era um jornalista especialmente conhecido pelo seu amargor nos seus artigos e por mais virtudes que Mr Rogers tivesse ele iria escavar todos os defeitos e retirar todos os esqueletos do guarda-roupa. 

Entretanto o filme tem um plot twist. Lloyd Vogel tem um grande problema familiar, ele tem sérios problemas de relacionamento com o seu pai, que está doente de uma doença fatal. Durante as entrevistas com Mr Rogers, este além de falar de si, do seu trabalho, apresentar sua esposa, ele também se propõe a entrar na vida Vogel, interessando-se por sua história, conflitos, problemas no casamento ao ponto de Vogel sucumbir, baixar a guarda, reconciliar-se com seu pai e mudar sua vida. 

Óbvio que depois de um milagre desses o artigo da Esquire ficou soberbo. Para ler o artigo de Junod sobre Mr Rogers clique aqui (em inglês)

Achei excelente o filme e pesquisei mais sobre Mr Rogers. Descobri que:
  • a) Ele teve 2 filhos (que não aparecem no filme);
  • b) Que ele era ministro presbiteriano;
  • c) Era primo de Tom Hanks;
  • d) Era compositor, pianista, cantor, escritor, roteirista e titereiro de mão cheia;
  • e) Seu principal programa o Mr Rogers' Neighborhood ou simplesmente Neighborhood ficou de 1968 a 2001 (interrompido entre 1974 e 1979) sendo veiculado e depois de 2001 repetido pela PBS até 2016.
  • f) Fred Rogers respondeu pessoalmente todas as cartas enviadas a ele pelos espectadores. E quando o volume aumentou ele descolou duas pessoas para uma equipe que respondia a todas as cartas, mas ele pessoalmente leu e assinou cada uma delas.
 
O programa Neighborhood de Mr Rogers era sem igual pois atingia o público pré-escolar e tratava de temas que nenhum outro programa jamais tratou de modo tão direcionado e contínuo. O programa enfatizava as necessidades sociais e emocionais de crianças pequenas. Enquanto Vila Sésamo se concentrou nas habilidades de preparação para a escola, o Neighboorhood se concentrava no desenvolvimento da psique e dos sentimentos da criança e no senso de raciocínio moral e ético. Segundo o Washington Post, Rogers ensinou crianças pequenas sobre "civilidade, tolerância, compartilhamento e autoestima em um tom tranquilizador". Isso tudo em uma cadência pausada que para os tempos de hoje beirava o tédio, mas que era perfeita para seu público. Ele abordou tópicos difíceis, como a morte de um animal de estimação em família, a rivalidade entre irmãos, a adição de um recém-nascido em uma família, a mudança e a matrícula em uma nova escola e o divórcio.


Links e referências:
Artigo da Esquire - Can you say... a hero ? - https://www.esquire.com/entertainment/tv/a27134/can-you-say-hero-esq1198/

Artigo da Hollywood Reporter sobre o filme comparando atores e personagens - https://www.hollywoodreporter.com/lists/beautiful-day-neighborhood-true-story-how-accurate-are-characters-1258012/item/abd-maryann-plunkett-1258022

Artigo da Wikipedia sobre Fred Rogers - https://pt.wikipedia.org/wiki/Fred_Rogers
 

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Meus canais do Youtube 1

Com o advento da melhoria na velocidade da conexão com a internet, o Streaming de Vídeo virou uma realidade. Netflix e Youtube estão ai para comprovar. Eu mesmo assisto mais vídeos no youtube  ultimamente do que a minha própria TV por Assinatura, no caso a Sky. Tv aberta para mim somente  em pouquíssimos casos (telejornal local, formula 1, e olhe lá). Ao longo do tempo, venho acompanhando alguns canais do youtube que demostraram ser interessantes, pois acho que o principal problema dessa plataforma é se destacar no meio da multidão de canais. Apesar de existir muita coisa ruim, há sim alguns canais bons.Assim, vou falar um pouco dos canais de Youtube que acompanho. Vou dividir em partes para o texto não ficar muito longo.

