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sexta-feira, 7 de maio de 2021

Einstein, sua vida, seu universo (parte 2)

A visão econômica de Einstein.

O livro descreve Einstein como um social democrata, por vezes rejeitando uma vida de ostentação, rejeitando também o modo de vida burguês (principalmente nos anos difíceis de início de carreira). Einstein passou por duas guerras mundiais. A primeira ele vivia na Alemanha. Sua vida profissional foi bem variada de 1901 até 1935 quando fixou-se em Princeton (EUA). Ele ficou no Escritório de Patentes de 1901 a 1908. Então rodou pela Universidade de Berna, Universidade de Zurique, Universidade de Praga, voltou para Zurique (Instituto Federal de Tecnologia de Zurique) e em 1914 foi para Berlim onde se tornou diretor do Instituto Kaiser Guilherme de Física (1914-1932) e professor da Universidade de Berlim, também se tornou um membro da Academia Prussiana de Ciências. Sua condição financeira foi sempre melhorando durante os anos, porém nos anos da primeira guerra a situação se tornou difícil devido a desvalorização do marco alemão. Einstein vivia na Alemanha, mas sua ex-esposa vivia na Suíça com os filhos, o que torna a vida bem difícil, nesta época ele já havia se envolvido com sua prima legítima divorciada e com quem se casaria e viveria com ele até a morte em 1936. Ou seja em todo esse tempo havia sempre alguém que cuidava da vida cotidiana e financeira de Einstein e assim ele poderia se dedicar a Física e estudos. Como exemplo o livro descreve a negociação de Einstein para Princeton. O principal negociante para a contratação de Einstein foi Abraham Flexner. A certa altura Flexner pergunta quanto Einstein gostaria de ganhar (anualmente) e ele respondeu: U$3000,00. Flexner fez cara de surpresa e Einstein rematou: "Daria para viver com menos ?" Então Flexner que esperava uma quantia maior devolveu: "Deixe-me tratar isto com a Sra Einstein". Depois da negociação com Elsa Einstein chegaram a U$10000,00 que foi reajustado depois que o financiador do Instituto de Estudos Avançados - Louis Bamberger, soube que as outras estrelas do Instituto ganhavam U$15000,00. Bamberger não aceitou que Einstein ganhasse menos que os outros. Apesar de ser só um exemplo, pela leitura do livro não podemos afirmar que Einstein fosse cuidadoso no trato com dinheiro. Não era perdulário ou esbanjador porém parece ser o tipo de preocupação que deixava para a Sra. Einstein cuidar. Depois que Elsa Einstein faleceu em 1936, a secretária de Einstein - Helen Dukas, deve ter herdado a função. Mas o livro não se aprofunda na visão econômica de Einstein, dá vislumbres ao relatar certos eventos como na negociação do seu divórcio de Mileva Marić. Pelo que encerro aqui esse tópico.

A visão política de Einstein

O livro destaca o principal traço político de Einstein é o pacifismo. Pacifismo do tipo que propunha desarmamento mundial e governo supranacional para coibir guerras, desobediência civil para não cumprir o serviço militar. Nos dias atuais o globalismo, "governança mundial" e mecanismos para coibir ou incentivar certas políticas em outras sociedades (que não a guerra) conta com certa simpatia por parte de grupos ao redor do mundo. Entretanto o pacifismo de Einstein foi se modificando ao longo do tempo, depois da primeira guerra era especialmente engajado na causa com organizações e manifestos pacifistas. Porém com a subida do partido nazista na Alemanha e com a Alemanha se rearmando, Einstein abandonou o pacifismo extremo e defendia que os demais países da Europa deviam se armar, defender-se e dissuadir a Alemanha. Einstein chegou a declarar, quando tinha fugido da Alemanha e estava temporariamente na Bélgica que se fosse jovem ele mesmo se alistaria para defender o país contra a Alemanha nazista. 

Como todo partidário que se afasta da causa e toma uma posição mais central e passa a ser rechaçado pelos movimentos mais extremos, assim Einstein passa a ser tratado pelos pacifistas e pelos não pacifistas. 

