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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Ateus avisam: o declínio do Cristianismo está prejudicando a sociedade


Texto originalmente publicado em inglês no site da LifeSiteNews neste link  por Jonathon Van Maren

Achei muito interessante o texto e o publico traduzido para o português.

4 de novembro de 2019 - Apenas alguns anos atrás, o movimento agressivo “Novo Ateísmo” estava em marcha, com lutadores retóricos como Christopher Hitchens e biólogos renomados como Richard Dawkins liderando a acusação contra a religião e os últimos vestígios da fé cristã no Ocidente. A Hitchens em sua famosa frase declarou , "A religião envenena tudo" e só poderia ser considerada, na melhor das hipóteses, a "primeira e pior" tentativa da humanidade de resolver questões existenciais. Se essas superstições cobertas de teias de aranha pudessem ser destruídas pelos ventos refrescantes da razão e do Iluminismo, uma sociedade fundamentalmente melhor surgiria das cinzas - ou assim foi o que ele pensou.

Mas, à medida que o Cristianismo se desvanece cada vez mais no espelho retrovisor de nossa civilização, muitos ateus inteligentes estão começando a perceber que o Iluminismo pode ter alcançado sucesso apenas porque exerceu influência sobre a cultura cristã. Em uma sociedade verdadeiramente secular, na qual homens e mulheres vivem suas vidas sob céus vazios e esperam ser reciclados, em vez de ressuscitados, não há fundamento moral sólido para o bem e o mal. Antiteístas como Christopher Hitchens zombavam e insultavam a ideia de que a humanidade precisava de Deus para saber o que é certo ou errado, mas mal passamos duas gerações de nossa Grande Secularização e nem mais distinguimos o homem da mulher.


Seria interessante saber como o falecido Hitchens teria reagido às insanidades que proliferaram desde sua morte e se ele perceberia, como alguns de seus amigos igualmente sem Deus, que não é necessário achar o cristianismo crível para perceber que é necessário. Douglas Murray, que ocasionalmente se intitulou "ateu cristão", discutiu publicamente com o colega de Hitchens, "Cavaleiro do Apocalipse" Sam Harris, sobre se uma sociedade baseada nos valores do Iluminismo é possível sem o Cristianismo. Harris espera que essa sociedade seja possível. Murray é simpático, mas cético.

Murray admitiu cada vez mais que ele acredita que o projeto ateu é um projeto sem esperança. Quando ele se juntou a mim no meu programa recentemente para discutir seu último livro "The Madness of Crowds", ele reiterou que acredita que, na ausência da capacidade dos secularistas de elaborar a ética em questões fundamentais, como a santidade da vida. Podemos ser forçados a reconhecer que voltar à fé é a melhor opção disponível para nós. Há uma possibilidade muito real, observou ele, de que nosso conceito moderno de direitos humanos, baseado em valores judaico-cristãos, possa muito bem sobreviver ao cristianismo por apenas alguns anos. Isolada da fonte, nossa concepção de direitos humanos pode murchar e morrer muito rapidamente, deixando-nos nos remexendo em uma escuridão espessa e impenetrável. 

Sem os fundamentos cristãos de nossa sociedade, cabe a nós decidir o que é certo e errado e, como ilustram claramente nossas guerras culturais atuais, nossa civilização se despedaçará antes de recuperar o consenso. Muitos ateus otimistas acreditavam recentemente que, uma vez que Deus fosse destronado e banido, poderíamos finalmente viver como adultos e continuar o projeto utópico de criar uma sociedade baseada na fé em nós mesmos. Infelizmente, esses céticos eram céticos em relação a tudo, exceto à bondade da humanidade, apesar de não terem base metafísica ou mesmo darwiniana para essa suposição facilmente reprovável. A popularidade fenomenal de Jordan Peterson é parcialmente baseada em seu reconhecimento de que as pessoas geralmente não são boas e o século passado prova isso com o sangue de milhões.

É o abjeto fracasso desta tese que está levando alguns ateus proeminentes a admitir relutantemente que talvez o Cristianismo fosse mais necessário do que eles pensavam. Em 2015, Richard Dawkins (autor de "Deus um delírio") argumentou que as crianças precisavam ser protegidas das visões religiosas de seus pais e fez uma série de comentários alarmantes sobre os direitos dos pais de educar seus filhos nos princípios de sua fé religiosa. Em 2018, no entanto, Dawkins estava avisando que a "religião cristã benigna" poderia ser substituída por algo decididamente menos benigno e que talvez devêssemos dar um passo para trás para discutir o que poderia acontecer se os secularistas evangélicos tivessem sucesso em destruir ou banir o Cristianismo. Outros ateus e agnósticos, de Bill Maher a Ayaan Hirsi Ali, ecoaram os sentimentos de Dawkins. Essa é uma mudança radical em apenas alguns anos - e o fato de os ateus estarem soando o alarme deve ser um aviso aos cristãos sobre as consequências de nossa secularização em curso.

