domingo, 6 de agosto de 2017

A nova revolução automobilística

Se no passado esperavam-se séculos tanto para perceber quanto para ver uma revolução acontecendo, como é o caso do sistema de tipos móveis de Gutemberg.
Nos séculos recentes do tempo de uma revolução foi bastante diminuído como no caso do motor a combustão. Agora este tempo é ainda menor. Faz exatamente 10 anos que a Apple lançou o seu primeiro smartphone e fez justiça ao nome do equipamento e são óbvios os recursos e ferramentas que hoje dispomos para graças a existência dos smartphones. Que só vieram a existir por que houve avanços anteriores como a computação móvel integrada a telefonia e a miniaturização de circuitos. Pois bem já começou e agora há indícios mais fortes de uma nova revolução.

Uma nova revolução automobilística.
Esta revolução começou com o carro elétrico. Segundo a Wikipedia os carros elétricos não são recentes são do século XIX. Em 1835, Thomas Davenport construiu o primeiro carro elétrico e o conceito evoluiu bastante tanto que em 1900, 28% dos carros produzidos nos EUA eram elétricos. Mas essa indústria entrou em decadência graças a fabricação em massa dos carros a combustão produzidos por Henry Ford e graças a ampla oferta de gasolina no EUA provida por John Rockefeller.
Com a predominância dos carros a combustão, carros elétricos somente tinham espaço em projetos experimentais e de pesquisa sustentado pelos argumentos de sustentabilidade, ecologia, etc. O baixo desempenho, o custo alto e falta de uma rede de energia que provesse facilidade de recarga de carros elétricos que possuem baixa autonomia impediam avanços.

Carro elétrico experimentalTesla S
Mas a maré mudou e empreendedores como Elon Musk criador da Tesla Motors e vários outros empreendimentos de tecnologia de ponta lançaram carros elétricos com aerodinâmica e projetos atraentes (bem diferentes dos carros elétricos experimentais) e custo mais acessível. A Tesla Motors lançou seu primeiro carro - o Model S - em 2012. Há três modelos da Tesla - o S, o 3 e o X. Musk fez piadinha pelo Twitter dizendo que a Ford não quis liberar o "model E" de propriedade da Ford para ele usar.
Hoje a produção dos carros elétricos só aumenta e no último mês veio a confirmação de que em torno de 20 anos a revolução será realidade e o resultado será: Você será levado a lugares por um carro elétrico, autônomo, que não será seu.
E porque isso ? Como será isso ? Vamos aos fatos:
1. A indústria já percebeu que a matriz energética baseada em petróleo diminuirá drasticamente.
Estes artigos apontam claramente que a demanda mundial de petróleo diminuirá e terá suas vantagens e desvantagens que não me compete aqui analisar. Mas especialistas apontam essa reviravolta na matriz energética e como consequência prática não teremos postos de gasolina e sim postos de energia para abastecer o que for preciso. Veja a lista em ordem decrescente de tempo.
c) Impacto profundo na indústria petrolífera nos próximos 10 anos. E o nosso pré-sal ? Sem comentários.
d) Indústria do petróleo teve seu menor crescimento em 2016. É só um prenúncio do que virá.

A adoção de carros elétricos afetará não somente a indústria petrolífera como terá um grande impacto na própria indústria automobilística na medida que o motor elétrico tem muito, mas muito menos componentes que um motor a combustão.Na proporção de 1 para 7.

EUA e China já produzem uma boa quantidade de carros elétricos. Veja aqui e aqui. E recentemente a Comunidade Europeia deu um passo importante para substituir o modelo a combustão pelo modelo elétrico. Veja aqui e aqui. O significa que não é mais uma moda de hipsters e sim um movimento que não vai parar.

Por outro lado as empresas de táxis - tais como Uber, Lyft, Cabify - mudaram tanto a oferta de mobilidade que hoje já se considera seriamente possuir um carro ou não. Se o custo de mover em uma cidade for baixo não compensar arcar com o custo de propriedade de um carro. Até porque essas mesmas empresas estão oferecendo o serviço inclusive em na modalidade coletiva dependendo da localidade. As cidade resolverão seu problema uma boa solução de mobilidade com uma combinação de transporte público e transporte privado, ainda que os taxistas tendem subverter o modelo com suas iniciativas que só resolve o problema para eles próprios.

E por fim  lado as pesquisas com carros autômatos (sem motoristas) estão em pleno desenvolvimento. Já existem robôs que automatizam o funcionamentos de fábricas e terminais portuários. Um projeto norueguês desenvolverá um navio totalmente autômato e elétrico. Os modelos da Tesla possuem comparabilidade para um software que desempenhará a função de dirigir o carro... logo o caminho é sem retorno e muito provavelmente verdadeiro:

Você será levado a lugares por um carro elétrico, autônomo, que não será seu.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Bem vindo à insegurança total

Broken Authentication or Session Management badge
Em 12 de maio de 2017 o mundo foi surpreendido com o ataque do ransomware Wannacry.

