sábado, 28 de agosto de 2021

Antifrágil, de Nassim Taleb

Edição de 2014
Li "Antifrágil". Apesar de na minha avaliação ser um bom livro, eu não fiz uma leitura de qualidade, demorei muito na leitura, intervalando muitos dias na leitura dos capítulos. Creio que isso tenha prejudicado a leitura porém ainda assim é livro que merece um comentário mais demorado. Os capítulos não são tão longos ou excessivamente técnicos que dificultassem a leitura, foi mais falta de disciplina pessoal. Porém ainda assim vi virtudes no livro.

Antifrágil de Nassim Taleb foi publicado em 2012 e desde o primeiro momento trabalha as definições do seu arcabouço de termos que usa ao longo do livro. A principal definição é "Antifrágil" que ele revisita ao longo de todo o livro. Antifrágil não é o contrário de frágil. O contrário de frágil é robusto. Tudo que tem boa resistência ou resiliência pode ser classificado como robusto. Antifrágil é tudo que melhora com as dificuldades, crises, problemas, tudo que se beneficie de situações contrárias e difíceis. Ao percorrer os capítulos Taleb usa termos associados como mitridificação, hormese, convexidade, concavidade, iatrogenia, estratégia barbell, assimetria favorável, academicismo, senso comum, etc. Eventualmente Taleb cita o "cisne negro" termo que veio de outro livro dele "A lógica do cisne negro" (The black swan) lançado em 2007. Há uma ligação entre as duas publicações. Em "A lógica do cisne negro", Taleb trabalha principalmente aleatoriedade e imprevisibilidade. Basicamente deixa claro que por mais informações que temos há um eventos aleatórios que simplesmente não conseguimos prever tais como os cisnes negros. No passado todos os cisnes eram brancos até que apareceu cisnes negros evento que surpreendeu a todos e todo evento de grande impacto não deixa de ser um cisne negro como o ataque de 11 de setembro de 2001, a crise do subprime de 2008, ou pandemia do Covid19. Pois se fosse possível prevê-lo o evento teria sido pelo menos mitigado. 

Edição de 2020

Em "Antifrágil", Taleb tenta mostrar que a melhor forma de fortalecer a si próprio, fortalecer empresas, instituições e a sociedade é se expor a estresses (problemas, dificuldades, crises, etc) crescentes, graduais e contínuos. Essa exposição e mais a recuperação do dano, associado a opções de redundância levará a antifragilidade. Taleb afirma que virá uma evolução constante desses caos múltiplos de vida, luta e morte. No curto e médio prazo, os indivíduos se tornarão mais fortes, porém os indivíduos passarão pois não são eternos, mas no longo prazo a humanidade prevalecerá. Há vários exemplos no livro e vou citar só exemplo de que grandes incêndios em florestas são evitados pela ocorrência de pequenos incêndios frequentes em áreas pequenas que consumem o material mais combustível e que não se espalham e dessa frequência de baixa intensidade é que um evento maior não ocorre.

Como só temos uma vida e ela é finita, a nós nos interessa a nossa própria vida, assim Taleb indica a mesma receita: estressar o corpo e a mente, recuperá-los e repetir o ciclo. No que diz a vida pessoal Taleb vê com desconfiança inovações nos tratamentos de saúde que implicam em risco para os pacientes e benefício pessoal ou financeiro para os médicos. Cirurgias eletivas devem ser seriamente analisadas. Novos hábitos e tratamentos podem ser prejudiciais até que se confirmem realmente benéficos. Por exemplo: o tabagismo foi muito incentivado antes de provar realmente maléfico.

Taleb valoriza todas as antigas práticas das sociedades como práticas que permaneceram e que favoreceram a melhoria e a longevidade. Taleb é crítico ferrenho do academicismo que despreza o senso comum, conhecimento vindo da vivência e da tentativa e do erro (mentalidade Soviet-Harvard). Tais academicistas repetem continuamente que os problemas serão resolvidos com mais pesquisas e teorias, porém suas teorias não se verificam pela realidade aleatória do mundo.

Na verdade Taleb debocha e despreza experts, conselheiros, analistas de mercado, agentes de governo ou que trabalham em órgãos de governo que não estão comprometidos com suas decisões ou conselhos. Taleb cunha o termo "Síndrome de Stiglitz" em referência a Joseph Stiglitz que fez análise super favorável antes da crise do subprime de 2008. E pior além de levar ao erro e a prejuízos esses especialistas depois são laureados, reconhecidos e recompensados. Taleb parece aprofundar esta temática em seu novo livro de 2018 "Arriscando a própria pele" (Skin in the game) que não li, mas a associação é evidente.

Antifrágil vale a leitura !!

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Referências:

Antifrágil (Antifragile)

A lógica do cisne negro (The black swan)

Arriscando a própria pele (Skin in the game)