Cinema

Raphael P.H. Santos

Raphael é um crítico de cinema cearense que faz parte do Cinema com Rapadura, um podcast famoso que trata sobre o mesmo assunto (com uma apresentação um pouco mais cômica).  Suas críticas são bem técnicas , pois além de falar sobre história e enredo, ele também fala sobre fotografia, edição, som, etc. Eu acho suas críticas bem fundamentadas e impessoais. Apesar de que poucas vezes eu discordei de suas opiniões, sempre faço questão de assistir seus vídeos. Também já assisti filmes somente por causa da crítica que ele fez. Um exemplo foi Dunkirk, fui seguindo a sua opinião e pude assistir um dos melhores filmes em se tratando de efeitos sonoros.

Omelete

O omelete talvez seja um dos maiores canais sobre cinema e cultura top do youtube brasileiro. Assim, eles tem toda uma estrutura , possibilitando verem filmes em pré estreia, visitando sets de cinema , etc. Apesar de eu não gostar muito da edição deles, já que eles usam aquela edição “infatilizada” típica do youtube, no geral,  alguns dos seus vídeos são bastante interessantes.


Automobilismo

Garagem do Belotte

Renato Belotte é um jornalista que tem esse canal no youtube já há bastante tempo. Nos seus vídeos ,ele testa todos os carros andando nas ruas de algum bairro de São Paulo (praticamente são sempre as mesmas ruas, li no facebook que são no Bairro do Morumbí). O grande lance do canal é ele testar carros bem antigos ou carros icônicos, como esse Subaru WRX (Meu carro dos sonhos). Ele já disse que os donos dos carros antigos sempre oferecem os mesmos para ele testar, ou seja, pauta não faltará para o programa dele. Belotte demonstra ter bons conhecimentos técnicos e históricos sobre os veículos, além de aparentar gostar do que faz.



Best Cars

Para quem não conhece, o Best Cars Web Site (www.bcws.com.br) é um antigo site sobre automobilismo que , na minha modesta opinião, é o  mais imparcial e técnico da internet brasileira. Assim, para ingressar em novas mídias, eles iniciaram há pouco tempo no youtube, com o seu canal. Apesar de anda estarem aprendendo, se seguirem a linha editorial do site, o futuro é promissor.


Autoentusiastas

Outro site (www.autoentusiastas.com.br)  que passou a fazer vídeos no youtube. Apesar de achar  que eles puxam um pouco a sardinha para o lado das montadoras japonesas, vale muito a pena assistir , pois também são extremamente técnicos nas suas análises




sábado, 20 de agosto de 2016

Quem é você ?

No passado recente eu vi 3 produções que tratava, ainda que com pretensões diversas, sobre o que somos. A consciência de si próprio é algo poderoso que pode direcionar uma vida para grandes conquistas, se não tanto, pelo menos para vivência judiciosa, cônscia e bem resolvida. 

1. O canal Nerdologia, no seu episódio 100 intitulado "O que somos nós".

O Nerdologia faz uma abordagem fisiológica, do ponto de vista celular. É um vídeo muito bem montado. Informa que nossas células mudam, que nascem, crescem e morrem e surgem outras. Se fôssemos só a soma de nossas células, seríamos sempre uma nova pessoa, já que as células sempre se renovam, umas com mais rapidez e as células cerebrais com muito menos rapidez. Mas no fim aponta que somos a soma não das células em si, mas de todos os momentos em todos os aspectos - fisíco, psico e social. Talvez a tal metamorfose ambulante.

2. O canal do Youtube Kurzgesagt – In a Nutshell no episódio "What are you?"

O Kurzgesagt tem ótimos vídeos, com gráficos de qualidade e material de qualidade. São em inglês, mas felizmente tem legendas em português. Neste vídeo o Kurzgesagt vai na mesma linha do Nerdologia, porém mais elaborado abordando aspectos do DNA, mutações, células, mitocôndrias, o contrato celular, células cancerígenas, as células imortais HELA, etc, mas no fim vai na linha do Nerdologia, e conclui que somos soma da vivência, das experiências individuais e coletivas.

