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domingo, 5 de fevereiro de 2023

A hora é agora de Trevin Wax

Eu recebi o livro do Trevin Wax - A hora é agora - de subtítulo "Mitos Cotidianos à Luz do Evangelho" em uma box da Box95 (não sei se continua em funcionamento).  Porém não o li logo, passou uns dois anos para finalmente lê-lo e apesar de um livro despretensioso tem seus méritos nas suas 246 páginas. Trevin Wax  é um teólogo relativamente jovem que aborda temáticas cotidianas como uso excessivo de celulares, casamento, sexo a questões mais universais como futuro, felicidade e sociedade. Os capítulos são concisos e vão ao ponto, tanto tomando dados e pesquisas mais recentes sobre os temas. Vou dar minha síntese do capítulo 1 - "O seu celular é um contador de mitos". Wax mesmo embasado por dados de outras autores coloca, talvez por questão editorial, o celular como ator quando sabemos na verdade que os usuários ainda que em estado de adicção (vício) são os atores no uso excessivo não somente de celulares, mas de equipamentos em geral e principalmente uso da internet, da qual os celulares são somente janelas pelas quais se acessa suas diferentes aplicações tais como redes sociais, sites de mídia e streaming, etc. Feito este disclaimer, os mitos apontados, excetuadas as situações de trabalho e educação, são válidos. Por vezes eu cheguei a pensar que tais comportamentos são mais recorrentes entre adolescentes, mas creio que em todas as faixas etárias haverá pessoas com o uso excessivo de gadgets em geral. Mas adolescentes tendem a ser mais suscetíveis por eles virem a ter acesso amplo a celulares ainda em tenra idade. Mas vamos aos mitos de maneira resumida.
Mito 1 - O uso excessivo de celulares lhe diz que "você é o centro do mundo". O usuário é quem controla, personaliza, interage, etc.
Mito 2 - O uso excessivo de celulares lhe diz que "você sabe sobre tudo". Conhecimento teórico e não vivência, experiência. O autor diferencia "conhecimento de" e "conhecimento sobre", pontuando que o "conhecimento sobre" não leva a sabedoria e sim a acúmulo de informações.
Mito 3 - O uso excessivo de celulares lhe diz que "você está certo". Este advém de os usuários obterem confirmação de reforço de grupos com posicionamentos e forma de pensar semelhantes.
Mito 4 - O uso excessivo de celulares lhe diz que "as pessoas precisam lhe conhecer". Quase uma derivação dos 3 anteriores.
O mito 4 lhe coloca no dilema decorrente da dupla sede. A dupla sede é o estado de se estar sedento e beber algo lhe deixa mais sedento. A dupla sede é o dilema de usuários serem levados a se exibirem, se mostrarem, se exporem em redes sociais porém temerem a exposição excessiva. Como que querendo mostrar somente o que lhe convém e não serem rejeitados por alguma particularidade de suas vidas.

O resumo dos mitos propalados pelo uso excessivo de celulares - excetuadas as situações de trabalho e educação - é uma constante lisonja digital.

A esses mitos e dilema, Wax aponta algumas saídas e uso saudável (Práticas). 

Saída 1 -  Ao silenciar celulares e demais telas - caso seja possível - lhe proporcionará inicialmente um desconforto porém com o tempo você poderá perceber um senso de pequenez - será gritantemente ignorado pela realidade. Que está num mundo gigante e que você é bem pequeno. Será o contrário da lisonja. E novamente a menção a celulares e demais equipamentos se estende a internet pois os equipamentos são somente meios de se acessá-la.

Saída 2 - O Evangelho de Cristo nos liberta da necessidade de controlar a nossa reputação online o tempo todo. O tempo excessivo gasto em celulares nos impede de fazer as perguntas difíceis e olhar profundamente para nossas almas e lidar com o nosso pecado.

Saída 3 - O Evangelho de Cristo reconhece os nossos anseios de conhecer e ser conhecido e expõe a mentira de que a lisonja digital pode resolver esses anseios.

Prática 1 - Separar tempo e espaços para desligar totalmente as telas e você se dedicar a outros projetos e atividades. E assim estar de mente completa (mindfullness - atenção completa) nestas atividades e na relação com outras pessoas.

Prática 2 - Selecionar pessoas que lhe ajudarão a amar a Cristo e sua Igreja.

Prática 3 - Procurar ouvir vozes discordantes de sua opinião a fim de desenvolver tolerância e empatia.

Se você gostou da abordagem, saiba que o livro tem 8 capítulos cada um abordando outros temas. Mas para mim este resumo já foi suficiente.