O ataque do Wannacry teve o maior impacto de ataques afetando mais de 200000 computadores ao redor do mundo, parando empresas dos mais diferentes ramos de atuação. No Brasil foram afetados a Vivo, o Tribunal de Justiça de São Paulo e o Hospital Sírio-Libanês.


Softwares mal intencionado como o Wannacry não é novidade já desde 1989 se noticiou sobre softwares tinham comportamento similar.

Mas neste post não quero abordar o ramsonware em si, pois o ataque foi bem detalhado em vários sites. Deixo uma lista de links onde se poderá encontrar detalhes do ataque.
1. O que é ransomware ?
2. Como o ransomware se propaga ?
3. O que é o Wannacry ? 
4. Como pedir resgate de equipamentos sequestrados ?

O que quero abordar é como sociedade fica à mercê do mal uso de informações digitais. A cronologia do ataque nos mostra como estamos vulneráveis:

14/Mar/2017 - A Microsoft publicou uma atualização de segurança para que corrigia a vulnerabilidade no protocolo SMB - O Microsoft Security Bulletin MS17-010.

14/Abr/2017 - O grupo Shadow Brokers divulga dados roubados da NSA (National Security Agency) - a superpoderosa agência de espionagem americana. Entre os dados divulgados incluíam exploits (programas que exploram uma vulnerabilidade do sistema) que atacavam várias fraquezas no protocolo Server Message Block (SMB).

12/Mai/2017 - Ocorreu o maior ataque cibernético com a utilização justamente dos exploits em máquinas Windows não atualizadas.

Pois bem, as ferramentas de invasão foram vazadas como tendo sido roubadas da NSA e a NSA as utilizou para fazer seu "trabalho ofensivo". A NSA em nenhum momento preveniu a Microsoft ou a comunidade acerca desse problema específico. O grupo Shadow Brokers é que fez a divulgação como sendo somente uma de muito mais coisa não divulgada.

Vários artigos no Ars Technica nos dão um vislumbre no mundo de insegurança e perigo a que estamos expostos como o informa como hackers ligados a NSA esconderam-se por 14 anos, desenvolvendo e utilizando ferramentas sofisticadas de invasão e espionagem - foram chamados de Equation Group.

Na descrição do ataque WannaCry o Ars Technica deixou bem claro que o EternalBlue é somente uma vulnerabilidade que pode ser explorada em computadores não atualizados. Mas fica bem claro que há várias outras vulnerabilidades e exploits que podem ser usados para espionar, roubar e sequestrar máquinas e instalações.

Assim chegamos ao ponto que gostaria de ressaltar - já que estamos tão expostos, tão vulneráveis, já que a privacidade foi comprometida em troca de serviços e comodidade, já que nossa vida moderna mais facilitada e integrada por serviços digitais... teremos condições de fazer a crítica para não sucumbir totalmente às soluções digitais ? Vejam que atualmente a vida digital está indo para a adição de serviços digitais em que a inteligência artificial está em pleno desenvolvimento. Uma vez integrada que estas entregas digitais estejam utilizando inteligência artificial desenvolvida e avançada, haverá escapatória para nós ?

É óbvio que a vida moderna é influenciada e moldada pela tecnologia, grandes empresas, governos, grupos hackers podem com as ferramentas corretas dirigir, influenciar e determinar a vida de muitas pessoas com suas soluções e facilidades, principalmente quando os grandes estão cada vez maiores. Devemos ter uma olhar crítico sobre essas facilidades e dependências que nos são inicialmente oferecidas e em segundo plano impostas de modo a não haver como nos livrar. O impacto na vida individual pode ser pequeno, mas olhando um pouco mais longe grande parte da forma como as sociedades se organizam e vivem.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Você dá importância a sua privacidade ? Parte 2


Uma vez confirmado que estamos sendo espionados, que informações nossos são colhidas sem que tenhamos concordado (ou concordado sem saber das implicações dessa concordância), o que podemos fazer para conseguir o mínimo de privacidade na internet ou pelo menos dificultar a coleta dessas informações ?

Há 4 ações que podem nos ajudar a obter alguma privacidade na internet.
1. Dê adeus a rede sociais ou crie um alter ego virtual. Por mais que as redes sociais permitam configurações para restringir tanto a visualização quanto a divulgação de informações, tais como o Facebook propõe, sempre, SEMPRE, SEMPRE !!! Suas informações ficarão a disposição da empresa dona da rede social. Sem falar que mesmo que você apague seu perfil, suas informações continuarão lá, pois a rede social manterá um perfil seu baseado no restante que ficou. Então a saída NÃO USAR a rede social ou então manter um perfil fake com o mínimo de informação e sem se conectar com os seus amigos, já que as redes sociais sabem quem você é com base com que você se relaciona ou o que você curte, enfim, eles vão saber quem você pois saberá quem é seus amigos, onde você está e o que você gosta.
2. Use o HTTPS. Apesar de recentemente ter sido divulgada uma vulnerabilidade no protocolo HTTPS (para saber mais clique aqui), também conhecido como: HTTP Seguro. O HTTP é um principais protocolos da internet e que uma vez interceptado pode ser vasculhado para obtenção de informações críticas. Exemplo: Você está usando um serviço qualquer e este serviço é acessado via HTTP somente, qualquer invasor que possa ter acesso aos dados da sua conexão poderá ver tudo que está sendo transmitido. Com o HTTPS os dados dessa navegação são criptografados e assim um eventual interceptador ter muito muito mais trabalho para obter informações úteis. 