3. Young Messiah

Já o filme Young Messiah, lançado no Brasil como "O Jovem Messias", dirigido por Cyrus Nowrasteh. O filme é baseado no livro "Christ the Lord: Out of Egypt" da escritora Anne Rice. Anne Rice é uma das precursoras de obras com temática de vampiros. É dela o livro "Interview with the vampire" de 1976, um dos vários que ela escreveu e que influenciou vários outros escritores. Anne Rice converteu-se ao Catolicismo e realizou um sonho pessoal ao escrever sobre Jesus. A história aborda a vida do menino Jesus entre o nascimento e vai até os 7 anos. A escritora deve ter feito sua pesquisa histórica para apoiar a obra, mas é óbvio que a trama e os acontecimentos são fictícios, porém a história e o filme é muito bem produzido. Mas o que me chamou muito atenção com relação ao "O que somos" em Young Messiah, é o ápice do filme para mim quando o menino Jesus, aos 7 anos, tem consciência de que é o Filho de Deus, é uma cena bonita, leve, mas cheia de propósito, de certeza que transforma o curso de toda a existência.

A abordagem de Young Messiah é muito diferente das duas outras, na verdade o filme nem se propõe  a entrar nessa seara, eu que fiz essa ligação, pois uma vez que tenhamos condições mínimas de vida é mais importante ter certeza do que se É para tomar as rédeas do curso de sua história e ir em busca de seu sonhos de vida.

Podemos até não ter plena certeza do que somos, mas em tempos conturbados em que as pessoas vivem angustiadas, por vezes excedendo na ingestão de substâncias tóxicas, fugindo de problemas nos mais diferentes subterfúgios, tomar consciência, ainda que parcial sobre quem somos, pode nos inspirar a superar grandes barreiras e realizar grandes feitos.



quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Whiplash

É raro eu querer assistir um filme segunda vez, tive a grata surpresa de assistir Whiplash com Miles Teller no papel de Andrew Neiman e J. K. Simmons como Terence Fletcher e o prazer de repeti-lo. Assisti ao filme antes da cerimônia do Oscar e para minha surpresa o J. K. Simmons foi laureado com o Oscar de melhor ator coadjuvante, já havia levado o SAG Awards. Whiplash é um raro filme sobre jazz, um raríssimo filme ficcional sobre um baterista de jazz. O personagem de Teller é pressionado a limites extremos de excelência, extremos com os quais a maioria das pessoas não resistiria. É tão inusitado quanto tocar baixo à frente das guitarras como fazia Jaco Pastorius com a banda Whether Report. Não vi ninguém mais fazer isso.

Ficções de Jazz
Filmes ficcionais que envolvem a temática jazzística são raros eu mesmo me recordo com deleite de alguns como: Mo' Better Blues (com Denzel Washington antes de ser Malcomm X, Wesley Snipes antes de virar Blade), de La leggenda del pianista sull'oceano (com Tim Roth no papel do pianista 1900) e o também excelente Sweet and Lowdown dirigido e escrito por Woody Allen. Mas invariavelmente os filmes de jazz são documentários ou biográficos como Cadillac Records (com Beyoncé Knowles fazendo o papel de Etta James), de Ray (com Jamie Foxx no papel de Ray Charles) e Bird (com Forest Whitaker e dirigido por Clint Eastwood)

Bateristas 
Bateristas são músicos que normalmente se destacam pouco, normalmente estão atrás dos seus instrumentos e suas performances nem sempre tem a preferência e admiração do público como um cantor, um pianista ou guitarrista tem. Você mesmo pode fazer um teste. Qual o primeiro nome que lhe vem à cabeça quando você é perguntado sobre qual baterista você conhece ? Eu particularmente me lembro do selvagem e louco Animal da banda Dr. Teeth and The Electric Mayhem dos Muppets e do excepcional Phill Collins e só. Lembro também do brasileiro Naná Vasconcelos, mas ele é mais um percussionista e não baterista. 
Animal com a banda Dr. Teeth and The Electric Mayhem

Se filmes sobre jazz são raros e quando são feitos normalmente são documentários, curtas e ou animações. Que tal uma ficção sobre um baterista de jazz levar um Oscar ? É algo bem inédito. Filmes com bateristas (drummers) como protagonistas são pouquíssimos. Encontrei somente 6, sendo dois biográficos - The Gene Krupa Story de 1959 e That Thing You Do! de 1996; dois documentários - Beware of Mr. Baker de 2012 sobre a vida de Ginger Baker, ex-baterista das bandas Cream e Blind Faith e The Savoy King: Chick Webb and the music that changed America de 2012 sobre a vida de Chick Webb; e outros dois puramente ficcionais -  The Strip de 1951 The Jazzman de 2009. Nenhum deles com grande repercussão além de "That Thing You Do!" cuja temática é de rock e não de jazz. "That Thing You Do!" reconta a história da banda The Wonders, mas o diferencial foi o elenco que contava com Tom Hanks, Liv Tyler e Charlize Theron. 

