segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Uma dica de viagem : Atins - MA

 

Saiu ontem no Portal do UOL uma reportagem sobre Atins, pequeno vilarejo localizado próximo a Barreirinhas.

A reportagem encontra-se nesse link . Eu estive em Atins em 2018 e concordo totalmente com a análise feita pela reportagem, que Atins é uma Jericoacoara antiga.

 

O vilarejo possui excelentes restaurantes!

 Quando fui, fretamos um carro até Barreirinhas e ficamos lá um dia. De Barreirinhas, fomos de barco até Atins, onde  ficamos na Pousada Flamboyant . Inclusive, a indico, pois apesar de não haver grandes luxos, lá tive um excelente atendimento, além de ser bem aconchegante.

Pousada Flamboyant

De tudo em Atins,o melhor passeio que fiz foi o do Canto do Atins, lugar esse que podemos tomar banho em uma pequena cachoeira (água doce), e a poucos metros, estamos na Praia e podemos também tomar banho de mar! Fantástico! Abaixo, coloquei um pequeno vídeo  para vocês terem uma noção melhor do local.


 

Enfim, recomendo muito ir conhecer Atins, vale a pena pela simplicidade do local, onde você realmente consegue se desligar de tudo e descansar ! Talvez alguns não gostem da proposta, deste tipo de turismo, e busquem locais mais agitados. Então antes de decidirem ir, busquem informações , para assim saberem o que vão encontrar e evitar decepções ou arrependimentos.

Quando fui,  tinha uma pequena noção do que iria encontrar, e acabei me surpreendendo muito positivamente. Gostaria muito de voltar ao vilarejo, e somente não o fiz por falta de oportunidade. Mas com certeza voltarei!

 

domingo, 28 de novembro de 2021

As 17 equações de Ian Stewart

Todo livro que aborda temáticas científicas, principalmente as que envolvem aspectos matemáticos um pouco mais avançados, tem que se propor a simplificar para conquistar o máximo de público. Esses livros terminam tendo uma vocação de iniciação científica e alguns viraram best-sellers tais como o "Uma breve história do tempo" de Stephen Hawking e "Cosmos" de Carl Sagan. Porém nenhum desses dois se aprofundam nos conceitos matemáticos. Livros de Química e Biologia em geral tem públicos muito específicos, os de Biologia são mais abrangentes pois conseguem tocar em temas mais atraentes, já os Física tem bastante apelo mesmo não conseguindo fugir totalmente da Matemática, tendo que abordá-la en passant. A título de exemplo, li Antifrágil de Nassim Taleb (apesar de não ser sobre Química, Biologia, Física ou Matemática) e ele deixa bem claro que a parte matemática mais avançada está detalhada em alguns capítulos e que o leitor pode evitar sem perda do entendimento dos assuntos abordados. Este aviso é porque ele não conseguiu deixar a parte de cálculo no nível de entendimento mais geral.

Já os livros sobre Matemática não tem como fugir de conceitos e cálculos, mas ainda assim os autores são criativos e conseguem apresentar o conteúdo de modo lúdico. Mesmo não listando todos e os melhores já escritos, posso citar alguns que já li: "O homem que calculava", de Malba Tahan, "O diabo dos números" de Hans Magnus Enzensberger, "20.000 léguas matemáticas", de A. K. Dewdney.

Já as "17 equações que mudaram o mundo" de Ian Stewart "mergulha" na Matemática, tentando uma boa narrativa para apresentar os conceitos didaticamente. O autor porém não faz feio e recorre a uma poderosa ferramenta de ensino - a história. Ian Stewart conta na medida do possível o que significa a equação, porque a equação é importante e o que se desenvolveu através da equação. Apesar de cada uma das equações ter origem e contexto no qual se desenvolveu, quase sempre suas consequências maiores se deram em áreas diferentes daquelas que originalmente foram deduzidas, como foram as equações de onda e a Transformada de Fourier. 

A Transformada de Fourier foi originalmente proposta para tratar do comportamento do calor em relação ao tempo porém a versatilidade da equação extrapolou e hoje tem uso amplamente difundido para processamento de imagens, compressão de dados, tratamento de áudio, análise de terremotos e de estruturas moleculares tais como a do DNA.

Ian Stewart deixa claro que as 17 equações não são unânimes, são 17 equações que ele escolheu - seja por questão editorial, seja por condições de comunicação. Todas porém tem sua importância cumulativa, contribuindo para o avanço da humanidade em amplas áreas. Com certeza cada um de nós teria suas equações mais significativas e que nos acompanham no dia a dia. Ao meu ver o que chamamos Teorema de Pitágoras (ou Teorema Gougu - a equação era conhecida dos indianos, mesopotâmios e chineses antes de Pitágoras) é a mais popular equação matemática e de amplo uso. 