O livro está a venda no site da Pilgrim nas versões em audiobook e ebook.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

O abraço

Eu podia resumir e dizer: "Abrace !" Abrace quem você ama e abrace bem. Depois de alguns abraços a pessoa abraçada poderia achar estranho o apego inesperado e você mesmo depois do terceiro veria que é "só um abraço". Sempre poderá ser só um abraço.

Mas há abraços e abraços. Há momentos entretanto que acontece "O Abraço". Em geral quando há muita tensão, questões não resolvidas, situações ansiadas. Quando acontecem esses momentos por uma estreiteza emocional, seja por ser muito jovem ou por simplesmente não saber lidar com aquele misto de emoções, as reações tendem a ser as mais variadas indo do riso ao choro passando até pelo completo atordoamento por variações bruscas de pressão.

 Bem sem exemplos fica difícil visualizar não é ? Então vamos a alguns exemplos ... 

Exemplo 1 - Este exemplo viralizou, foi espontâneo, impactante e muito fofo.

Exemplo 2 - Este foi contagiante... e todo mundo ficou emocionado.

O exemplo de decepções amorosas eu vou deixar de forma. Seria o "não abraço". Este último (quando não há correspondência entre as partes) são profundamente marcantes. São muito poderosos e há toneladas de poemas, livros, músicas e atos extremos decorrentes deles. Um momento desses pode transformar para sempre uma pessoa, a dor da rejeição, não saber lidar com o misto de emoções deixa a pessoa refratária a outros relacionamentos. Por uma traço estranho da personalidade humana esses momentos de decepção tendem a ser muito mais marcantes do que momentos bons, principalmente se referentes a nossas relações não parentais ou familiares. Mas não é disso que eu quero falar.

As relações familiares e parentais e as relações com amigos são as que rendem os melhores e mais marcantes abraços, pois são abraços comuns (em geral é possível abraçar familiares e amigos com frequência). E quando não são tão comuns adiciona-se saudade ao abraço que é uma felicidade adicional.

Não posso deixar de mencionar que C. S. Lewis em seu livro "O peso da glória", que é uma coletânea de artigos, tem um artigo homônimo em que ele tenta descrever a glória do cristão em comparação às promessas paradisíacas de diferentes religiões. Você pode pensar que a promessa aos cristãos é o paraíso, lugar de prazer e abundância, onde não haverá dor ou choro. C. S. Lewis ressalta que estas promessas não menores em relação à suprema promessa, que é ser reconhecido por Deus e ser abraçado por ele como filho amado no qual Deus Pai se deleita, da mesma forma como foi testemunhado a respeito de Jesus Cristo. Sim, para C. S. Lewis a maior promessa cristã é Deus acertar, reconhecer e orgulhar-se do cristão da mesma forma como quando um pai aceita, reconhece e se orgulha de uma criança filha sua.

 

Pois bem, creio que vi semelhança entre este momento divino de reconhecimento representado em um abraço entre duas pessoas comuns. Veja bem não é a mesma coisa, eu vi somente uma linda semelhança. A representação veio no filme Unforgiveble (2021). Os roteiristas Peter Craig, Hillary Seitz e Courtenay Miles conseguiram o feito ao esconder na trama do filme o momento em que uma condenada por assassinato de policial busca rever a irmã após ficar 20 anos na cadeia. Para realidade americana, um condenado em um caso de assassinato de policial ter sido sentenciado a 20 anos de cadeia é uma raridade, normalmente é condenação é de morte ou de prisão perpétua. Mas por atenuantes neste filme específico a protagonista foi libertada em condicional. Sandra Bullock faz o papel de Ruth Slater, órfã que criou a irmã (igualmente órfã) de 5 anos, quando o assassinato ocorre e suas vidas são mudadas. Ruth é presa e condenada. Katherine é encaminhada para sistema de adoção e não tem mais nenhum contato com Ruth. 

Após 20 anos de cadeia, Ruth tem um recomeço difícil em liberdade condicional e inicia uma luta para rever a irmã. Ruth tem uma rotina difícil para trabalhar e se manter. Apesar de todas as dificuldades, Ruth ainda sofre com a perseguição dos filhos do policial morto.

Para chegar ao dito abraço, "o abraço", e não dar muitos spoilers, então no final do filme - Katherine - irmã de Ruth (agora com mais de 25 anos, da qual foi separada aos 5 anos e que não teve mais nenhum contato com ela) é levada a ficar em no mesmo espaço aberto em que Ruth está. Katherine a vê, e sem que ninguém diga nada, Katherine se dirige a Ruth... numa cena tocante mas sem exageros, Katherine a reconhece e espontaneamente caminha até ela e a abraça com um abraço do tipo que desmonta, que desestabiliza e que realiza. Este momento é um plot twist sem igual. É a coroação de um esforço gigantesco de Ruth para ter um mínimo de vida que havia perdido.  