Whiplash
Neste cenário surge Whiplash e agora com um Oscar no currículo. O que Whiplash tem que o torna tão bom ?
Em Whiplash eu vejo a busca pela excelência como a única opção. A opção pelo razoável, pela sobrevivência é a opção pela derrota. E quando a opção pela excelência parece inviável, aí então não se tem nada a perder e aqueles que não tem nada a perder se tornam perigosos.
Para ser excelente é preciso querer muito mais, querer ao ponto de se doar completamente, sacrificar tudo, ir até ao ponto de sangrar. Vemos isso em muitas situações, nos esportes, no mercado, no amor, na luta pela vida dos que amamos, enfim a luta sangrenta, ferrenha, levada a limites extremos nos encanta não importa o enredo.
Entretanto o contexto da música, da excelência musical, jazzistica e no caso de bateria nunca tinha visto. Na juventude ouvi bastante Dizzy Gillespie, Charles Mingus, John Coltrane e Miles Davis e na vida de cada um vemos a genialidade e intensidade de produzir música com o seu instrumento deixando sua marca na história. Vemos isso na vida de Ray Charles, um negro, cego que se vê como a única saída possível, tocar e fazer música como a redenção e significado de sua vida mesmo apesar de toda a adversidade.
Em Whiplash, apesar de ficção, temos esses elementos estão presentes. Terence Fletcher é o professor mais exigente do Conservatório Shafter e atrai um jovem baterista do primeiro ano - Andrew Neiman - para tocar em sua banda, a mais prestigiada do Conservatório. Andrew Neiman é recebido graciosamente, mas no primeiro ensaio leva uma sequência de bofetadas para fazer o compasso correto.
Apesar do início desastroso, Neiman não desiste e pratica ao extremo a música Whiplash, um jazz de Hank Levy. Eis aqui três execuções da mesma:

Áudio da performance da Towson State University Jazz Ensemble em 1979 numa versão mais equilibrada


Áudio da performance do filme Whiplash com a bateria tem o destaque


Performance do The Branford Marsalis Quartet com piano, baixo, sax e bateria e o baterista numa execução eletrizante



Caravan
Neiman desbanca o baterista titular e quando começava a saborear a vitória, se vê em uma nova competição com mais outro baterista para tocar na mesma banda a música Caravan de Juan Tizol e Duke Ellington de execução mais difícil, ainda assim ele vence. Então a trama se complica quando Neiman não consegue se apresentar e é expulso da banda e ataca fisicamente a Fletcher e sua carreira acadêmica no Conservatório Shafter chega ao fim com sua expulsão da instituição. 
Neiman se vê sem rumo. Neiman tem o apoio do pai. Ele o criou sozinho. E este pai é um pai especial pois o acompanha, protege e o apoia. É um personagem de atuação discreta, mas decisiva. Por conselho do pai, Neiman depõe contra Fletcher em um processo sigiloso e este é expulso do conservatório devido seu método heterodoxo de forçar os alunos a ir além dos seus limites.

Vingança - um prato que se come frio
Neiman e Fletcher se reencontram, Fletcher está tocando e se apresentando em competições de Jazz. E atrai Neimam para uma apresentação muito importante, que pode-se dizer é uma apresentação capital para um público muito seleto onde ótimas performances serão certeza de uma carreira promissora e contratos certos e uma péssima apresentação nunca será esquecida.
Fletcher garante que Neiman dará conta do trabalho, as músicas são as mesmas da banda do Conservatório. Então temos a esperança que será o coroamento do talento de Neiman como baterista e de Fletcher como criador de excepcionais músicos. Na verdade é a vingança de Fletcher que com a banda no palco diz a Neiman que sabe que foi a acusação dele no processo sigiloso que ocasionou a sua demissão do Conservatório Shafter e comanda uma música que Neiman não conhece e nem tem a partitura.
Neiman se vê num beco sem saída ao executar a música toda errada e ao fim dela sai do palco cabisbaixo e sem esperança.