Todas as 17 equações são famosas, mas quero destacar a última equação abordada pelo livro - a equação de Black-Scholes. 


Esta equação se propõe a: "descrever como o preço de um derivativo financeiro varia com o tempo, com base no princípio de que quando o preço está correto, o derivativo não traz risco e ninguém pode lucrar vendendo-o a um preço diferente". Ela envolve cinco grandezas distintas: o tempo t, o preço S da mercadoria, o preço V do derivativo, que depende de S e de t, a taxa de juros livre de risco (o juro teórico que pode ser gerado por um investimento com risco zero, tal como letras do governo) e a volatilidade σ² da ação.

Pois bem, a vida de milhões de pessoas foram afetadas pela crise do subprime de 2008, graças ao uso ganancioso, desmedido e criminoso desta equação. A crise do subprime de 2008 foi de alcance mundial e está amplamente abordada em filmes, documentários e livros (lista no fim do post) que analisam sua origem, seu desenvolvimento até seu auge. A crise foi provocada pela crescente oferta de derivativos no mercado de capitais. Derivativos são contratos que derivam a maior parte de seu valor de um ativo subjacente, taxa de referência ou índice. O ativo subjacente pode ser físico (café, ouro, etc.) ou financeiro (ações, taxas de juros, etc.), negociado no mercado à vista ou não (é possível construir um derivativo sobre outro derivativo). Os operadores do mercado financeiros (bancos e corretoras em sua maioria) sempre buscaram a minimização de regulação por parte dos governos e tiveram as regulações diminuídas no governo de George W Bush (2001-2009). As empresas financeiras puderam pois operar recursos que não tinham a níveis altíssimos criando uma bolha financeira insustentável. Como era de se esperar a bolha estourou, muitas instituições quebraram, uma grande crise se interpôs, determinando perda de empregos, perca de capacidade financeira das pessoas ao redor do mundo. E o pior de tudo é que os principais culpados não foram devidamente punidos. Por fim os operadores financeiros alegaram que precisavam das regulações que foram revogadas e jogaram a culpa no governo que as removeu.

Voltando ao que nos interessa a equação de Black-Scholes deu o substrato matemático para a oferta de derivativos e criou uma onda financeira que avançou pelo mundo afora despertando a ganância que há nas almas para ganhar dinheiro rápido e fácil. Essa onda avançou pelos países em tempos de diferentes. Aqui no Brasil explodiu com a tríade de 1. acesso facilitado ao mercado de capitais via internet; 2. Fintechs, corretoras e robôs de investimentos; 3. Oferta de trabalho de trader. Essa combinação usada de modo indevido pode levar a subversão da vida de qualquer pessoa empregada ou não que vá desavisadamente descendo ao abismo das ofertas de ganhos fáceis. É um caminho que muitos entram e poucos vencem.

Então essa equação teve todo este destaque pelo mal que se sucedeu ? Não ! A equação de Black-Scholes foi concebida para propiciar um grau de racionalidade ao mercado de futuros, e efetivamente o faz em condições de mercado normais. Ela provê um modo sistemático de calcular o valor de uma opção antes que ela amadureça. Se utilizada com critério e cautela, funciona corretamente, dando os resultados esperados. 

O que nos leva ao aspectos de que as equações matemáticas não trazem só benefícios, ações erradas podem ser tomadas e prejudicar a todos, espera-se que no longo prazo o melhor uso se estabeleça gerando benefícios amplos e difusos.

==========

Artigo da Wikipedia sobre Ian Stewart e sua lista de trabalhos e livros publicados.

==========

Lista sobre a crise do subprime de 2008:

Documentários: Collapse (2009), The last day of Leahman Brothers (2009), Inside Job (2010)The flaw (2011).

Filmes: The Company Men (2010), Margin Call (2011), Too Big to Fall (2011), The Big Short (2015).

Somente alguns livros sobre o tema (títulos originais, para versão em português busque na internet): Freefall de Joseph Stiglitz (2010), The Big Short de Michael Lewis (2010), Bailout de Neil Barofsky (2012), Diary of a Very Bad Year (2010), This Time Is Different de Carmen Reinhart, Debt: The first 5,000 Years de David Graeber (2014), Union Atlantic de Adam Haslett (2010), The Financial Lives of the Poets de Jess Walter (2009), The Grief of Others de Leah Hager Cohen (2011) e The Privileges de Jonathan Dee (2010).