Ao ver o abraço final em Unforgivable, eu só pude ir abraçar os meus e lembrar que nossa vocação maior que é: um dia que não sabemos quando, mesmo em meio a lutas que podem nos destruir e esmagar, e  apesar de nossos erros e falhas, ansiamos, pelos méritos do sacrifício de Jesus, ser vistos por Deus e ser abraçados por ele como filhos amados nos quais ele se apraz.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Um lindo dia na vizinhança aka "A beutiful day in the neighborhood"

Eu assisti a "Um lindo dia na vizinhança" (título original: A beautiful day in the neighborhood) sem ler nenhuma sinopse e a mim parecia ser um filme bem mamão com açúcar. Porém descobri que o filme é baseado em fatos reais. E me chamou muito atenção o personagem Fred Rogers representado por Tom Hanks. Fui especialmente surpreendido pelo Sr Fred Rogers que existiu de verdade. Sr Rogers ou Mr. Rogers como era conhecido nasceu em 1928 e faleceu aos 74 anos em 2003 devido a um câncer de estômago. 
No filme Mr Rogers me surpreende por coisas simples:
1. Disciplina - Mesmo sendo uma celebridade, ele segue uma rotina que permitia trabalhar, exercitar-se e manter relações pessoais plenas.
2. Mindfulness (atenção completa) - Ao falar com as pessoas Mr Rogers sempre se dirigia total e completamente a elas, dialogando, olhando no olhos e falando pausamente, não havia alterações mesmo quando ele era confrontado e as pessoas discordavam dele.
3. Sempre perguntava o nome, telefone das pessoas, marcava compromissos e cumpria os horários mesmo que sejam compromissos de tempo muito curto. Além disso, Mr Rogers sempre informava que ia orar pela pessoa e parecia sinceramente comprometido com essa tarefa.
4. Meditava, lia a Bíblia e orava por sua lista de pessoas e objetivos e também fazia natação diariamente.

Parece algo bem trivial não ? Eu me admiro dessas práticas porque eu creio que elas sejam boas e eu mesmo não consigo executá-las de modo contínuo e dedicado como o Mr Rogers. Nele parecia ser tudo muito natural.

O filme conta a história do jornalista, casado e pai de uma criança pequena chamando de Lloyd Vogel, representado por Matthew Rhys. O personagem Lloyd Vogel representa o jornalista Tom Junod. Lloyd Vogel (Tom Junod) foi escalado pela Esquire para fazer o perfil do Fred Rogers. A revista queria contar a história dos heróis americanos e começaria por Fred Rogers. Vogel era um jornalista especialmente conhecido pelo seu amargor nos seus artigos e por mais virtudes que Mr Rogers tivesse ele iria escavar todos os defeitos e retirar todos os esqueletos do guarda-roupa. 

Entretanto o filme tem um plot twist. Lloyd Vogel tem um grande problema familiar, ele tem sérios problemas de relacionamento com o seu pai, que está doente de uma doença fatal. Durante as entrevistas com Mr Rogers, este além de falar de si, do seu trabalho, apresentar sua esposa, ele também se propõe a entrar na vida Vogel, interessando-se por sua história, conflitos, problemas no casamento ao ponto de Vogel sucumbir, baixar a guarda, reconciliar-se com seu pai e mudar sua vida. 

Óbvio que depois de um milagre desses o artigo da Esquire ficou soberbo. Para ler o artigo de Junod sobre Mr Rogers clique aqui (em inglês)

Achei excelente o filme e pesquisei mais sobre Mr Rogers. Descobri que:
  • a) Ele teve 2 filhos (que não aparecem no filme);
  • b) Que ele era ministro presbiteriano;
  • c) Era primo de Tom Hanks;
  • d) Era compositor, pianista, cantor, escritor, roteirista e titereiro de mão cheia;
  • e) Seu principal programa o Mr Rogers' Neighborhood ou simplesmente Neighborhood ficou de 1968 a 2001 (interrompido entre 1974 e 1979) sendo veiculado e depois de 2001 repetido pela PBS até 2016.
  • f) Fred Rogers respondeu pessoalmente todas as cartas enviadas a ele pelos espectadores. E quando o volume aumentou ele descolou duas pessoas para uma equipe que respondia a todas as cartas, mas ele pessoalmente leu e assinou cada uma delas.
 