Dawkins saiu agora e repudiou sua crença anterior de que o Cristianismo deveria ser banido da sociedade ainda mais firmemente. De fato, ele disse ao Times, acabar com a religião - uma vez seu objetivo fervoroso - seria uma péssima ideia, porque "daria às pessoas uma licença para fazer coisas realmente ruins". Apesar do fato de Dawkins argumentar há muito tempo que o Deus da Bíblia, como ser essencial para base da moralidade, é uma ideia ridícula e ofensiva, ele parece estar voltando atrás. "As pessoas podem se sentir livres para fazer coisas ruins porque sentem que Deus não as observa mais", disse ele, citando o exemplo das câmeras de segurança como um impedimento para furtos em lojas. É de se perguntar se ele ouviu Douglas Murray lembrar às pessoas que os soviéticos assassinaram milhões na firme convicção de que não havia um juiz esperando por eles quando o assassinato terminou.

Dawkins discute essas ideias ainda mais em seu livro mais recente, Outgrowing God (algo como Superando Deus). "Irracional ou não, infelizmente, parece plausível que, se alguém acredita sinceramente que Deus está observando todos os seus movimentos, é mais provável que ele seja bom", confessou, relutante. “Devo dizer que odeio essa ideia. Eu quero acreditar que os humanos são melhores que isso. Eu gostaria de acreditar que sou honesto se alguém está assistindo ou não. ”Embora essa percepção não seja uma razão suficientemente boa para ele acreditar em Deus, diz Dawkins, ele agora percebe que a afirmação da existência de Deus beneficia a sociedade. Por exemplo, Dawkins admitiu: "Isso pode reduzir o crime".

A conversão de Dawkins à crença de que o Cristianismo é bom - e talvez até necessário - para que a civilização ocidental funcione em harmonia não deixa nada a desejar. Dawkins tem sido um dos fundamentalistas mais intolerantes do secularismo, um homem que acreditava que os pais deveriam ter o direito de transmitir sua fé e que o governo deveria apoiar ativamente os ímpios sobre os fiéis. Em poucos anos, ele está mudando de ideia. Parece que os seres humanos reconhecem que não se pode confiar automaticamente em ser bom e operar no espírito de harmonia e solidariedade que ele e seus colegas novos ateus prezam. E, na ausência da bondade inerente à humanidade, como podemos contar com as pessoas para não destruir uma civilização construída por homens e mulheres de fé?

A resposta é simples: precisamos de Deus.


Links:
Texto original:  https://www.lifesitenews.com/blogs/atheists-sound-the-alarm-decline-of-christianity-is-seriously-hurting-society
Twitter do autor: https://twitter.com/JVanMaren
Christopher Hitchens e seus amigos cristãos:  https://thebridgehead.ca/2019/05/23/christopher-hitchens-and-his-christian-friends/ 
Douglas Murray apresenta seu livro no The Van Maren Show: https://thebridgehead.ca/2019/09/26/the-van-maren-show-episode-35-douglas-murray-on-the-madness-of-crowds/
Livro "Madness of Crowds" de Douglas Murray
Livro "Deus um delírio" de Richard Dawkins
Dawkins afirma que as crianças precisam ser protegidas da religião: https://www.lifesitenews.com/news/richard-dawkins-the-government-needs-to-protect-children-from-religion-and
Dawkins avisa sobre o Cristianismo benigno: https://www.lifesitenews.com/blogs/why-islams-rise-has-caused-worlds-leading-atheists-to-urge-west-not-to-aban
Dawkins fala ao The Times: https://www.thetimes.co.uk/article/ending-religion-is-a-bad-idea-says-richard-dawkins-sqqdbmcpq
Livro "Outgrowing God" de Richard Dawkins

sábado, 1 de junho de 2013

Eu li "Carta a uma nação cristã"