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Formula 1 2021 - São Paulo - SP

Apesar de ter ido a São Paulo diversas vezes a passeio, confesso que a viagem de 2021 tinha um significado diferente, pois seria a primeira para fora do Maranhão desde que a Pandemia de Covid-19 se iniciou. Quem ficou realmente em quarentena  sabe que foram momentos muito difíceis e que poder novamente planejar e fazer uma viagem é algo que devemos agradecer.

Pois bem,  feita  a decisão de realizar a viagem, o primeiro passo é comprar os ingressos,pois havia o risco de acabar, já que havia uma previsão de limitação em 50% da lotação máxima do circuito (a limitação tempos depois caiu) . Desta vez, os ingressos seriam digitais, podendo ser impressos em casa. Da minha parte, achei essa sistemática muito melhor do que você ter que esperar chegar pelo correio ou ter que ir buscar em algum lugar em São Paulo. Já passei por estas duas experiências, e com certeza, o ingresso digital é muito melhor.

Ao realizar a compra do ingresso, há as opções de lugares, cada um com o seu preço conforme a localização no circuito. Por duas vezes fiquei no Setor F (Hoje é chamado de setor R), que é logo após a curva do “S do Senna”, porém das últimas vezes acabei optando por ficar no Setor A.

O Setor R é mais caro, você tem um conforto um pouco maior, pois a arquibancada é coberta, porém a visão da pista é mais limitada. O Setor A, apesar de ser mais barato, possibilita uma visão da pista muito melhor, conseguindo acompanhar o início da reta principal, final da reta oposta e uma parte do miolo do circuito, além de poder ver a entrada dos boxes e um pedaço do pódio. Na parte que não  temos a visão , há telões (nesse ano colocaram maiores), assim você não perde nada.

´Ônibus que nos levou até o setor A

Apesar de não ser coberta, a arquibancada possui sombra proveniente de várias árvores ali existentes, então dependendo do horário que você chega, dá sim para se proteger do sol. Acredito que somando-se o custo com a visão privilegiada, o custo benefício do setor A é imbatível.

Esse ano havia também o diferencial de no sábado ocorrer a Sprint Race, modalidade de classificação criada para decidir o grid de largada da corrida de domingo. A Sprint Race é uma corrida menor (A de Interlagos tinha 24 voltas), com distribuição de pontos para os três primeiros colocados. Então,  ingresso deste ano dava direito a duas corridas!

O que chamou atenção na corrida de sábado, além do show de ultrapassagens de Lewis Hamilton, foi a brusca mudança de temperatura em pouco mais de duas horas. De um sol escaldante para um vento extremamente frio, sendo que quem tinha vestiu rapidamente seus agasalhos!


No tocante à chegada ao autódromo, há diversos meios, mas o mais eficiente sem dúvida é o transporte público (seja ônibus expresso e mais ainda, o metrô). No passado , já fui de táxi até Interlagos, entretanto além de ser caro, é sujeito aos engarrafamentos ao chegar no autódromo.

Esse ano a organização resolveu não disponibilizar os ônibus expressos. Esse tipo de transporte saia de lugares pré determinados da cidade e ia diretamente, sem paradas, até o autódromo, deixando exatamente nos portões de acordo com o seu ingresso. Esse é o meio mais tranquilo e cômodo de ir, e infelizmente esse ano não existiu.

Então fomos de metrô . Eu acho o metrô de São Paulo extremamente eficiente e seguro, o único problema é que para quem não está acostumado, é um pouquinho complicado de entender as conexões e sentidos, mas nada que alguns dias de prática não resolva. Existe uma estação chamada autódromo, a qual é a que usamos para descer e ir para Interlagos. 

Acontece que o setor mais próximo da estação é o G (uns quinhentos metros). Quem fica no Setor A, tem que caminhar uns três quilômetros até o portão ,sendo que uma das ruas é uma pequena subida. Neste momento é a hora de mostrar o preparo físico!

Para ajudar nessa questão, no domingo do dia da corrida, colocaram uma linha de ônibus especial, que tinha como ponto de partida a frente da estação de trem Interlagos, e no seu percurso passaria por todos os portões de entrada de todos os setores de ingressos do circuito. Não sei se o público da corrida sabia dessa opção, pois quando entramos no ônibus, o mesmo encontrava-se praticamente vazio. Com isso chegamos rapidamente na entrada do portão A.

Parte da visão do Setor A

Esse ano, por conta da Pandemia de Covid-19, foi exigido a comprovação de vacinação . Só que diferentemente dos demais eventos, a comprovação era feita por meio de um aplicativo, onde você anteriormente tinha que se cadastrar e enviar dados da vacinação (data, número do lote, fabricante, etc), para posteriormente atualizar esse aplicativo com seus dados e usá-lo como passaporte para adentrar o circuito.