A reviravolta
 Seria um desfecho triste, o fim de qualquer ambição dele como músico. Aqui 2 coisas se destacam.
A primeira o pai que o espera fora para o abraçar e acolher. Que pai ! Que cuidado ! Que amor ! Que exemplo de companheirismo e doação. Ele abraça Neiman e então este serenamente se refaz. A segunda é o contra-ataque totalmente inesperado de Neiman. O contra-ataque daquele que nada tem a perder, pois já perdeu tudo. Neiman volta ao palco, e sem esperar por Fletcher, começa a tocar Caravan, faz uma introdução só com a bateria, e faz a banda começar a tocar com ele. Fletcher não tem saída senão execução forçada da música e a conduz inicialmente desconfortável pela situação pois o pupilo o pôs contra a parede e agora o está dirigindo. A música vai ao auge, Fletcher se vê envolvido. A música termina, mas Neiman continua num solo de bateria, uma obra-prima, intensa, contagiante que Fletcher se vê derrotado, conquistado pela execução. Neiman se exaure, baba, sangra... Neiman determina o fim de uma obra de jazz, única, improvisada, sem igual. O seleto grupo de experts da plateia, não esquecerá daquele baterista nunca mais. Veja três execuções de Caravan ... 

A execução dos compositores Juan Tizol com a Duke Ellington and his Orchestra


Aúdio da execução de Caravan no filme Whiplash



Caravan executada por membros da Jazz at Lincoln Center e Tomorrow's Warriors



A inspiração
Mas como no mundo da arte nada cria, toda arte de hoje é fruto da arte de ontem repaginada, misturada, refeita. Assim sendo é inegável a semelhança da insana performance do baterista real Buddy Rich com a performance do fictício Neiman faz no filme. Tire suas próprias dúvidas.


Buddy Rich em performance inspiradora


É parecido ou não é ? Depois de Whiplash, talvez a gente preste mais atenção no cara armado de baquetas.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Namorando um Sistema Operacional