Foi me dada a oportunidade de ler o livro "Carta a uma nação cristã" de Sam Harris. Com este livro Sam Harris pretende convencer a qualquer um a deixar de acreditar em Deus e como se tentasse acertar um monstro de muitas cabeças ele atira para todo lado, não só nos cristãos nem só para a "nação cristã" que no caso são os cristãos conservadores dos EUA. Na verdade ele ataca qualquer fé em Deus (teísmo) - cristãos de todo tipo, islamitas de todo tipo e demais religiosos de qualquer fé. Coloca todo mundo no mesmo saco de areia e esmurra do jeito que pode. Ele até tenta poupar os cristãos liberais, mas os descredencia várias vezes. Sam Harris tenta atingir o religioso "médio"  que não tem tanta convicção. Particularmente achei o seu libelo desestruturado, talvez identificando conceitos e gradativamente os desconstruindo ele teria uma arma mais poderosa, talvez não fosse esse o propósito do livro.
Notei, porém, que Sam Harris tem um ranço, um amargor, uma frustração por viver num país em que os cristãos conservadores tem muita influência, talvez se ele fosse europeu ou canadense ele se dedicaria a qualquer outra coisa. Se ele fosse indiano não escaparia de depressão profunda.
Fiz o seguinte resumo dos argumentos de Sam Harris de modo ter uma visão menos misturada da gama de acusações aos teistas. Meu objetivo é meramente classificá-las já que há outros livros que se propõem a responder às alegação de Sam Harris. Classifiquei as alegações de Sam Harris em 6 categorias diferentes:
1. A cristandade é desagregadora, destrutiva, intolerante, hostil e retrógrada;
2. As Escrituras são descredenciadas ou distorcidas;
3. Premissas ou conclusões erradas ou tomados por verdadeiros fatos de difícil comprovação;
4. Inatividade de Deus ante ao mal e a religião causa sofrimento, mortes e é prejudicial à sociedade;
5. Fomenta ao embate ciência versus religião;
6. Deboche aos teístas. 
No total contabilizei 126 alegações. Clique aqui para ler a lista completa das alegações. Por questões de concisão vou descrever somente os 3 primeiros tipos.

1. A cristandade é desagregadora, destrutiva, intolerante e hostil. Há 45 alegações deste tipo. Sam Harris recomenda que se abandone a fé em Deus porque:
i) Cristãos (e muçulmanos) são destrutivos, hostis e intolerantes. Exemplos: Agostinho apoiou a tortura, Tomás de Aquino apoiou o assassinato e o legado de ambos fundamentou a Inquisição; Calvino e Lutero apoiaram o assassinato de heréticos, apóstatas, judeus e feiticeiras; A Inquisição; Cristãos apoiaram teologicamente a escravidão; Católicos e protestantes apoiaram o genocídio nazista; A Igreja Católica abriga um exército de elite de molestadores de crianças; Muçulmanos são extremamente exclusivistas e matam até outros muçulmanos que creem um pouco diferente; As religiões não promovem a compaixão humana e nem permitem o discurso inter-religioso; Muçulmanos tem Bíblia própria, Cristo e Deus próprio e acha que o Cristianismo está errado;
ii) Cristãos (e muçulmanos) são retrógrados. Exemplos: Creem que criação do cosmos foi há 6000 anos; Creem no mito da arca de Noé e ignoram os dinossauros; Creem que o homem feito do barro e no sopro divino; Creem em cobra falante; Cristãos acham que Deus se ofende com o que as pessoas fazem quando estão nuas; Conservadores cristãos se opõem a vacinação contra doenças ligadas à área sexual; Cristãos promovem a abstinência sexual; Cristãos são contrários à pesquisa de células-tronco devido a alma de bebês ou possível sofrimento (dogmas religiosos prevalecendo sobre o raciocínio moral e compaixão genuína); Cristãos tem sua intuição moral contaminada pela fé religiosa; Milhões de pessoas sofrem no mundo e os cristãos conservadores tem preocupações fúteis como o aborto; Cristãos lutam mais contra o aborto do que contra genocídios; Cristãos creem no nascimento virginal de Cristo; Cristãos creem que Deus estava certo ao afogar o mundo com o dilúvio e também estão certos de que Jesus era filho de Deus, Cristãos creem que a regra de Ouro (amar ao próximo como a si mesmo) é o ápice da sabedoria moral; Cristãos ignoram que a Bíblia não está cheia de mentiras; Cristãos fazem o seguinte raciocínio circular: Deus não pode ser julgado por critérios humanos, mas critérios humanos são usados declarar que Deus é bom; Muçulmanos creem que Maomé voou num cavalo alado e falou com o anjo Gabriel; Cristãos querer impor o ensino do Criacionismo textual bíblico nos EUA; Religiosos se autoelogiam humildes e condenam cientistas por arrogância intelectual; Não é possível provar qual grupo religioso está certo, logo estão todos errados; Cada religioso é ateu em relação a outra religião;  Se ocorrer algo catastrófico no mundo os cristãos achariam bom pois pode ser a volta de Jesus; O mundo vai acabar e será glorioso; Cristãos conservadores viram no tsunami de 2004 o poder de Deus sendo exercido para punir o pecado; Negam o horror dos desastres e julgam serem momentos de sabedoria moral.

2. As Escrituras são descredenciadas ou distorcidas. Há 28 trechos no livro de Sam Harris em que ele recomenda romper com a crença em Deus pois ele alega que:
A Bíblia apoia o ódio; A Bíblia não é um livro profundo, pois outros livros trataram de assuntos importantes de maneira mais apropriada; A Bíblia não é inspirada divinamente; A Bíblia não é sábia; A Bíblia é confusa e contraditória (permitiu que ocorresse 500 anos de Inquisição); A Bíblia apoiou a escravidão; A Bíblia é misógina (o autor aponta o texto do Velho Testamento em que permite ao pai vender a filha); Na história grupos diferentes utilizaram partes diferentes da Bíblia para justificar suas opiniões; Alega que os 10 mandamentos são irrelevantes pois: a) alguns mandamentos são naturais; b) o Jainismo tem mandamento central superior aos mandamentos da Bíblia; O Novo Testamento não cumpriu o Velho Testamento, mas os autores do Novo Testamento tomaram partes do Velho Testamento para corroborar o passado; Lucas e Mateus sustentam a teologia virginal a partir de um alegado erro de tradução, esta teologia não é confirmada pelos escritores Marcos e João; Em Mt. 27:9-10 atribui a Jeremias o que foi dito por Zacarias 11:12-13; Religiosos de todos os tipos ignoram os erros de seus livros sagrados; A Bíblia é desqualificada moralmente quando manda apedrejar os que praticam adultério, homossexualismo, trabalham no sábado, adoram imagens, praticam feitiçaria e desrespeitam os pais, quando apoia a correção física dos filhos pelos pais e ordena apedrejamento de noiva não virgem (Dt. 22:13-21); Por outro lado, Jesus não invalidou o Velho Testamento e sim o confirmou logo ele é válido e os conselhos do Velho Testamento junto com a Bíblia devem ser rejeitados; Bíblia celebra a violência; Metade das afirmações de Jesus inspiram Francisco de Assis a outra metade inspiraram a Inquisição; Não há profecias sobre assuntos importantes nos séculos seguintes; A Bíblia é matematicamente atrasada em relação a outras publicações infiéis que conseguiram avanços significativos sem a sabedoria das Escrituras; Os conteúdos são inferiores para um Deus de moral tão elevada.

3. Premissas ou conclusões erradas ou tomar por verdadeiros fatos de difícil comprovação. Sam Harris em aproximadamente 19 vezes toma premissas ou conclusões erradas para comprovar seus pontos de vista ou ainda toma fatos não comprovados ou de difícil comprovação como verdadeiros para que não se creia em Deus.
Exemplos: Antissemitismo se originou no Cristianismo; Gulags, campos de concentração nazistas e cambojanos resultantes de dogmatismo político que surgiu a partir de dogmatismo religioso; Religião acabou em boa parte do mundo desenvolvido – países como Noruega, Islândia, Bélgica, Japão, Austrália, Canadá, Suécia, Suíça, Holanda e Reino Unido estão entre os menos religiosos do mundo; Os países com melhor índice de desenvolvimento são os menos religiosos e a inversa também alegadamente verdadeira; EUA é único dos países mais ricos com altos índices de homicídio, aborto (possível contradição), gravidez adolescente, DSTs, mortalidade infantil; Estados americanos religiosos apresentam mais disfunções do que estados mais secularizados; Cidades americanas com mais religiosos apresentam maiores índices de violência; Países mais seculares são os mais caridosos; Desigualdade entre salários mais altos e mais baixos em empresas é maior nos EUA e menor em alguns países mais seculares; Quando cristãos fazem o bem não é devido a benevolência divina e sim pela benevolência humana; Estudantes americanos apresentam resultados piores em testes de matemática e ciência do que europeus e asiáticos; Descreve o processo evolucionista como válido, certo e verdadeiro várias vezes; A religião exacerba os conflitos humanos muito mais que tribalismo, racismo ou a política.

Não é difícil perceber que Sam Harris erra em muitas de suas asseverações, porém algumas são razoáveis e merecem respostas. Mas não quero respondê-las. Vou ler  "A morte da razão" de Ravi Zacharias, que se propõe a ser uma resposta a muitas dessas asseverações. Depois que terminar registrarei minhas impressões.