Dentro do circuito, esse ano havia mais opções de comida nas barracas para venda.A organização veta grande parte dos alimentos que você tenta levar, já ocorreu de ter que jogar fora frutas que tinha levado, mas curiosamente, nesse ano que não levei nada, a revista pessoal nem questionou nada a respeito.

Ainda sobre alimentação, agora em 2021 havia para venda churrasco (só a carne), cachorro quente, hambúrguer e pipoca. Para beber havia água (em uma caixa de papelão parecendo aquelas de suco), refrigerantes e cerveja Heineken (patrocinadora da corrida). Os preços são salgados, mas por uma tarde dá para sobreviver. Os banheiros são limpos e organizados , porém acredito que poderiam haver mais, pois em alguns momentos formavam-se filas.

Existia também algumas barracas de venda de lembranças , camisas e bonés oficiais da Formula 1 e suas equipes. Acredito que os produtos estejam cotados em Libras e convertidos para o Real, pois um boné oficial da Equipe Mercedes custava R$900 , uma camisa da Equipe Ferrari custava R$1.200. Camisas comemorativas de Ayrton Senna custavam  R$350. 

Uma das barracas de venda de artigos oficiais 

Sobre a corrida, a mesma  foi fantástica. Acho que  das que lá estive somente não foi melhor do que a de 2008 (Aquela que Felipe Massa perdeu o título na última curva da última volta), mas com certeza, esse Grande Prêmio do Brasil de 2021 (Esse ano passou-se a chamar Grande Prêmio de São Paulo) foi o mais organizado dos que eu pude estar presente.

Percebi também uma grande presença de jovens e adolescentes de ambos os sexos. Não sei se é efeito da série da Netflix “Drive to Survive”, mas com certeza, o público do circuito ficou mais heterogêneo. 

Parte de trás da Arquibancada do Setor A

No mais, foi uma experiência fantástica. Quem gosta de automobilismo , aconselho fortemente a ir pelo menos uma vez acompanhar a Formula 1 de perto. Escutar o barulho dos motores e sentir o cheiro da gasolina sendo queimada é algo que só mesmo estando lá para vivenciar.

Além disso, indo assistir a corrida , temos a oportunidade de ir a São Paulo, cidade que ao mesmo tempo que assusta, encanta pelo seu gigantismo, contradições essas que me fizeram cultivar admiração por aquela cidade. Qualquer dia eu faço um post só sobre São Paulo, que curiosamente é a cidade fora do Maranhão que eu mais visitei!

Então, é isso, abaixo vocês podem ver mais algumas fotos que tirei durante o final de semana da corrida.

Escultura presente no Setor A

Visão do Setor A

Público invadindo a pista após o término da corrida




sábado, 2 de outubro de 2021

O avanço das IAs

Eu demorei um pouquinho a voltar a escrever sobre inteligências artificiais (IA) ou como costumam abreviar no inglês - Artificial Inteligência (AI) e confesso que tenho sido atropelado pelas novidades da área que não param de pipocar. No passado escrevi esses textos sobre inteligência artificial que você pode ver clicando aqui. Nesses textos tento demonstrar a variedade das áreas de aplicação de inteligência artificial. Pois bem soluções de inteligência artificial são aplicáveis em qualquer área. Segue abaixo algumas descobertas recentes e espero que você veja valor nesses avanços. Apesar dos exemplos que apresento aqui, saiba que o uso de inteligência artificial é amplo e irrestrito.

1. Hua Zhibing. Tive muitas dificuldades de checar devido a língua mas a informação é que Hua Zhibing é uma estudante virtual da Universidade de Tsinghua. Hua Zhibing apresentou-se no vídeo abaixo na rede social Weibo. Segundo dados de outros sites listados nas referências Hua Zhibing é "viciada" em literatura e arte desde que nasceu. É baseada no sistema de modelagem Wudao 2.0. Segundo Tang Jie, um dos principais desenvolvedores, Hua utiliza 1.75 trilhão de parâmetros para simular conversas, escrever poemas e entender imagens.

 

Sendo bastante sincero a barreira da língua não permitiu coletar informações sobre como anda o desempenho de Hua como aluna, se é o orgulho dos professores ou se está levando bomba em Semiótica II. Se o objetivo principal for o aprendizado, Hua pode se aplicar 24 horas por dia sem se cansar. podemos pensar em quanto tempo ela concluirá o curso ? Para mim é bem difícil descobrir tais informações pois as fontes foram ágeis em divulgar a criação de Hua mas extremamente sovinas em dar mais detalhes de sua performance.