O programa Neighborhood de Mr Rogers era sem igual pois atingia o público pré-escolar e tratava de temas que nenhum outro programa jamais tratou de modo tão direcionado e contínuo. O programa enfatizava as necessidades sociais e emocionais de crianças pequenas. Enquanto Vila Sésamo se concentrou nas habilidades de preparação para a escola, o Neighboorhood se concentrava no desenvolvimento da psique e dos sentimentos da criança e no senso de raciocínio moral e ético. Segundo o Washington Post, Rogers ensinou crianças pequenas sobre "civilidade, tolerância, compartilhamento e autoestima em um tom tranquilizador". Isso tudo em uma cadência pausada que para os tempos de hoje beirava o tédio, mas que era perfeita para seu público. Ele abordou tópicos difíceis, como a morte de um animal de estimação em família, a rivalidade entre irmãos, a adição de um recém-nascido em uma família, a mudança e a matrícula em uma nova escola e o divórcio.


Links e referências:
Artigo da Esquire - Can you say... a hero ? - https://www.esquire.com/entertainment/tv/a27134/can-you-say-hero-esq1198/

Artigo da Hollywood Reporter sobre o filme comparando atores e personagens - https://www.hollywoodreporter.com/lists/beautiful-day-neighborhood-true-story-how-accurate-are-characters-1258012/item/abd-maryann-plunkett-1258022

Artigo da Wikipedia sobre Fred Rogers - https://pt.wikipedia.org/wiki/Fred_Rogers
 

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Ateus avisam: o declínio do Cristianismo está prejudicando a sociedade


Texto originalmente publicado em inglês no site da LifeSiteNews neste link  por Jonathon Van Maren

Achei muito interessante o texto e o publico traduzido para o português.

4 de novembro de 2019 - Apenas alguns anos atrás, o movimento agressivo “Novo Ateísmo” estava em marcha, com lutadores retóricos como Christopher Hitchens e biólogos renomados como Richard Dawkins liderando a acusação contra a religião e os últimos vestígios da fé cristã no Ocidente. A Hitchens em sua famosa frase declarou , "A religião envenena tudo" e só poderia ser considerada, na melhor das hipóteses, a "primeira e pior" tentativa da humanidade de resolver questões existenciais. Se essas superstições cobertas de teias de aranha pudessem ser destruídas pelos ventos refrescantes da razão e do Iluminismo, uma sociedade fundamentalmente melhor surgiria das cinzas - ou assim foi o que ele pensou.

Mas, à medida que o Cristianismo se desvanece cada vez mais no espelho retrovisor de nossa civilização, muitos ateus inteligentes estão começando a perceber que o Iluminismo pode ter alcançado sucesso apenas porque exerceu influência sobre a cultura cristã. Em uma sociedade verdadeiramente secular, na qual homens e mulheres vivem suas vidas sob céus vazios e esperam ser reciclados, em vez de ressuscitados, não há fundamento moral sólido para o bem e o mal. Antiteístas como Christopher Hitchens zombavam e insultavam a ideia de que a humanidade precisava de Deus para saber o que é certo ou errado, mas mal passamos duas gerações de nossa Grande Secularização e nem mais distinguimos o homem da mulher.


Seria interessante saber como o falecido Hitchens teria reagido às insanidades que proliferaram desde sua morte e se ele perceberia, como alguns de seus amigos igualmente sem Deus, que não é necessário achar o cristianismo crível para perceber que é necessário. Douglas Murray, que ocasionalmente se intitulou "ateu cristão", discutiu publicamente com o colega de Hitchens, "Cavaleiro do Apocalipse" Sam Harris, sobre se uma sociedade baseada nos valores do Iluminismo é possível sem o Cristianismo. Harris espera que essa sociedade seja possível. Murray é simpático, mas cético.

Murray admitiu cada vez mais que ele acredita que o projeto ateu é um projeto sem esperança. Quando ele se juntou a mim no meu programa recentemente para discutir seu último livro "The Madness of Crowds", ele reiterou que acredita que, na ausência da capacidade dos secularistas de elaborar a ética em questões fundamentais, como a santidade da vida. Podemos ser forçados a reconhecer que voltar à fé é a melhor opção disponível para nós. Há uma possibilidade muito real, observou ele, de que nosso conceito moderno de direitos humanos, baseado em valores judaico-cristãos, possa muito bem sobreviver ao cristianismo por apenas alguns anos. Isolada da fonte, nossa concepção de direitos humanos pode murchar e morrer muito rapidamente, deixando-nos nos remexendo em uma escuridão espessa e impenetrável. 