A sua associação com grupos pacifistas por vezes era aproveitada por grupos que apoiavam causas que Einstein discordava. Quase sempre, grupos que utilizavam o pacifismo como fachada tentava atrair Einstein para apoiar a causa comunista ou soviética. Segundo o livro, Einstein repelia qualquer movimento que implicasse na supressão de liberdade dos indivíduos, por isso nunca se aceitou visitar a União Soviética e na medida do possível se esquivava de grupos pró-soviéticos. Porém Einstein pelo menos nos 10 anos iniciais da Revolução Soviética aceitou o "sacrifício" que dirigentes soviéticos infligiam a população e a opositores políticos em nome da luta pela causa comunista contra o capitalismo. Quando viu que o sacrifício já tinha passado dos limites deixou a indulgência de mais esse experimento e condenou (atrasado) as práticas da União Soviética.

Einstein foi o catalisador que chamou atenção ao governo americano para a preocupação dos físicos nucleares húngaros (judeus húngaros refugiados) sobre o grande poder de uma bomba nuclear. A partir desse alerta os físicos húngaros foram recrutados e foi criado o projeto Manhattan que criou a primeira bomba atômica. Einstein não teve participação na construção da bomba, porém alertou o governo americano pois se a Alemanha desenvolvesse tal bomba a guerra seria mais longa e mais fatal.

Uma vez derrotada a Alemanha e todo o horror da Segunda Guerra Mundial em que as primeiras bombas foram lançadas com o prejuízo de milhares de mortes civis inocentes. Einstein voltou a falar sobre pacifismo e desarmamento, associou-se a outros cientistas para alertarem as pessoas sobre o perigo de uma guerra nuclear.

A visão religiosa de Einstein

Albert Einstein e Baruch Spinoza
 No aspecto religioso, Einstein sofreu como quando abandonou o pacifismo mais extremo. Einstein não era ateu, porém também não era teísta. O que lhe rendia ataques de ateus e de teístas de modo geral. O livro traz muitos fatos e eventos desse aspecto da vida de Einstein pois ao longo da vida ele foi se apegando ao seu legado judeu, sem porém abraçar o judaísmo. Quando ainda vivia na Suíça e havia fundado a Akademie Olympia junto com os amigos Conrad Habicht e Maurice Solovine. Na qual discutiam Física e Filosofia. Nesses encontros discutiam livros e pensadores tais como "The Grammar of Science", de Karl Pearson, "Analyse der Empfindungen" de Ernst Mach, "Wissenschaft und Hypothese" de Henri Poincaré, "A System of Logic" de John Stuart Mill, "Treatise of Human Nature" de David Hume e "Ethics" de Baruch Spinoza. O pensamento deísta de Spinoza foi o que mais próximo caracterizou o pensamento religioso de Einstein. Sendo que Spinoza foi, no seu tempo, expulso da sinagoga e rejeitado por cristãos. 

Como figura pública e também privativamente tratou com pessoas de todas as orientações religiosas e teve embates e homenagens de rabinos, bispos, pastores e ateus. Mas manteve-se firme em sua posição e em 1932, Einstein, quando morava em Caputh na Alemanha, escreveu e gravou seu credo, que resume sua visão religiosa. Einstein acreditava que Deus existe e criou o mundo mas não se relaciona pessoalmente com seu mundo criado. Há declarações elogiosas de Einstein acerca de Jesus em uma entrevista dada a George Sylvester Viereck (para ver a entrevista clique aqui). Einstein se dizia fascinado pela figura luminosa do Nazareno. Esse fascínio se refere ao Jesus histórico, porém não como Filho de Deus. Na mesma entrevista Einstein se diz também fascinado pelo panteísmo de Spinoza, além de rejeitar o livre arbítrio (defendido pelo judaísmo e várias correntes cristãs) e defender o determinismo. Este pensamento implica que os homens sempre agirão conforme as causas se que lhe apresentam e nunca de fato decidirão por si.

Para finalizar eis o Credo de Einstein, lido pelo próprio:


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Referências:

Credo de Einstein em alemão - https://www.einstein-website.de/z_biography/credo.html

Credo de Einstein traduzido para português - https://www.misteriosdouniverso.net/2015/02/o-credo-de-einstein.html

Entrevista de Einstein a George Viereck - https://documentop.com/what-life-means-to-einstein-an-interview-by-george-sylvester-viereck_59fadebd1723dd86ce10a2d9.html

The Grammar of Science - Karl Pearson (em inglês)

Analyse der Empfindungen - Ernst Mach (em alemão)

Wissenschaft und Hypothese - Henri Poincaré (em alemão)

A System of Logic - John Stuart Mill (em inglês)

Treatise of Human Nature - David Hume (em português)

Ethics - Baruch Spinoza (em português)

Einstein, sua vida, seu universo