2. A 10ª Sinfonia de Beethoven. O Instituto Karajan da Áustria incumbiu uma comissão para desenvolver uma IA que aprenderia a obra de Beethoven, identificaria tudo sobre seu estilo e a partir dos rascunhos da 10ª Sinfonia, finalizaria sua sinfonia incompleta. Seria o que podemos apontar como o mais aproximado da sinfonia que Beethoven faria. Dúvidas... veja no vídeo abaixo.

 

Como diletante amador em música, a 10ª Sinfonia soou bastante Beethoven como teria soado qualquer outro compositor. Somente ouvidos experientes e conhecedores a fundo da matéria poderiam apontar erros de estilo, andamento, composição ou algo do tipo. Para mim está aprovado. Aguardo ansioso a 11ª Sinfonia.

3.  GPT-3. As últimas novidades são relacionadas às áreas de desenvolvimento. A GPT-3 é uma IA aberta que promete converter linguagem natural em linguagem de programação. O que é uma avanço significativo depois das iniciativas de low-code (desenvolvimento com pouco código) ou no-code (desenvolvimento utilizando principalmente gráficos e composição de elementos) que prometiam abstrair as habilidades de desenvolvedores, diminuindo ainda mais a barreira de desenvolvimento. Pois bem a GPT-3 baixa ainda mais esta barreira permitindo a conversão de códigos diretos do inglês para a linguagem da Microsoft que viabiliza a conversão - a Power Fx. 

Esses avanços de IA em programação sempre deixa muita gente da área de TI em polvorosa pois mesmo o mercado de programação sendo relativamente atraente, as vagas estão sempre em risco em função de que um concorrente possa fazer mais, melhor e com menos custo, seja uma software house com uma solução pronta, seja um estagiário indiano. E de repente bum ! Algo assim pode mandar o desenvolvedor local, a software house e o estagiário indiano para aumentarem a frota de Uber da cidade.

4.Codex. A OpenIA Codex é a melhor IA que converte linguagem natural em linguagem de programação tais como JavaScript, Python e PHP entre outras. O modelo do Codex é o mesmo usado no Copilot do Github. OpenAI Codex é o descendente de outro modelo, o GPT-3, porém é especializado em receber como entrada texto corrido e a partir dessa entrada devolve um código funcional. Veja um exemplo abaixo.

Apesar das muitas vantagens apresentadas não encontrei muitos outros casos de usos nem do Codex, nem do GPT-3, mas eles deverão aparecer, principalmente se tiverem sucesso na resolução de problemas propostos. Às equipes de desenvolvimento de TI e áreas negociais restará capricharem no inglês para que tais ferramentas se provem. Mas não há como não admitir que tais avanços são dignos de nota e serão mais importantes ainda se um belo dia em vez de baixar uma IDE para escrever um código sua primeira opção seja baixa os módulos para só dar direcionamentos ao Codex e similares.  

 Referências:

1. Hua Zhibing:

https://www.odditycentral.com/technology/meet-chinas-first-ai-powered-virtual-university-student.html

https://epaper.chinadaily.com.cn/a/202106/10/WS60c1508ea31099a234356c12.html

2. A 10ª Sinfonia de Beethoven

https://tecnoblog.net/meiobit/447066/ia-conclui-10a-sinfonia-beethoven/

3. GPT-3

https://techcrunch.com/2021/05/25/microsoft-uses-gpt-3-to-let-you-code-in-natural-language/ 

4. Codex da OpenIA

https://openai.com/blog/openai-codex/

sábado, 28 de agosto de 2021

Antifrágil, de Nassim Taleb

Edição de 2014
Li "Antifrágil". Apesar de na minha avaliação ser um bom livro, eu não fiz uma leitura de qualidade, demorei muito na leitura, intervalando muitos dias na leitura dos capítulos. Creio que isso tenha prejudicado a leitura porém ainda assim é livro que merece um comentário mais demorado. Os capítulos não são tão longos ou excessivamente técnicos que dificultassem a leitura, foi mais falta de disciplina pessoal. Porém ainda assim vi virtudes no livro.

Antifrágil de Nassim Taleb foi publicado em 2012 e desde o primeiro momento trabalha as definições do seu arcabouço de termos que usa ao longo do livro. A principal definição é "Antifrágil" que ele revisita ao longo de todo o livro. Antifrágil não é o contrário de frágil. O contrário de frágil é robusto. Tudo que tem boa resistência ou resiliência pode ser classificado como robusto. Antifrágil é tudo que melhora com as dificuldades, crises, problemas, tudo que se beneficie de situações contrárias e difíceis. Ao percorrer os capítulos Taleb usa termos associados como mitridificação, hormese, convexidade, concavidade, iatrogenia, estratégia barbell, assimetria favorável, academicismo, senso comum, etc. Eventualmente Taleb cita o "cisne negro" termo que veio de outro livro dele "A lógica do cisne negro" (The black swan) lançado em 2007. Há uma ligação entre as duas publicações. Em "A lógica do cisne negro", Taleb trabalha principalmente aleatoriedade e imprevisibilidade. Basicamente deixa claro que por mais informações que temos há um eventos aleatórios que simplesmente não conseguimos prever tais como os cisnes negros. No passado todos os cisnes eram brancos até que apareceu cisnes negros evento que surpreendeu a todos e todo evento de grande impacto não deixa de ser um cisne negro como o ataque de 11 de setembro de 2001, a crise do subprime de 2008, ou pandemia do Covid19. Pois se fosse possível prevê-lo o evento teria sido pelo menos mitigado. 