Sem os fundamentos cristãos de nossa sociedade, cabe a nós decidir o que é certo e errado e, como ilustram claramente nossas guerras culturais atuais, nossa civilização se despedaçará antes de recuperar o consenso. Muitos ateus otimistas acreditavam recentemente que, uma vez que Deus fosse destronado e banido, poderíamos finalmente viver como adultos e continuar o projeto utópico de criar uma sociedade baseada na fé em nós mesmos. Infelizmente, esses céticos eram céticos em relação a tudo, exceto à bondade da humanidade, apesar de não terem base metafísica ou mesmo darwiniana para essa suposição facilmente reprovável. A popularidade fenomenal de Jordan Peterson é parcialmente baseada em seu reconhecimento de que as pessoas geralmente não são boas e o século passado prova isso com o sangue de milhões.

É o abjeto fracasso desta tese que está levando alguns ateus proeminentes a admitir relutantemente que talvez o Cristianismo fosse mais necessário do que eles pensavam. Em 2015, Richard Dawkins (autor de "Deus um delírio") argumentou que as crianças precisavam ser protegidas das visões religiosas de seus pais e fez uma série de comentários alarmantes sobre os direitos dos pais de educar seus filhos nos princípios de sua fé religiosa. Em 2018, no entanto, Dawkins estava avisando que a "religião cristã benigna" poderia ser substituída por algo decididamente menos benigno e que talvez devêssemos dar um passo para trás para discutir o que poderia acontecer se os secularistas evangélicos tivessem sucesso em destruir ou banir o Cristianismo. Outros ateus e agnósticos, de Bill Maher a Ayaan Hirsi Ali, ecoaram os sentimentos de Dawkins. Essa é uma mudança radical em apenas alguns anos - e o fato de os ateus estarem soando o alarme deve ser um aviso aos cristãos sobre as consequências de nossa secularização em curso.

Dawkins saiu agora e repudiou sua crença anterior de que o Cristianismo deveria ser banido da sociedade ainda mais firmemente. De fato, ele disse ao Times, acabar com a religião - uma vez seu objetivo fervoroso - seria uma péssima ideia, porque "daria às pessoas uma licença para fazer coisas realmente ruins". Apesar do fato de Dawkins argumentar há muito tempo que o Deus da Bíblia, como ser essencial para base da moralidade, é uma ideia ridícula e ofensiva, ele parece estar voltando atrás. "As pessoas podem se sentir livres para fazer coisas ruins porque sentem que Deus não as observa mais", disse ele, citando o exemplo das câmeras de segurança como um impedimento para furtos em lojas. É de se perguntar se ele ouviu Douglas Murray lembrar às pessoas que os soviéticos assassinaram milhões na firme convicção de que não havia um juiz esperando por eles quando o assassinato terminou.

Dawkins discute essas ideias ainda mais em seu livro mais recente, Outgrowing God (algo como Superando Deus). "Irracional ou não, infelizmente, parece plausível que, se alguém acredita sinceramente que Deus está observando todos os seus movimentos, é mais provável que ele seja bom", confessou, relutante. “Devo dizer que odeio essa ideia. Eu quero acreditar que os humanos são melhores que isso. Eu gostaria de acreditar que sou honesto se alguém está assistindo ou não. ”Embora essa percepção não seja uma razão suficientemente boa para ele acreditar em Deus, diz Dawkins, ele agora percebe que a afirmação da existência de Deus beneficia a sociedade. Por exemplo, Dawkins admitiu: "Isso pode reduzir o crime".

A conversão de Dawkins à crença de que o Cristianismo é bom - e talvez até necessário - para que a civilização ocidental funcione em harmonia não deixa nada a desejar. Dawkins tem sido um dos fundamentalistas mais intolerantes do secularismo, um homem que acreditava que os pais deveriam ter o direito de transmitir sua fé e que o governo deveria apoiar ativamente os ímpios sobre os fiéis. Em poucos anos, ele está mudando de ideia. Parece que os seres humanos reconhecem que não se pode confiar automaticamente em ser bom e operar no espírito de harmonia e solidariedade que ele e seus colegas novos ateus prezam. E, na ausência da bondade inerente à humanidade, como podemos contar com as pessoas para não destruir uma civilização construída por homens e mulheres de fé?

A resposta é simples: precisamos de Deus.