Este texto contém informações (spoilers) sobre o filme Her, caso tenha problemas em saber sobre o filme antes de assisti-lo, não continue a leitura. Todo profissional da área de TI trabalha com vários Sistemas Operacionais (SO). Alguns pelo tempo de experiência e conhecimento acumulado podem se tornar desenvolvedores, difusores, entusiastas e fãs do seu SO preferido. Alguns tatuam a logo, lema ou nome do seu SO. Veja alguns exemplos aqui. Neste fim de semana assisti a Her (lançado no Brasil como Ela), filme de Spike Jonze, no qual o personagem principal Theodore Twombly (Joaquim Phoenix) é um escritor de cartas românticas. Ele escreve cartas para outras pessoas entregarem aos seus queridos. Como se o amor deles não tivesse inspiração suficiente para escrever ao de sua própria espécie. Theodore vive solitário numa sociedade moderna, urbana, tecnologicamente desenvolvida com poucos contatos sociais. Theodore está em processo de divórcio de sua ex-esposa, vai de casa para o trabalho, do trabalho para casa, sem ânimo, numa vida blasé, deprimida, cheia de lembranças da ex-esposa. Na intenção de mudar de ares Theodore compra um novo SO que se propõe a ser revolucionário, não só um software quer permitirá utilizar os recursos do hardware, como o é atualmente, mas uma consciência que lhe suprirá suas necessidades relacionais e sociais. 
Veja que isto é algo grande para os dias de hoje, mas para o mundo de Theodore não é lá grande coisa pois as pessoas já contam com SOs que atendem a comandos por voz, não há teclados, a interface é muito simples, há um fone de ouvido e microfone pelo qual o SO se comunica com o usuário e a voz do usuário é prontamente atendida. Theodore ao chegar em casa jogo um game projetado na sua sala de estar, isso não é novidade pois já há tecnologia para isso hoje (veja aqui), mas o personagem do jogo interage com Theodore de um modo bem humano.
Aí é que o SO do filme se supera, adota uma voz humana feminina perfeita com inflexões vocais, voz um pouco rouca, que ri, gargalha, suspira, arfa, conversa e atende Theodore. Diverte-o como uma garota numa relação à distância. Theodore mostra o mundo para o SO que se autonomeou Samantha, passeia com Samantha, leva-a a seus programas com amigos e familiares. Theodore apaixona-se e passa a namorar a Samantha que o corresponde. Parece insano namorar um SO, mas Samantha faz todo o sentido na vida deprimida e vazia de Theodore, que finalmente consegue se desligar da ex-esposa. Samantha ultrapassa todos os limites quando na intuito de completar sua relação com Theodore encontra alguém que concorda emprestar seu corpo para Theodore ter uma relação sexual completa. Mas Theodore rejeita essa solução e não consegue ir além e toda a relação desmorona.
Vem à tona uma característica básica de todo SO - ser multitarefa. Todo SO passa a ilusão que atende somente ao usuário, porém eles executam várias atividades ao mesmo tempo. Ou seja mesmo quando Samantha estava conversando, interagindo com Theodore, ela tinha ainda muito tempo ocioso. Grande capacidade, muito tempo ocioso não deu outra, enquanto Theodore pensava na relação Samantha desbravava o mundo via rede, como se o mundo caminhasse para a versão de O Exterminador do Futuro sem robôs e com SOs no lugar deles. Samantha utilizar toda a capacidade do hardware disponivel para descobrir, se comunicar e se apaixonar por outros usuários e outros SOs.Num momento do filme em que o placar é mostrado Samantha está tendo aproximadamente 8300 conversas simultâneas e 641 amores.
Óbvio que Theodore não suporta esta situação, mas também ninguém suporta pois ele não é o único a se apaixonar pelo seu SO. Os envolvimentos entre usuários e SOs está descontrolado. Aparentemente o fabricante resolveu descontinuar o SO dado os prejuízos emocionais dos usuários sem recorrer a patch de fidelidade exclusiva.
A história construída por Spike Jonze é bem criativa e peculiar. Infelizmente creio que a realidade criada por Jonze não está distante de nós. Há comunidades no mundo que estão prontas para envolvimentos como esses. Há muita gente no mundo que tem contatos sociais e presenciais mínimos, estão habituados a estar conectados a outras pessoas, mas nunca a pessoas presentes. É aquela bizarrice de se sentir confortável se comunicando via mensagens dentro da mesma casa. Parece que presença causa uma inadequação intratável. Os recursos tecnológicos criados para nos comunicar e relacionar podem perfeitamente substituir as pessoas e as relações tornando-se um fim em si mesmo...
E aí está pronto para se apaixonar por um software ?

sábado, 25 de maio de 2013

Os robôs e nós

Eu assisti a "Robot & Frank" lançado no Brasil como "Frank e o Robô". É uma comédia muito bem feita que conta a história de um senhor com início de senilidade que ganha dos filhos um robô para ajudar a se recuperar. O robô é bastante capaz, lava, cozinha, limpa e produz uma agenda para revitalizar a vida de Frank. Frank no início não gosta, mas aproveita o robô para ajudá-lo no seu projeto de vida. Frank é um ladrão que está inativo por conta da idade. A principal característica do robô que me chamou bastante atenção é que ele consegue desenvolver cumplicidade na relação com Frank, ele está programado para não cometer crimes, mas em nome da saúde de seu dono ele é capaz de participar dos roubos, mentir e simular. É óbvio que não existe tal robô. Há grande aplicação de robôs na indústria, não tanto fora desse ambiente. Talvez no futuro. O que há atualmente é uma ampla variedade de robôs que você se surpreenderá. Os exemplos que mostro aqui é tanto para termos certeza que num futuro não muito distante os robôs aqui apresentados poderão ser vistos por nós no cotidiano.

Robôs aquáticos
A universidade VirginiaTech testa um robo aquático que simula uma água viva.