Edição de 2020

Em "Antifrágil", Taleb tenta mostrar que a melhor forma de fortalecer a si próprio, fortalecer empresas, instituições e a sociedade é se expor a estresses (problemas, dificuldades, crises, etc) crescentes, graduais e contínuos. Essa exposição e mais a recuperação do dano, associado a opções de redundância levará a antifragilidade. Taleb afirma que virá uma evolução constante desses caos múltiplos de vida, luta e morte. No curto e médio prazo, os indivíduos se tornarão mais fortes, porém os indivíduos passarão pois não são eternos, mas no longo prazo a humanidade prevalecerá. Há vários exemplos no livro e vou citar só exemplo de que grandes incêndios em florestas são evitados pela ocorrência de pequenos incêndios frequentes em áreas pequenas que consumem o material mais combustível e que não se espalham e dessa frequência de baixa intensidade é que um evento maior não ocorre.

Como só temos uma vida e ela é finita, a nós nos interessa a nossa própria vida, assim Taleb indica a mesma receita: estressar o corpo e a mente, recuperá-los e repetir o ciclo. No que diz a vida pessoal Taleb vê com desconfiança inovações nos tratamentos de saúde que implicam em risco para os pacientes e benefício pessoal ou financeiro para os médicos. Cirurgias eletivas devem ser seriamente analisadas. Novos hábitos e tratamentos podem ser prejudiciais até que se confirmem realmente benéficos. Por exemplo: o tabagismo foi muito incentivado antes de provar realmente maléfico.

Taleb valoriza todas as antigas práticas das sociedades como práticas que permaneceram e que favoreceram a melhoria e a longevidade. Taleb é crítico ferrenho do academicismo que despreza o senso comum, conhecimento vindo da vivência e da tentativa e do erro (mentalidade Soviet-Harvard). Tais academicistas repetem continuamente que os problemas serão resolvidos com mais pesquisas e teorias, porém suas teorias não se verificam pela realidade aleatória do mundo.

Na verdade Taleb debocha e despreza experts, conselheiros, analistas de mercado, agentes de governo ou que trabalham em órgãos de governo que não estão comprometidos com suas decisões ou conselhos. Taleb cunha o termo "Síndrome de Stiglitz" em referência a Joseph Stiglitz que fez análise super favorável antes da crise do subprime de 2008. E pior além de levar ao erro e a prejuízos esses especialistas depois são laureados, reconhecidos e recompensados. Taleb parece aprofundar esta temática em seu novo livro de 2018 "Arriscando a própria pele" (Skin in the game) que não li, mas a associação é evidente.

Antifrágil vale a leitura !!

============

Referências:

Antifrágil (Antifragile)

A lógica do cisne negro (The black swan)

Arriscando a própria pele (Skin in the game)

 

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Raposa em 2021


Em julho de 2021 fiz um passeio de barco no município de Raposa. Raposa é um dos quatro município da Ilha de São Luis, foi emancipado em 1994, separando-se do município de Paço do Lumiar. Raposa está na parte mais setentrional da ilha sendo banhado pelo Oceano Atlântico.

O passeio que fiz está bem popularizado entre a população e turistas que visitam a cidade sendo comercializado como pacote padrão por R$50,00 por pessoa. O passeio tem duração de 4 horas no barco com todos os protocolos sanitários e da Marinha sendo atendidos (colete para todos os participantes). Na hora da partida com maré baixa era visível a quantidade de dezenas de barco que fazem o passeio. Era um domingo no mês de férias então posso dizer que estava bem frequentado. Num outro dia e num mês de menos concorrência o passeio pode ser mais tranquilo.


O barco fez três paradas para os tripulantes banharem, fotografarem (fauna e flora exuberantes), comerem (sim o barco tem a estrutura para grelhar frutos do mar e preparar outros pratos, além de suprir bebidas e música ambiente mesmo com o barulho intermitente do motor) e ficarem um tempo pela areia. Como é um ambiente em efervescência há várias opções de passeios (barco, caiaque, jetski), percursos, tamanho do barco (há opções para mais de 30 tripulantes). 