Links:
Texto original:  https://www.lifesitenews.com/blogs/atheists-sound-the-alarm-decline-of-christianity-is-seriously-hurting-society
Twitter do autor: https://twitter.com/JVanMaren
Christopher Hitchens e seus amigos cristãos:  https://thebridgehead.ca/2019/05/23/christopher-hitchens-and-his-christian-friends/ 
Douglas Murray apresenta seu livro no The Van Maren Show: https://thebridgehead.ca/2019/09/26/the-van-maren-show-episode-35-douglas-murray-on-the-madness-of-crowds/
Livro "Madness of Crowds" de Douglas Murray
Livro "Deus um delírio" de Richard Dawkins
Dawkins afirma que as crianças precisam ser protegidas da religião: https://www.lifesitenews.com/news/richard-dawkins-the-government-needs-to-protect-children-from-religion-and
Dawkins avisa sobre o Cristianismo benigno: https://www.lifesitenews.com/blogs/why-islams-rise-has-caused-worlds-leading-atheists-to-urge-west-not-to-aban
Dawkins fala ao The Times: https://www.thetimes.co.uk/article/ending-religion-is-a-bad-idea-says-richard-dawkins-sqqdbmcpq
Livro "Outgrowing God" de Richard Dawkins

quarta-feira, 17 de julho de 2013

"A morte da razão" de Ravi Zacharias, a resposta que Sam Harris precisa saber


Como prometido li o livro "A morte da razão" de Ravi Zacharias. Apesar de curto o livro vai ao ponto correto, respondendo as múltiplas acusações de Sam Harris em "Carta a uma nação cristã". Depois lê-lo entendemos como verdade que "Harris repete mentiras bem alto para parecem verdades". Esta frase de Ravi Zacharias resume bem os ditos de Harris depois de desconstruídos pela sua  argumentação.
Zacharias aponta sua experiência de vida e seus estudos na Universidade de Cambridge para legitimar suas respostas às críticas de Harris. Zacharias é indiano, porém apesar de indiano veio a se tornar ateu. Zacharias pensava com horror nas razões que levam muitas pessoas a acreditar em Deus, pensamento similar ao de Harris, porém Zacharias jamais adotou a mesma postura de insulto que Sam Harris, Richard Dawkins, Christopher Hitchens e Daniel Dennett. Esta postura insolente é inaceitável já que pessoas que creem em Deus trabalham arduamente e também contribuem para um mundo melhor. O ateísmo de Zacharias, porém o lançou num vazio existencial profundo, culminando numa tentativa frustrada de suicídio. No leito de hospital, debatendo-se para viver, Zacharias foi apresentado ao Evangelho e tudo passou a fazer sentido para ele.
Zacharias ressalta que ateístas como Harris são muito mais calorosos nas suas declarações do que esclarecedores. Há muito mais de reação irada do que conhecimento.