3. Use o Tor. O Tor e suas ferramentas (hosts, email, navegador, etc) visam prevenir contra a principal arma de coleta indiscriminada de informações de usuários - o device fingerprint. Que é a identificação quase exata dos usuários a partir dos metadados de sua navegação. Ainda que você não use rede sociais, use o HTTPS, informações suas podem ser coletadas de modo a identificar você com possibilidade de falhar muito baixa. O Tor dificulta essa identificação embaralhando esses metadados. Para maiores informações sobre o Tor, clique aqui.

4. Restringir informações ao máximo. Se não tiver como deixar de usar serviços como aqueles oferecidos pelo Google, como não querer abrir mão de um dispositivo Android, configure bem suas informação de privacidade. O Google possibilita que você solicite o não armazenamento de navegação, localizações, etc. Veja como fazer aqui. Outra boa prática é preferir a) empresas que não coletem ou coletem pouca informação e/ou b) utilize serviços de fornecedores diferentes.

Enfim, tentei dar dicas gerais, porém reconheço que elas implicam em mais trabalho para se manter anônimo. É o custo para não ter suas informações utilizadas indevidamente.


sábado, 28 de janeiro de 2017

Você dá importância a sua privacidade ? Parte 1

Recentemente assisti ao filme Snowden (2016) que é a trama baseada nos relatos de Edward Snowden, americano que coletou e divulgou documentos que provam que os governos de grandes países coletam de maneira irrestrita informações sobre usuários da internet. O filme é de 2016, mas as revelações de Snowden são de 2013. Ou seja não é nenhuma novidade.

O filme em si é uma boa trama e vale a pena ser assistido. Abaixo disponibilizo o trailer do filme.

Saindo da trama e voltando a realidade devemos refletir sobre o que nos afeta uma vez que as informações de Snowden revelou não podem ser contestadas. Sim é verdade ! Nossa vida digital e nossa vida real é analisada por empresas e governos.

Caso você ainda não acredite é só fazer uma busca por qualquer produto e logo ao navegar em outras páginas será apresentado a você várias ofertas de produtos relacionados.

Veja o que se sabe sobre as informações colhidas por empresas e governos.
1. NSA (americano), serviço britânico e agências de outros países: O programa secreto PRISM coleta emails, videoconferências, chats, vídeos, fotos, chamadas VoIP, transferências de arquivos, etc. O programa é suprido com informações das grandes empresas de tecnologia, tais como: Microsoft, Facebook, Yahoo!, Google, Apple, AOL, Skype, YouTube e Paltalk.

2. Apple: Das grandes empresas a Apple parece ser a que menos coleta informações dos usuários, graças a chip em seus aparelhos que cuida exclusivamente da autenticação de modo a separar a identidade de ações executadas do usuário.

3. Facebook: O Facebook é um grande coletor e experimentador da rede. Há várias pesquisas publicadas sobre os mecanismos do Facebook que chegam até a moldar o humor dos usuários dependendo do que lhes é mostrado. O Facebook também é usado como ferramenta para coletar informações por sites que fazem enquetes, os usuários ao responder os questionários terminam por ceder acesso àqueles que promovem a pesquisa. O Facebook sendo muito rico e grande também compra toda e qualquer rede que represente uma ameaça como fez com o Whatsapp, o valor gasto US$22 bilhões foi um preço bem alto mas nem de longe chegou a comprometer a empresa que deve ter muito mais em caixa para engolir a concorrência.

4. Google: O Google coleta tanta coisa descarada e sub-repticiamente que chega a nos conhecer melhor que nós mesmos. O Google nos oferece produtos, antecipa nossas ações, sabe onde estamos e oferece opções com base na nossa localização, sabe quando e para onde viajaremos, enfim se quiser consegue falar uma biografia de quem somos a partir daquilo nos define de maneira mais objetiva - nossas ações na internet. Recentemente o Google lançou um serviço pelo qual pelo menos ele dá um retorno financeiro pelo que ele costuma tomar de graça. O Google Opinion Rewards lhe recompensa por sua opinião ao consumir produtos e serviços.

Se você não gosta do Big Brother Brasil, saiba que há muitos olhos sobre você, os olhos que você não gostaria nem queria atrair...