Raposa era no passado uma colônia de pescadores e sua vocação marítima e pesqueira continua de modo que há atrativos da culinária local com peixes e mariscos bem como o itens da cultura pesqueira e artesanal. 


 

Como opção turística está bom e pode melhorar, seja aprimorando os serviços seja incluindo mais opções para atrair mais turistas, mas isto só o tempo dirá.

Fiz o vídeo abaixo resumindo o passeio.

 

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Einstein, sua vida, seu universo (parte 2)

A visão econômica de Einstein.

O livro descreve Einstein como um social democrata, por vezes rejeitando uma vida de ostentação, rejeitando também o modo de vida burguês (principalmente nos anos difíceis de início de carreira). Einstein passou por duas guerras mundiais. A primeira ele vivia na Alemanha. Sua vida profissional foi bem variada de 1901 até 1935 quando fixou-se em Princeton (EUA). Ele ficou no Escritório de Patentes de 1901 a 1908. Então rodou pela Universidade de Berna, Universidade de Zurique, Universidade de Praga, voltou para Zurique (Instituto Federal de Tecnologia de Zurique) e em 1914 foi para Berlim onde se tornou diretor do Instituto Kaiser Guilherme de Física (1914-1932) e professor da Universidade de Berlim, também se tornou um membro da Academia Prussiana de Ciências. Sua condição financeira foi sempre melhorando durante os anos, porém nos anos da primeira guerra a situação se tornou difícil devido a desvalorização do marco alemão. Einstein vivia na Alemanha, mas sua ex-esposa vivia na Suíça com os filhos, o que torna a vida bem difícil, nesta época ele já havia se envolvido com sua prima legítima divorciada e com quem se casaria e viveria com ele até a morte em 1936. Ou seja em todo esse tempo havia sempre alguém que cuidava da vida cotidiana e financeira de Einstein e assim ele poderia se dedicar a Física e estudos. Como exemplo o livro descreve a negociação de Einstein para Princeton. O principal negociante para a contratação de Einstein foi Abraham Flexner. A certa altura Flexner pergunta quanto Einstein gostaria de ganhar (anualmente) e ele respondeu: U$3000,00. Flexner fez cara de surpresa e Einstein rematou: "Daria para viver com menos ?" Então Flexner que esperava uma quantia maior devolveu: "Deixe-me tratar isto com a Sra Einstein". Depois da negociação com Elsa Einstein chegaram a U$10000,00 que foi reajustado depois que o financiador do Instituto de Estudos Avançados - Louis Bamberger, soube que as outras estrelas do Instituto ganhavam U$15000,00. Bamberger não aceitou que Einstein ganhasse menos que os outros. Apesar de ser só um exemplo, pela leitura do livro não podemos afirmar que Einstein fosse cuidadoso no trato com dinheiro. Não era perdulário ou esbanjador porém parece ser o tipo de preocupação que deixava para a Sra. Einstein cuidar. Depois que Elsa Einstein faleceu em 1936, a secretária de Einstein - Helen Dukas, deve ter herdado a função. Mas o livro não se aprofunda na visão econômica de Einstein, dá vislumbres ao relatar certos eventos como na negociação do seu divórcio de Mileva Marić. Pelo que encerro aqui esse tópico.

A visão política de Einstein

O livro destaca o principal traço político de Einstein é o pacifismo. Pacifismo do tipo que propunha desarmamento mundial e governo supranacional para coibir guerras, desobediência civil para não cumprir o serviço militar. Nos dias atuais o globalismo, "governança mundial" e mecanismos para coibir ou incentivar certas políticas em outras sociedades (que não a guerra) conta com certa simpatia por parte de grupos ao redor do mundo. Entretanto o pacifismo de Einstein foi se modificando ao longo do tempo, depois da primeira guerra era especialmente engajado na causa com organizações e manifestos pacifistas. Porém com a subida do partido nazista na Alemanha e com a Alemanha se rearmando, Einstein abandonou o pacifismo extremo e defendia que os demais países da Europa deviam se armar, defender-se e dissuadir a Alemanha. Einstein chegou a declarar, quando tinha fugido da Alemanha e estava temporariamente na Bélgica que se fosse jovem ele mesmo se alistaria para defender o país contra a Alemanha nazista. 

Como todo partidário que se afasta da causa e toma uma posição mais central e passa a ser rechaçado pelos movimentos mais extremos, assim Einstein passa a ser tratado pelos pacifistas e pelos não pacifistas. 