4 temas principais
Zacharias inicia a discussão tentando responder acerca de 4 temas principais: a origem, o sentido, a moralidade e a esperança. As respostas a estes 4 temas devem ser verdadeiras, coerentes e dependentes entre si. Cada tema sempre depende do anterior para ser verdadeiro.
Quanto à origem: Zacharias argumenta que cientificamente é estabelecido que o "nada não pode produzir algo". Logo os ateus assumem a premissa (podemos chamar de dogma ? ) que o Universo simplesmente existe. Simplesmente aconteceu sem propósito algum, tudo aleatório. Se o mundo é totalmente ao acaso, então a probabilidade que a matéria original viesse a formar a vida humana é calculável, o problema é que são números tão ínfimos que é difícil escrevê-los e imaginá-los. A probabilidade calculada para que o Universo tenha adquirido uma forma apropriada para a vida é de 10 elevado a -133. A probabilidade de que as 2000 enzimas existentes se formassem acidentalmente de aminoácidos de qualquer parte do nosso planeta é de 10 a -40000. Zacharias brinca que são a estes números incrivelmente pequenos que Sam Harris atribui a existência de tudo. Ou seja é preciso ter muita fé para crer que o Universo criado ao acaso fosse viável. É um exercício de fé maior do que crer que Deus criou o Universo. Como os ateus se coçam quando se diz que eles tem muita fé, eles procuram outras explicações. O famoso cosmólogo Carl Sagan (1934-1996) cogitava que algum alien seria capaz de explicar nossa existência e por isso criou o programa SETI@Home de busca por vida extraterrestre. Para a maioria dos ateus a existência de qualquer entidade é mais razoável do que a existência de Deus.
Quanto ao sentido: Se nossa origem foi acidental logo nossa existência não tem significado nem propósito superior. Harris direciona seu argumento afirmando que a falta de sentido da vida é a existência do sofrimento e que Deus (no qual ele não crê) é um sádico. Zacharias sustenta junto com outros pensadores como G. K. Chesterton que "a falta de sentido não resulta de se estar cansado de sofrimento, mas de se estar cansado de prazer". Usando a lógica de Harris - estamos convictos de que estamos sós no Universo e nossa vida (alegrias e tristezas) não tem impacto sobre ninguém, assim até o prazer nos deixa vazios. Zacharias analisa a vida de Oscar Wilde e Michel Foucault que levaram a vidas hedonistas mas solitárias e vazias, outros como Voltaire, Nietzche e Sartre são sinceros em confessar a falta de sentido num mundo ateu levando muitos ateus a não suportar o tédio da vida.
Quanto à moralidade: Harris no seu livro diz que não há ordem moral no mundo pois há muitas torturas, assassinatos e estupros. Ele põe a culpa em Deus pelos furacões, genocídios, nazismo, etc. Aqui a regra da reciprocidade é bem forte, pois ordem moral implica em autoridade moral e se não há Deus, quem estabeleceu ordem moral para julgar ? Harris ? Dawkins ? Qualquer outro homem não teria autoridade moral para estabelecer uma ordem moral. Neste tópico Harris é especialmente mordaz e errôneo ao atribuir ao Cristianismo as piores atrocidades da História, mas não ignora que nestes eventos reconhecidos ateus e sociopatas foram protagonistas, gente como Stalin, Pol Pot e Adolf Eichmann. O fundamento do Holocausto foi um princípio ateu - A sobrevivência do mais apto. Toda argumentação de Harris se desfaz pois não é possível reconhecer o bem e o mal se não houver um legislador moral. O homem que moraliza pressupõe valor intrínseco em si e transfere valor intrínseco para a vida de outro e assim considera a vida digna de proteção. Num mundo sem Deus onde só existe matéria não há valor intrínseco. Zacharias rechaça outras acusações de Harris neste tópico, mas não vou mencioná-las para me alongar muito. Ele responde às seguintes acusações de que Deus mata inocentes; de que Deus tem prazer no sofrimento; de que Deus é o mais produtivo fazedor de abortos; a razão da dor; livre-arbítrio sem sofrimento; direito moral divino e humano; resistência humana à ordem moral divina; a inclinação humana para o mal e como os ateus não conseguem explicar o amor. Por fim Zacharias aborda que a Europa Ocidental não é tão superior aos EUA. Os europeus ocidentais também tem problemas que foram desconsiderados nas análises de Harris.
Quanto à esperança: Com o ateísmo não há esperança. Os ateus não tem resposta quando o desespero bate a porta de suas vidas. Zacharias reforça a necessidade de fé ao afirmar que: "Deus pôs neste mundo o suficiente para tornar a fé nele uma coisa bem razoável. Mas deixou de fora o suficiente a fim de que viver tão somente pela razão pura fosse impossível". A criminalidade e ódio existentes em comunidades religiosas não são consequências da fé e sim de profunda desigualdade social, falta de educação, saúde e emprego. Ao contrário do ódio ostentado por estes grupos a mensagem de Jesus foi de esperança fundada numa relação com Deus que respeita corpo e alma.

Demais argumentações
Zacharias segue argumentando de modo específico a cada ponto levantado por Harris e apresenta as seguintes refutações:
Aposta de Pascal. O filósofo e matemático francês Blaise Pascal estipulou duas provas: uma empírica (baseada na investigação da vida e obra de Jesus) e outra existencial (que se baseia na experiência pessoal). Pascal afirma que o cristão serve a Deus por qualquer uma dessas formas seja crendo na obra de Jesus, seja vivendo com a bênção de Deus. Ao ateu como não crê na obra de Cristo resta a prova existencial. Pascal afirmava que se fosse ateu a prova existencial o satisfaria suficientemente.
Prazeres efêmeros ou justiça definitiva. Analisa a influência da religião no mundo e considera esta influência positiva, pois sem sistema moral, o prazer é um caminho certo para a falência social.
O Cristo das Escrituras. Responde a várias acusações de Harris contra as afirmações das Escrituras acerca de Jesus.
A natureza da profecia. Responde a acusação de Mateus 27:9-10, provando que o texto está correto.
Deus em julgamento pelas evidências de sua existência. Apresenta inconsistências do budismo e jainismo exaltados por Harris, bem como a influência de Cristianismo em Gandhi.
A moralidade dos 10 mandamentos. Desconstrói o argumento de Harris de que os 10 mandamentos tem uma moralidade rasa e errônea.
O Cristianismo e a escravidão. Responde às acusações de que o Cristianismo favorecia a escravidão.
O método de Jesus para transformar os corações. Mostra como Jesus trabalhou para mudar o coração das pessoas indicando o amor e não a imposição como forma de transformação.
Engenharia genética e a alma. Trata acerca do valor da vida no sentido de rebater as controvérsias de Harris sobre a alma de fetos.
O aborto e o valor moral da vida humana. Responde resumidamente com base na visão cristã sobre aborto e uso de células-tronco.
Os perigos morais da clonagem. Zacharias alerta que o uso da engenharia genética para a clonagem humana foi rechaçada pela maioria dos grupos e governos (só a Grã-Bretanha permite irrestritamente), não sendo esta posição exclusividade dos religiosos.
A verdade: A maior e melhor arma. A partir da frase do físico russo Andrei Sakharov de que a verdade é a arma mais poderosa do mundo explica que se Deus existe então a destruição da vida de uma pessoa não é o fim dessa vida, então a verdade é arma mais poderosa do mundo.
Um argumento a favor da existência de Deus. Este trecho é mais longo mas reafirma postulados do início do livro, tais como: "Nenhum ente físico explica a sua própria existência" e que a forma do Universo demonstra inteligência e a singularidade de Jesus na história.