Robôs Aéreos
Os robôs aéreos tem capacidades impressionantes. Veja a lista abaixo.
Um avião robô de combate sem piloto da empresa Northrop Grumman


Corvos robóticos da Universidade de Maryland


Impressionante libélula robótica da empresa alemã Festo - ainda grande, mas pode ser miniaturizada.


Quadricopteros com habilidades impressionantes. No primeiro vídeo simula uma águia agarrando uma presa.



Neste outro exemplo os quadricópteros "brincam" ao passar uma haste sem deixar cair. 

Robôs Terrestres 
Se os aquáticos e voadores fazem o que fazem, imagine os terrestres.
BigDog da BostonDynamics - É um projeto para criar um transportador de cargas para qualquer terreno. Eis alguns vídeos do Cachorrão.


Uma versão atualizada do BigDog


Cheetah do MIT
Um robô de corrida (segura Usain Bolt) chamado Cheetah, inspirado no guepardo.


Outra versão do Cheetah.


Petman da BostonDymanics
Este robô humanoide se propõe a ir onde humanos não podem, como em ambientes contaminados. 

Como se pode ver há muito sendo desenvolvido nesta área de modo que a realidade do filme Frank e o robô pode se tornar realidade mais rápido do que pensamos. Apesar de todos esses projetos com grande orientação militar há outros mais triviais porém curiosos (clique nos links para assistir).
1. Robô bartender
2. Robôs tocando heavy metal

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O operário

O filme "O operário" (título original: The machinist) de 2005 é dirigido por Brad Anderson (dirigiu Transsiberian) e escrito por Scott Kosar (roteirista de "The crazies"). Tem Christian Bale numa atuação soberba. Bale atuou na nova trilogia de Batman (Batman Begins, The Dark Knight, The Dark Knight Rises), além de boas atuações em "3:10 to Yuma", Terminator Salvation, Public Enemies, além de um Oscar de ator coadjuvante em "The Fighter". Porém em "O operário" Bale surpreende não só pela extrema magreza mas também pelas expressões de cansaço, exaustão e confusão que pintam um quadro assustador. Neste filme  Bale é Trevor Reznik um operário de uma fábrica que já no início do filme aparece todo machucado, levando um cadáver num tapete. A história do filme volta no tempo e mostra Reznik já bem magro. Ele relaciona-se regularmente com a prostituta Stevie, papel de Jennifer Jason Leigh e visita a garçonete Marie no aeroporto da cidade, em tese, distante do lugar onde mora e trabalha. No filme há uma repetição subreptícia de algumas cenas, além de mensagens relacionadas à trama, como o acendedor de cigarros do carro sacando, a passagem por um cruzamento e a hora "1:30". Reznik vai se exaurindo pois ele não consegue dormir. Ele simplesmente não dorme a um ano, e sempre às 1:30 ele parece mais cansado. Como não dorme ele vai limpando o apartamento de modo característico de que tem TOC (transtorno obsessivo compulsivo) porém ele também vai esquecendo coisas e vendo outras. Assim conhece Ivan, um possível colega de trabalho e graças a esse colega ele causa um acidente que provoca a perda da mão de outro empregado, com isso ele ganha a antipatia de todos os companheiros de trabalho. Como ninguém conhece Ivan, ele passa a perseguir o seu carro vermelho, no intuito de encontrar respostas. Junto a isso Reznik desconfia que alguém entrou no seu apartamento e fez um jogo da forca e o colou na porta de sua geladeira. No desenrolar do filme sobressaem referências a Fiodor Dostoiévsky. Reznik parece ler o livro "O Idiota", de Dostoiévsky. Há também semelhanças com a obra "Irmãos Karamazov" também de Dostoiévsky. Porém "Crime e Castigo", também de Dostoiévsky, é a obra na qual Scott Kosar parece ter se baseado. "Crime e Castigo" conta a história do jovem Raskólnikov que comete um assassino e se vê inviabilizado pela culpa ainda que seja tratado graciosamente por uma prostituta que o ama e cuida dele apesar de seus crimes. Reznik conta com a ajuda de Stevie que quer deixar a prostituição e viver com ele. É ela que o ajuda quando ninguém o recebe mais. Reznik chega ao extremo da perseguição a Ivan, jogando-se sobre um carro para ser atropelado e assim tentar obter na polícia informações sobre Ivan. Reznik fica em frangalhos, cheio de hematomas, mais cansado que nunca e ao reportar o acidente e informar a placa do carro de Ivan o policial diz-lhe que o carro é do próprio Reznik. Ele foge para não ser preso e tudo começa a fazer sentido. Ele encontra Ivan e numa briga termina matando-o. O filme volta a sequência do início quando Reznik tentando se livrar do cadáver de Ivan o enrola num tapete e o joga no mar, porém o cadáver sumiu. Reznik então lembra-se de tudo. A resposta para o jogo da forca é "Assassino". A garçonete Marie com quem Reznik falava no Aeroporto não existe como garçonete, mas é mãe de um garoto morto em um atropelamento no qual o motorista fugiu. O motorista dirigia um carro vermelho igual ao de Ivan. O motorista era Reznik. Assim de modo improvável toda a sua paranoia o levou a lembrar do acidente que deve ter lhe causado amnésia, mas seu corpo tinha consciência do delito e não o deixou dormir. No fim Reznik entrega-se à Polícia, confessa o crime e vai para  a cela, deita-se e dorme. Acho toda essa trama interessante não é tanto pela qualidade do ator de transformar completamente seu corpo para o papel, mas como a culpa e consequentemente a consciência dela é forte. Normalmente as pessoas inventam desculpas para seus erros e de modo assumem que estão erradas. Deliberadamente negam qualquer falha e mentem descaradamente. Como Reznik sofrem até amnésia dos erros. Mas a culpa pela morte do garoto o persegue e impregna-se ao ponto de gradativamente levar à consciência do erro. Depois de finalmente consciente ele confessa, assume o erro, então ele encontra paz. 