A sua associação com grupos pacifistas por vezes era aproveitada por grupos que apoiavam causas que Einstein discordava. Quase sempre, grupos que utilizavam o pacifismo como fachada tentava atrair Einstein para apoiar a causa comunista ou soviética. Segundo o livro, Einstein repelia qualquer movimento que implicasse na supressão de liberdade dos indivíduos, por isso nunca se aceitou visitar a União Soviética e na medida do possível se esquivava de grupos pró-soviéticos. Porém Einstein pelo menos nos 10 anos iniciais da Revolução Soviética aceitou o "sacrifício" que dirigentes soviéticos infligiam a população e a opositores políticos em nome da luta pela causa comunista contra o capitalismo. Quando viu que o sacrifício já tinha passado dos limites deixou a indulgência de mais esse experimento e condenou (atrasado) as práticas da União Soviética.

Einstein foi o catalisador que chamou atenção ao governo americano para a preocupação dos físicos nucleares húngaros (judeus húngaros refugiados) sobre o grande poder de uma bomba nuclear. A partir desse alerta os físicos húngaros foram recrutados e foi criado o projeto Manhattan que criou a primeira bomba atômica. Einstein não teve participação na construção da bomba, porém alertou o governo americano pois se a Alemanha desenvolvesse tal bomba a guerra seria mais longa e mais fatal.

Uma vez derrotada a Alemanha e todo o horror da Segunda Guerra Mundial em que as primeiras bombas foram lançadas com o prejuízo de milhares de mortes civis inocentes. Einstein voltou a falar sobre pacifismo e desarmamento, associou-se a outros cientistas para alertarem as pessoas sobre o perigo de uma guerra nuclear.

A visão religiosa de Einstein

Albert Einstein e Baruch Spinoza
 No aspecto religioso, Einstein sofreu como quando abandonou o pacifismo mais extremo. Einstein não era ateu, porém também não era teísta. O que lhe rendia ataques de ateus e de teístas de modo geral. O livro traz muitos fatos e eventos desse aspecto da vida de Einstein pois ao longo da vida ele foi se apegando ao seu legado judeu, sem porém abraçar o judaísmo. Quando ainda vivia na Suíça e havia fundado a Akademie Olympia junto com os amigos Conrad Habicht e Maurice Solovine. Na qual discutiam Física e Filosofia. Nesses encontros discutiam livros e pensadores tais como "The Grammar of Science", de Karl Pearson, "Analyse der Empfindungen" de Ernst Mach, "Wissenschaft und Hypothese" de Henri Poincaré, "A System of Logic" de John Stuart Mill, "Treatise of Human Nature" de David Hume e "Ethics" de Baruch Spinoza. O pensamento deísta de Spinoza foi o que mais próximo caracterizou o pensamento religioso de Einstein. Sendo que Spinoza foi, no seu tempo, expulso da sinagoga e rejeitado por cristãos. 

Como figura pública e também privativamente tratou com pessoas de todas as orientações religiosas e teve embates e homenagens de rabinos, bispos, pastores e ateus. Mas manteve-se firme em sua posição e em 1932, Einstein, quando morava em Caputh na Alemanha, escreveu e gravou seu credo, que resume sua visão religiosa. Einstein acreditava que Deus existe e criou o mundo mas não se relaciona pessoalmente com seu mundo criado. Há declarações elogiosas de Einstein acerca de Jesus em uma entrevista dada a George Sylvester Viereck (para ver a entrevista clique aqui). Einstein se dizia fascinado pela figura luminosa do Nazareno. Esse fascínio se refere ao Jesus histórico, porém não como Filho de Deus. Na mesma entrevista Einstein se diz também fascinado pelo panteísmo de Spinoza, além de rejeitar o livre arbítrio (defendido pelo judaísmo e várias correntes cristãs) e defender o determinismo. Este pensamento implica que os homens sempre agirão conforme as causas se que lhe apresentam e nunca de fato decidirão por si.

Para finalizar eis o Credo de Einstein, lido pelo próprio:


===========

Referências:

Credo de Einstein em alemão - https://www.einstein-website.de/z_biography/credo.html

Credo de Einstein traduzido para português - https://www.misteriosdouniverso.net/2015/02/o-credo-de-einstein.html

Entrevista de Einstein a George Viereck - https://documentop.com/what-life-means-to-einstein-an-interview-by-george-sylvester-viereck_59fadebd1723dd86ce10a2d9.html

The Grammar of Science - Karl Pearson (em inglês)

Analyse der Empfindungen - Ernst Mach (em alemão)

Wissenschaft und Hypothese - Henri Poincaré (em alemão)

A System of Logic - John Stuart Mill (em inglês)

Treatise of Human Nature - David Hume (em português)

Ethics - Baruch Spinoza (em português)

Einstein, sua vida, seu universo