Religião e secularismo radical. Defende que o Deus da Bíblia é diferente do Deus do Alcorão, bem como mundo cristão é tolerante e voltado para a comunhão e relacionamento ao contrário do mundo islâmico.
Unidade verdadeira na diversidade. Estabelece que o cristianismo vê a unidade na diversidade no tempo, nas outras pessoas e nele mesmo, estando este simbolismo presente na eucaristia.
A postura moral de um menino. Por fim relata a história de um garoto de 11 anos (Roger Holloway) que lutou incessantemente por dar um sepultamento digno para sua irmã natimorta que seria "descartada". A luta do garoto teve repercussão ampla no mundo. Zacharias diz ter esperança pois os valores e corações como o desde menino é que podem nos levar a um mundo melhor.

Foi o que consegui sintetizar.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Alma sobrevivente

Eu já tinha lido a muito tempo atrás um livro do Philip Yancey (Decepcionado com Deus) e não há dúvida acerca do grande talento como escritor que ele tem e mais como observador cristão para perceber o que está além do aparente. Pois bem neste livro Yancey apresenta 13 pessoas que o ajudaram a melhorar como cristão. Estas 13 personalidades de diferentes países, credos, tempos e atuações mostraram facetas comuns e marcantes de modo que o livro vale a pena ser lido.
As personalidades são: Martin Luther King Jr, Ghandi, Tolstoi, Dostoievski, Henri Nouwen, Chesterton, John Donne, Shusaku Endo, Paul Brand, Annie Dillard, C. Everett Koop e Frederick Buechner. Alguns conhecidos outros nem tanto, mas cada um fez ou deixou um legado que marcou Yancey, mostrando-lhe que a Igreja erra ao seguir cegamente a algumas regras. E quão eivada de erros está a Igreja quando prefere seguir cegamente a regras e não a essência do Cristianismo (que é amar como Cristo amou). Seja a igreja do passado, seja a Igreja que Yancey frequentou, sejam as Igrejas locais (próximas a cada um de nós), sempre há falhas, afinal é uma instituição humana. Estas personalidades mesmo com erros pessoais mostraram para Yancey que o amor de Jesus vai além da nossa mente pequena.
Yancey destaca que eles fizeram coisas extraordinárias, sem porém poupar os defeitos de cada um. Martin Luther King reconhecido mundialmente pela luta contra a desigualdade racial nos EUA, teve alguns casos extraconjugais. Para muitos cristãos o escorregão moral invalida e desqualifica o movimento firme contra o estorvo da desigualdade, vencendo depois de muita luta, sangue e mortes. Sendo perseguido implacavelmente, ficando em risco junto com sua família, mas não recuando e nunca revidando.
Gandhi, segundo o livro, foi outro gigante que mesmo hindu, importou os conceitos de não violência do Cristianismo e mesmo não sendo cristão substituia contingentes armados para pacificar regiões da Índia em guerra civil pela independência.
Cada um dos outros são abordados no serviço em favor dos outros como o Dr. Paul Brand, médico das comunidades leprosas da Índia, que poderia ter a riqueza e reconhecimento em qualquer grande capital do mundo, porém optou por ficar com os leprosos da Índia, pessoas que sofriam um preconceito extremo por parte de seus conterrâneos, mas encontraram naquele médico alguém que cuidou deles, que simplesmente os tocou, algo surreal para aquela comunidade.
Cada um desses personagens contribui de maneira determinante para a confirmação de que o Cristianismo é muito mais do que as regras e tradições de nossas comunidades, regras por vezes nada bíblicas e cheias de preconceito e legalismo. Deus porém "amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna" (Jo. 3:16).