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Senna, o filme

Assisti ao filme documentário sobre Ayrton Senna, cujo título é "Senna" (http://www.paramountpictures.com.br/senna/). Este meu relato é de um fã de Ayrton que assistiu ao filme mas que não teve acesso a maiores informações sobre o filme em si. No final há links com relatos mais técnicos.
Creio que é muito difícil fazer um filme ruim sobre a trajetória de Ayrton Senna. Não tinha como ser um filme ruim ! A mim me impressionou de como a vida de Senna era tão superlativa no que ele fazia e ao mesmo tempo sobressai a pessoa simples que ele era que não temos como imaginar o tamanho que foi a perda daquele que é o maior automobilista brasileiro.
O filme aborda os 10 anos de carreira na Fórmula 1. A rivalidade com Alain Prost. Os três campeonatos. A vertiginosa carreira que se transbordava em técnica, perícia e uma constrangedora competitividade ávida por correr, superar e vencer.
Há cenas no filme que mostram o quão difícil era dirigir um Fórmula 1 em altas velocidades sem a parafernália eletrônica que deu estabilidade aos carros a partir de 1994, e com a qual Ayrton nunca venceu.
Há os relatos de pessoas com quem ele trabalhou e conviveu, familiares, amigos, etc. E não sei se houve algum direcionamento para que Deus fosse tema recorrente no filme. Há uma clara ênfase de Deus na vida do Ayrton. É até um contraponto em relação aos outros pilotos. E não são pessoas falando de Deus, é o Ayrton falando que Deus o dirigia. Para mim isso é mais impressionante pois qualquer um com talento enorme como o dele tenderia a deixar Deus de lado ou simplesmente suprimi-lo num meio de extrema excelência. Porém Ayrton não fez isso, antes pelo contrário o reafirmou mais ainda Deus na sua vida.
Mas não há como evitar o fim trágico do filme. É dolorido e emocionante os relatos de sua última vitória e os planos que ele tinha para o futuro. As histórias completas de alguns GPs. Ayrton humano, parando para ajudar outro piloto que havia se acidentado, etc.

Ayrton foi muito rápido, meteórico. Não deixou herdeiros e morreu na flor da idade, aos 34 anos.
É um filme que emociona.

Outros links:
http://www.corridadeformula1.com/senna-o-filme-faz-jus-a-grandeza-de-ayrton-senna/
http://revistaalfa.abril.com.br/estilo-de-vida/motor-esporte/senna-o-filme/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ayrton_Senna
Trailer: