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sábado, 2 de fevereiro de 2019

D. Pedro I - Um herói sem nenhum caráter

Foi uma grata surpresa o olhar lançado sobre o primeiro Imperador do Brasil pela escritora Isabel Lustosa. Apesar do título destacar algo negativo sobre D. Pedro I, alguns de seus bons feitos não são esquecidos, óbvio se o fossem o livro seria um massacre, pois material que o fundamente há. E é farto !
Mas foi esta combinação real de virtudes e defeitos que torna o livro muito melhor. O que pude reter da leitura foi constatar um D. Pedro muito contraditório, às vezes convicto de posições políticas liberais mas de prática absolutista e autoritária. 
D. Pedro conseguiu ser marido cuidadoso no inicio do casamento com a D. Leopoldina mas que gradualmente se tornou cruel colecionando amantes as mais diversas chegando ao cúmulo de ao mesmo tempo se relacionar com mulheres casadas com oficiais, mulheres irmãs entre si, sem o menor escrúpulo, até a situação acintosa em que sua amante oficial - Domitila de Castro que veio a ser Marquesa de Santos - exercer tal influência nas decisões do império e sobre o Imperador que era mais procurada e mais festejada do que a Imperatriz Leopoldina. 
É indubitável que a Imperatriz Leopoldina exerceu papel fundamental na independência e união do Brasil e que pagou caro pela sua atuação em favor do país e do Imperador. A Imperatriz foi humilhada, mal tratada, renegada, tolhida e desprezada pela corte brasileira e portuguesa. Amada pelo povo brasileira por suas ações a Imperatriz até o dia hoje o povo do Brasil tem carinhosa lembrança dela. Apesar dos seus percalços a Imperatriz deu a luz a 7 filhos, sendo que 4 vieram a ter descendência, mas sua saúde não resistiu aos maus tratos, humilhação e abandono e ela morreu aos 29 anos em 11 de dezembro de 1826.
O Imperador teve uma crise de choro pela Imperatriz anos depois da morte da Imperatriz, como um luto tardio e intenso mas que pragmaticamente passou. 
A morte da Imperatriz forçou D Pedro I a procurar uma nova companheira e não podia ser a amante oficial. Com muito custo, muitas idas e vindas, amores e desamores D. Pedro I conseguiu outra vez casar, desta vez com a princesa Amélia de Leuchtenberg. D. Pedro I mesmo com duas esposas conseguiu ter 14 filhos reconhecidos com 5 mulheres diferentes.

Ainda assim D. Pedro I é conhecido como o principal responsável pela independência do Brasil. Claro que a atuação de coadjuvantes foi muito importante mas sem a pessoa do príncipe de Portugal que cresceu no país tal feito não seria possível. D. Pedro I sempre foi politicamente liberal e constitucional, conceitos que assustavam seu pai - D. João VI e sua Imperatriz  Leopoldina, ciosos dos acontecimentos que variam a Europa em que as monarquias que não caíram eram colocadas em suspeição tendo uma vida difícil. Esta imagem do D. Pedro I muito lhe ajudou quando ele surpreendentemente abdicou do trono brasileiro em 7 de abril de 1831. Óbvio que o imperador tinha em vista a possibilidade de ocupar o trono de Portugal, o que de fato ocorreu, ele veio a se tornar Pedro IV de Portugal, porém este título ele teve conquistar numa guerra desigual com seu irmão Dom Miguel e o conde de Molina - infante Carlos de Espanha. A guerra exauriu a saúde do imperador que somente 3 anos após abdicar o trono do Brasil veio a falecer em 24 de setembro de 1834 de tuberculose. D. Pedro I teve seus feitos reconhecidos pela história, bem como sua vida tumultuada e pouco recomendada que contrasta com o reino de seu filho D. Pedro II do Brasil.