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sábado, 28 de agosto de 2021

Antifrágil, de Nassim Taleb

Edição de 2014
Li "Antifrágil". Apesar de na minha avaliação ser um bom livro, eu não fiz uma leitura de qualidade, demorei muito na leitura, intervalando muitos dias na leitura dos capítulos. Creio que isso tenha prejudicado a leitura porém ainda assim é livro que merece um comentário mais demorado. Os capítulos não são tão longos ou excessivamente técnicos que dificultassem a leitura, foi mais falta de disciplina pessoal. Porém ainda assim vi virtudes no livro.

Antifrágil de Nassim Taleb foi publicado em 2012 e desde o primeiro momento trabalha as definições do seu arcabouço de termos que usa ao longo do livro. A principal definição é "Antifrágil" que ele revisita ao longo de todo o livro. Antifrágil não é o contrário de frágil. O contrário de frágil é robusto. Tudo que tem boa resistência ou resiliência pode ser classificado como robusto. Antifrágil é tudo que melhora com as dificuldades, crises, problemas, tudo que se beneficie de situações contrárias e difíceis. Ao percorrer os capítulos Taleb usa termos associados como mitridificação, hormese, convexidade, concavidade, iatrogenia, estratégia barbell, assimetria favorável, academicismo, senso comum, etc. Eventualmente Taleb cita o "cisne negro" termo que veio de outro livro dele "A lógica do cisne negro" (The black swan) lançado em 2007. Há uma ligação entre as duas publicações. Em "A lógica do cisne negro", Taleb trabalha principalmente aleatoriedade e imprevisibilidade. Basicamente deixa claro que por mais informações que temos há um eventos aleatórios que simplesmente não conseguimos prever tais como os cisnes negros. No passado todos os cisnes eram brancos até que apareceu cisnes negros evento que surpreendeu a todos e todo evento de grande impacto não deixa de ser um cisne negro como o ataque de 11 de setembro de 2001, a crise do subprime de 2008, ou pandemia do Covid19. Pois se fosse possível prevê-lo o evento teria sido pelo menos mitigado. 

Edição de 2020

Em "Antifrágil", Taleb tenta mostrar que a melhor forma de fortalecer a si próprio, fortalecer empresas, instituições e a sociedade é se expor a estresses (problemas, dificuldades, crises, etc) crescentes, graduais e contínuos. Essa exposição e mais a recuperação do dano, associado a opções de redundância levará a antifragilidade. Taleb afirma que virá uma evolução constante desses caos múltiplos de vida, luta e morte. No curto e médio prazo, os indivíduos se tornarão mais fortes, porém os indivíduos passarão pois não são eternos, mas no longo prazo a humanidade prevalecerá. Há vários exemplos no livro e vou citar só exemplo de que grandes incêndios em florestas são evitados pela ocorrência de pequenos incêndios frequentes em áreas pequenas que consumem o material mais combustível e que não se espalham e dessa frequência de baixa intensidade é que um evento maior não ocorre.

Como só temos uma vida e ela é finita, a nós nos interessa a nossa própria vida, assim Taleb indica a mesma receita: estressar o corpo e a mente, recuperá-los e repetir o ciclo. No que diz a vida pessoal Taleb vê com desconfiança inovações nos tratamentos de saúde que implicam em risco para os pacientes e benefício pessoal ou financeiro para os médicos. Cirurgias eletivas devem ser seriamente analisadas. Novos hábitos e tratamentos podem ser prejudiciais até que se confirmem realmente benéficos. Por exemplo: o tabagismo foi muito incentivado antes de provar realmente maléfico.

Taleb valoriza todas as antigas práticas das sociedades como práticas que permaneceram e que favoreceram a melhoria e a longevidade. Taleb é crítico ferrenho do academicismo que despreza o senso comum, conhecimento vindo da vivência e da tentativa e do erro (mentalidade Soviet-Harvard). Tais academicistas repetem continuamente que os problemas serão resolvidos com mais pesquisas e teorias, porém suas teorias não se verificam pela realidade aleatória do mundo.

Na verdade Taleb debocha e despreza experts, conselheiros, analistas de mercado, agentes de governo ou que trabalham em órgãos de governo que não estão comprometidos com suas decisões ou conselhos. Taleb cunha o termo "Síndrome de Stiglitz" em referência a Joseph Stiglitz que fez análise super favorável antes da crise do subprime de 2008. E pior além de levar ao erro e a prejuízos esses especialistas depois são laureados, reconhecidos e recompensados. Taleb parece aprofundar esta temática em seu novo livro de 2018 "Arriscando a própria pele" (Skin in the game) que não li, mas a associação é evidente.

Antifrágil vale a leitura !!

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Referências:

Antifrágil (Antifragile)

A lógica do cisne negro (The black swan)

Arriscando a própria pele (Skin in the game)

 

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Einstein, sua vida, seu universo (parte 2)

A visão econômica de Einstein.

O livro descreve Einstein como um social democrata, por vezes rejeitando uma vida de ostentação, rejeitando também o modo de vida burguês (principalmente nos anos difíceis de início de carreira). Einstein passou por duas guerras mundiais. A primeira ele vivia na Alemanha. Sua vida profissional foi bem variada de 1901 até 1935 quando fixou-se em Princeton (EUA). Ele ficou no Escritório de Patentes de 1901 a 1908. Então rodou pela Universidade de Berna, Universidade de Zurique, Universidade de Praga, voltou para Zurique (Instituto Federal de Tecnologia de Zurique) e em 1914 foi para Berlim onde se tornou diretor do Instituto Kaiser Guilherme de Física (1914-1932) e professor da Universidade de Berlim, também se tornou um membro da Academia Prussiana de Ciências. Sua condição financeira foi sempre melhorando durante os anos, porém nos anos da primeira guerra a situação se tornou difícil devido a desvalorização do marco alemão. Einstein vivia na Alemanha, mas sua ex-esposa vivia na Suíça com os filhos, o que torna a vida bem difícil, nesta época ele já havia se envolvido com sua prima legítima divorciada e com quem se casaria e viveria com ele até a morte em 1936. Ou seja em todo esse tempo havia sempre alguém que cuidava da vida cotidiana e financeira de Einstein e assim ele poderia se dedicar a Física e estudos. Como exemplo o livro descreve a negociação de Einstein para Princeton. O principal negociante para a contratação de Einstein foi Abraham Flexner. A certa altura Flexner pergunta quanto Einstein gostaria de ganhar (anualmente) e ele respondeu: U$3000,00. Flexner fez cara de surpresa e Einstein rematou: "Daria para viver com menos ?" Então Flexner que esperava uma quantia maior devolveu: "Deixe-me tratar isto com a Sra Einstein". Depois da negociação com Elsa Einstein chegaram a U$10000,00 que foi reajustado depois que o financiador do Instituto de Estudos Avançados - Louis Bamberger, soube que as outras estrelas do Instituto ganhavam U$15000,00. Bamberger não aceitou que Einstein ganhasse menos que os outros. Apesar de ser só um exemplo, pela leitura do livro não podemos afirmar que Einstein fosse cuidadoso no trato com dinheiro. Não era perdulário ou esbanjador porém parece ser o tipo de preocupação que deixava para a Sra. Einstein cuidar. Depois que Elsa Einstein faleceu em 1936, a secretária de Einstein - Helen Dukas, deve ter herdado a função. Mas o livro não se aprofunda na visão econômica de Einstein, dá vislumbres ao relatar certos eventos como na negociação do seu divórcio de Mileva Marić. Pelo que encerro aqui esse tópico.

A visão política de Einstein

O livro destaca o principal traço político de Einstein é o pacifismo. Pacifismo do tipo que propunha desarmamento mundial e governo supranacional para coibir guerras, desobediência civil para não cumprir o serviço militar. Nos dias atuais o globalismo, "governança mundial" e mecanismos para coibir ou incentivar certas políticas em outras sociedades (que não a guerra) conta com certa simpatia por parte de grupos ao redor do mundo. Entretanto o pacifismo de Einstein foi se modificando ao longo do tempo, depois da primeira guerra era especialmente engajado na causa com organizações e manifestos pacifistas. Porém com a subida do partido nazista na Alemanha e com a Alemanha se rearmando, Einstein abandonou o pacifismo extremo e defendia que os demais países da Europa deviam se armar, defender-se e dissuadir a Alemanha. Einstein chegou a declarar, quando tinha fugido da Alemanha e estava temporariamente na Bélgica que se fosse jovem ele mesmo se alistaria para defender o país contra a Alemanha nazista. 

Como todo partidário que se afasta da causa e toma uma posição mais central e passa a ser rechaçado pelos movimentos mais extremos, assim Einstein passa a ser tratado pelos pacifistas e pelos não pacifistas. 

A sua associação com grupos pacifistas por vezes era aproveitada por grupos que apoiavam causas que Einstein discordava. Quase sempre, grupos que utilizavam o pacifismo como fachada tentava atrair Einstein para apoiar a causa comunista ou soviética. Segundo o livro, Einstein repelia qualquer movimento que implicasse na supressão de liberdade dos indivíduos, por isso nunca se aceitou visitar a União Soviética e na medida do possível se esquivava de grupos pró-soviéticos. Porém Einstein pelo menos nos 10 anos iniciais da Revolução Soviética aceitou o "sacrifício" que dirigentes soviéticos infligiam a população e a opositores políticos em nome da luta pela causa comunista contra o capitalismo. Quando viu que o sacrifício já tinha passado dos limites deixou a indulgência de mais esse experimento e condenou (atrasado) as práticas da União Soviética.

Einstein foi o catalisador que chamou atenção ao governo americano para a preocupação dos físicos nucleares húngaros (judeus húngaros refugiados) sobre o grande poder de uma bomba nuclear. A partir desse alerta os físicos húngaros foram recrutados e foi criado o projeto Manhattan que criou a primeira bomba atômica. Einstein não teve participação na construção da bomba, porém alertou o governo americano pois se a Alemanha desenvolvesse tal bomba a guerra seria mais longa e mais fatal.

Uma vez derrotada a Alemanha e todo o horror da Segunda Guerra Mundial em que as primeiras bombas foram lançadas com o prejuízo de milhares de mortes civis inocentes. Einstein voltou a falar sobre pacifismo e desarmamento, associou-se a outros cientistas para alertarem as pessoas sobre o perigo de uma guerra nuclear.

A visão religiosa de Einstein

Albert Einstein e Baruch Spinoza
 No aspecto religioso, Einstein sofreu como quando abandonou o pacifismo mais extremo. Einstein não era ateu, porém também não era teísta. O que lhe rendia ataques de ateus e de teístas de modo geral. O livro traz muitos fatos e eventos desse aspecto da vida de Einstein pois ao longo da vida ele foi se apegando ao seu legado judeu, sem porém abraçar o judaísmo. Quando ainda vivia na Suíça e havia fundado a Akademie Olympia junto com os amigos Conrad Habicht e Maurice Solovine. Na qual discutiam Física e Filosofia. Nesses encontros discutiam livros e pensadores tais como "The Grammar of Science", de Karl Pearson, "Analyse der Empfindungen" de Ernst Mach, "Wissenschaft und Hypothese" de Henri Poincaré, "A System of Logic" de John Stuart Mill, "Treatise of Human Nature" de David Hume e "Ethics" de Baruch Spinoza. O pensamento deísta de Spinoza foi o que mais próximo caracterizou o pensamento religioso de Einstein. Sendo que Spinoza foi, no seu tempo, expulso da sinagoga e rejeitado por cristãos. 

Como figura pública e também privativamente tratou com pessoas de todas as orientações religiosas e teve embates e homenagens de rabinos, bispos, pastores e ateus. Mas manteve-se firme em sua posição e em 1932, Einstein, quando morava em Caputh na Alemanha, escreveu e gravou seu credo, que resume sua visão religiosa. Einstein acreditava que Deus existe e criou o mundo mas não se relaciona pessoalmente com seu mundo criado. Há declarações elogiosas de Einstein acerca de Jesus em uma entrevista dada a George Sylvester Viereck (para ver a entrevista clique aqui). Einstein se dizia fascinado pela figura luminosa do Nazareno. Esse fascínio se refere ao Jesus histórico, porém não como Filho de Deus. Na mesma entrevista Einstein se diz também fascinado pelo panteísmo de Spinoza, além de rejeitar o livre arbítrio (defendido pelo judaísmo e várias correntes cristãs) e defender o determinismo. Este pensamento implica que os homens sempre agirão conforme as causas se que lhe apresentam e nunca de fato decidirão por si.

Para finalizar eis o Credo de Einstein, lido pelo próprio:


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Referências:

Credo de Einstein em alemão - https://www.einstein-website.de/z_biography/credo.html

Credo de Einstein traduzido para português - https://www.misteriosdouniverso.net/2015/02/o-credo-de-einstein.html

Entrevista de Einstein a George Viereck - https://documentop.com/what-life-means-to-einstein-an-interview-by-george-sylvester-viereck_59fadebd1723dd86ce10a2d9.html

The Grammar of Science - Karl Pearson (em inglês)

Analyse der Empfindungen - Ernst Mach (em alemão)

Wissenschaft und Hypothese - Henri Poincaré (em alemão)

A System of Logic - John Stuart Mill (em inglês)

Treatise of Human Nature - David Hume (em português)

Ethics - Baruch Spinoza (em português)

Einstein, sua vida, seu universo

domingo, 25 de abril de 2021

Einstein, sua vida, seu universo (parte 1)

Eu conclui a leitura de Einstein, sua vida, seu universo de Walter Isaacson. Li antes (em 2013) do mesmo autor, o livro chamado Steve Jobs. Posso dizer que são ótimas obras, completas, amplamente documentadas e como uma boa biografia o livro cumpre o que promete e aborda cada particularidade da vida do biografado.

Albert Einstein como físico teórico poderia ter pouca coisa a ser dita sobre ele, mas como gênio e celebridade (apesar de físico teórico) foi gerado um vasto acervo de informações, artigos, publicações, livros, biografias autorizadas e desautorizadas e cartas. Some-se a isso, foi descoberto um conjunto de cartas e documentos encontrados nos anos 1980 que lançaram novas luzes sobre eventos do passado.

O tijolo do Walter Isaacson, de 696 páginas, não pode ser adequadamente resumido neste post simples. Como de outras vezes ressalto que meus posts sobre livros, filmes, séries são recortes que explicitam aspectos que eu achei importantes e por isso resolvi registrar. Para algo mais completo e abrangente há toda a bibliografia do livro e muitas referências que podem ser achadas na internet. A obra em si que por mais completa que seja não deixa de ser um recorte. Então meu post é um ultra-hiper-super-recorte do recorte.

Ressalto ainda que há várias resenhas sobre o livro já dão uma visão curta do que foi a vida de Einstein, então vou abordar só que acho realmente importante.

i) Isaacson começa sua obra com o que há sobre a família de Einstein, sua infância e adolescência. Já aí deixa bem claro que Einstein se torna questionador, insolente, contrário a todo tipo de cerceamento da liberdade de expressão e pensamento e contrário à autoridade e obediências em geral. Então mesmo o nazismo longe de existir ele rejeita a rigidez e o militarismo alemão. Ao longo de toda a obra, também salta aos olhos os hobbies de Einstein que eram tocar violino, fumar cachimbos e charutos bem como velejar.

ii) Aos 16 anos, Einstein força a saída de Munique e vai concluir os estudos na Suíça. Aos 17 renuncia a cidadania alemã e fica apátrida até 1901. Einstein completa seus estudos na Suíça, de 1895 a 1896 completa o ensino secundário e de 1896 a 1900, o curso para professor de Física pela Escola Politécnica de Zurique e o doutorado de 1901 a 1905. 

iii) A indisposição e insolência em relação aos professores e superiores, vai lhe prejudicar para conseguir uma vaga nas instituições de ensino como professor.

iv) Einstein tinha grande poder de concentração, o que o afastava de relacionamentos mais pessoais, porém isto era totalmente flexível, para tratar de temas de seu interesse e com os amigos que fez (sim, Einstein conseguia ser caloroso com amigos e galanteador com mulheres) tal concentração o ajudava com experimentos e resolução de problemas, porém quando conveniente se afastava dos problemas mais prosaicos e cotidianos. Em geral, Einstein atendia pedidos de estranhos e até de instituições, o que lhe prejudicou inúmeras vezes durante sua vida pois em boa parte delas ele não fazia ideia do que as instituições defendiam. Ele era muito desatento com relação a pequenos itens e ao cuidado pessoal. Chaves, carteiras, casacos esquecidos com frequência, cabelo esvoaçante por cortar, roupas com algum desalinho. Inúmeras vezes Einstein saia de casa ou do lugar onde estava hospedado à pé, já que ele não quis aprender a dirigir automóveis e não sabia como voltar pois passou boa parte do caminho imerso em pensamentos de modo a não prestar atenção no percurso que estava fazendo.

 

v) Einstein conheceu Mileva Marić, sua amiga na graduação com quem partilhava ideias e trabalho. A amizade evoluiu para um envolvimento sentimental. Einstein teve 3 filhos com Mileva (a primeira filha - Leisel -  nascida antes do casamento, foi entregue para adoção. Não se sabe o paradeiro de Leisel). Mileva não conseguiu ser aprovada no curso. As razões foram variadas e não é possível afirmar com certeza. Pode ter sido por ser mulher - algo raro (mulheres na graduação em Física) à época, seja por dificuldades pessoais - ela era sérvia e vivia longe da família. Mileva terminou tendo que cuidar dos filhos e da casa. A relação com Einstein se deteriorou. Eles casaram-se em 1903 e se divorciaram em 1919. 

vi) O Ano Mirabilis - o último ano da doutorado (1905) - Einstein foi especialmente genial e produtivo. Neste ano Einstein publicou quatro artigos (para detalhamento dos artigos veja aqui neste link) que o tornariam famoso por suas proposições. Einstein havia terminado a graduação e não conseguido vaga como professor por mais que tentasse e devido ao envolvimento com Mileva Marić eles queriam casar e regularizar suas vidas. Pesou para sua pouca empregabilidade seu jeito com os professores da Escola Politécnica, por fim graças a indicação do pai de um amigo ele conseguiu um emprego no Escritório de Patentes. Apesar de não ser um emprego de professor e de pagar pouco, foi de grande ajuda na medida que permitia a Einstein a se concentrar nos problemas de Física e vários dos experimentos propostos tinham relógios e trens. Esses itens estavam na proximidade do Escritório e Einstein os via todos os dias de trabalho.

vii) De 1905 a 1917, seus principais trabalhos foram publicados, Einstein continuou seu trabalho nos anos seguintes, porém depois que publicou seu artigo que descrevia a teoria da relatividade geral (tentativa de juntar a relatividade especial e a lei da gravitação universal de Newton), Einstein tentaria trabalhar no que foi chamado a teoria do campo unificado (teoria da gravitação generalizada). Passou 30 anos rejeitando a mecânica quântica que surgira graças aos seus trabalhos e de outros físicos e tentando formular sua nova teoria. Nesses 30 anos Einstein mesmo não apoiando a mecânica quântica, contribuiu significativamente ao questioná-la com vários experimentos e questionamentos. A mecânica quântica e a teoria do campo unificado foram dois modelos divergentes que tentavam explicar o universo pelos anos de 1920. 

viii) Um dos grandes inspiradores de Einstein foi matemático e físico escocês James Clerk Maxwell que demonstrou que os campos elétrico e magnético estão relacionados e se movem pelo espaço em ondas. Einstein sonhava em fazer algo similar pela Física dando a forma teórica de entender a natureza. Einstein que nos seus anos iniciais foi inovador desprezando certos conceitos amplamente aceitos derrubados por seus artigos e corroborados por experimentos somente anos a frente. Porém depois de agarrar com unhas e dentes às bases do que seria a teoria do campo unificado, Einstein tornou-se conservador e até teimoso em seus pressupostos físicos. Mesmo dando contribuições em várias áreas não avançou mais como avançara nos anos anteriores. Alguns físicos compartilhavam do ponto de vista de Einstein porém o abandonaram diante da não comprovação de seus pressupostos e teorias.

ix) Uma vez que não concordava com a mecânica quântica, Einstein igualmente não se aprofundou na Física Nuclear com suas novas partículas. Não creio que fosse porque tais partículas iriam lançar mais complexidade na sua teoria de tudo, mas porque ele não conseguindo resolver o primeiro grande obstáculo não iria se aventurar no totalmente estranho mundo subatômico.

x) Einstein foi extremamente solidário a todo refugiado expulso da Alemanha nazista. Tanto que os físicos nucleares húngaros que cientes do poder de uma bomba atômica o procuraram para alertar o governo americano de que caso os alemães descobrissem tal poder a guerra estaria perdida. Einstein alertou o presidente americano e daí surgiu o Projeto Manhattan que produziu as primeiras bombas atômicas mas Einstein não teve qualquer outro papel no seu desenvolvimento.

A visão econômica e política e religiosa de Einstein deixarei para outro post. Pois este já está longo e a parte restante requer algo mais elaborado.

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Referências:

Einstein, sua vida, seu universo

Steve Jobs 

Albert Einstein na Wikipedia

domingo, 7 de março de 2021

A CODA de Ray Bradbury

Tempos passados eu consumi algum material sobre o mercado editorial, principalmente alguns vídeos do canal  "Projeto Escrita Criativa". Inclusive escrevi lateralmente algo a respeito do mercado editorial neste post (Silver Linings Playbook - O Lado Bom da Vida - contém SPOILERS). Justamente por isso quero voltar ao assunto depois ao ler Farenheit 451 de Ray Bradbury publicado pela editora Biblioteca Azul. Farenheit 451 é um distopia publicada em 1953. Que ganhou duas adaptações para o cinema e recentemente teve um "revival" devido à polarização política atual, apesar de na trama de Bradbury não haver quase nenhuma disputa política. Há sim, normas que consideramos absurdas mas que parecem ter sido escolhas feitas por aquela sociedade do livro que optou por uma "vida simples" abrindo mão de tudo que a levaria a "sofrer". E na história "vida simples e fuga do sofrimento" significava evitar tudo que fosse complexo, que requeresse pensamento crítico, relacionamento pessoal mais profundo e optaram por uma vida passiva, consumista, drogada e de puro entretenimento. Parece com algo que você vê atualmente ? Eu fiquei me perguntando como uma sociedade dessa se sustentava ?

Pois bem voltando ao tema do post, ao final do livro, terminada a história do livro, há uma "CODA" !
Você não sabe o que é uma coda ? Eu também não sabia. Coda é um termo da área artística e significa o que está abaixo:

No final do livro havia uma coda. Havia uma coda no final do livro. 
E a coda não tratava nada sobre a história em si, mas sobre como pessoas de todos os tipos e lugares entravam em contato com o autor, assediando-o, para ele modificar suas histórias conforme seus interesses.
Ray Bradbury
Bradbury abre seu coração sobre sobre as mais diferentes pressões que lhe chegavam pedindo alterações em seus livros, pressões de leitores, de editoras, de instituições sugerindo alterações sobre como tornar a história mais ao seu pendor, nem que para isso a história fosse empobrecida, desvirtuada, desfigurada, deformada. E num desabafo ele manda às favas todos aqueles com suas pedidos sem sentido, sem alinhamento com a história. Demandas estranhas, alienígenas, sem o traço criador do autor. A coda é um desabafo tentando dissuadir e mostrar quão inconveniente é pressionar um autor para alterar sua criação. Só porque você leu não deve sugerir mudanças como se o escritor fosse um decorador que você contratou para decorar sua sala, como se fosse um profissional contratado para lhe entregar um produto.
 
"...para o quinto dos infernos"
Bradbury literalmente age "...Despachando o conjunto de idiotas para o quinto dos infernos". Para Bradbury, tal atitude assemelha-se aos bombeiros de seu livro Farenheit 451. É uma atitude incendiária, destrutiva. Bradbury deixa claro que sua obra não é negociável. Talvez porque em seu tempo e devido sua história pessoal e claro, devido à posição que havia galgado, ele não aceitaria mudanças, não flexibilizaria situações, personagens e nem sacrificaria seu imaginário porque alguém gostaria que algo diferente acontecesse em suas histórias.
Veja que Bradbury já era famoso e calejado e podia sim fazer tal desabafo, mas o que podemos dizer de novos escritores não publicados e pouco conhecidos ? Para estes a tais sugestões tem outro peso e dificilmente poderão se impor ante a exigências de mudanças.
 
"...Rangendo meus pré-molares até esfarinhá-los"
Para se ter ideia do quão variados são esses achaques uma universidade lhe comunicou que dificilmente ousaria encenar uma peça "Leviathan 99", pois não havia nenhuma mulher nela ! A universidade temia que uma organização feminina iria atacá-los com tacos de beisebol se eles  tentassem  tal apresentação. Bradbury furioso rangendo meus pré-molares até esfarinhá-los, ironizou a situação informando que não mais poderiam apresentar "Os rapazes da banda" (só homens), nem "The women" (só mulheres) nem as peças de Shakespeare que originalmente até os papéis femininos eram desempenhados por homens e que quase todas as boas falas são de homens.

Escrevam seus próprios livros
Nós como consumidores e leitores de conteúdos jamais teremos ideia de tudo que ocorre no processo de produção de obras em geral. Todos os fatores que concorrem para torná-los bons, ruim, ótimos, inovadores, pífios, medíocres, excepcionais, etc. Pois cada elemento envolvido no processo atua de modo a modificar o produto final. Então se hoje temos obras com as quais nos encantamos, criadores, autores que nos surpreendem devemos sim reconhecer o talento e deixá-los ter sua liberdade e licença poética para se aventurar em suas criações e se nada lhe agradar... siga o conselho de Bradbury: "Escrevam seus próprios livros !!" e assim você terá uma criação que será sua imagem e semelhança. 

No parágrafo final da coda Bradbury faz a seguinte analogia com uma partida de beisebol:
 
"Todos vocês, juízes, voltem para as arquibancadas. Árbitros, para os chuveiros. A partida é minha. Eu arremesso, eu rebato, eu apanho. Eu corro as bases. No poente, ganhei ou perdi. No nascente, saio novamente, fazendo a velha tentativa. E ninguém pode me ajudar, nem mesmo vocês."

Última página da coda

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Tops de 2020

De tudo o que fiz em 2020, gostaria de destacar algumas listas com o que julgo ter sido o melhor de 2020. O ano em si foi totalmente atípico, não vou me aprofundar por razões óbvias e indo direto ao ponto.  Gostaria de incluir viagens, corridas e outros eventos, porém vou me ater aos livros, HQ, filmes e séries para não alongar demasiadamente.

Top 5 melhores livros lidos em 2020.

O Lado Bom da Vida
 
1. O Lado Bom da Vida, de Matthew Quick. Consumi em audiobook este livro no qual foi baseado filme de título original "Silver Linings Playbook". História de superação, divertida, tocante. Fiz o seguinte post sobre o livro, para ver clique aqui.
 
 O peso da glória
 
2. O peso da glória, de C. S. Lewis. Li o livro de 9 artigos escritos por C S Lewis e além de sua erudição, forma de escrever rebuscada ele consegue tocar em pontos que em geral passam desapercebidos. Livro muito bom.
 
 A vida na sarjeta
 
3. A vida na sarjeta, de Theodore Dalrymple. Li o livro, também uma coleção de artigos de Dalrymple. Escritos em paralelo com seu trabalho de médico e que destaca um lado da vida inglesa totalmente surpreendente para mim. Creio que há um excesso nas descrições de Dalrymple pois se fosse tudo aquilo a sociedade inglesa já teria sucumbido a mais tempo.


 Por que você acredita ?
 
4. Por que você acredita ?, de K. Scott Oliphint. Li o livro de Oliphint, que é introdutório na defesa da fé cristã. Pontos fundamentais são apontados como argumentos contra várias correntes que se tornaram fortes a partir do século XVI. 
 
Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil
 
5. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, de Leandro Narloch. Consumi em audiobook este livro que mesmo dando a impressão que certos acontecimentos foram de forma muito diversa que costumam ser apresentados a nós. Minha conclusão pessoal é que nem tanto ao mar nem tanto a terra, com certeza parte da visão do livro do Narloch é verdadeira pois há uma historiografia alternativa que embasa seus pontos de vista apresentados.


Top 3 melhores HQ e mangás lidos em 2020

O relatório de Brodeck
1. O relatório de Brodeck - Manu Larcenet. Sem sombra de dúvida esta HQ foi a melhor de 2020, tanto pela história muito densa e pesada quanto pelo traço de Larcenet que traduz todos os dramas e dilemas, entregando uma HQ sem igual.

Cho-no-Michiyuki aka O último voo das borboletas
2. Cho-no-Michiyuki aka O último voo das borboletas - Kan Takahama. A mangaká Takahama fez uma ótima pesquisa e a HQ é cheia de referência históricas e culturais do Japão medieval. Coloca o amor de uma mulher por um homem em meio a rigidez da cultura japonesa de forma sem igual.
 
 O soldador subaquático
3. O soldador subaquático - Jeff Lemire. Esta HQ também traz a temática do enfrentamento de dramas pessoais dos personagens. A metáfora do soldador subaquático é especialmente forte pois implica em solidão, fuga, pressão e afogamento.

Top 10 filmes filmes vistos em 2020
Títulos originais dos filmes com o ano da produção, porém assistidos em 2020.

1. Knives Out (2019). Ótimo thriller com plot twist e tudo mais. Divertido e instigante. 

2. Doctor Sleep (2019). Thriller de terror, sequência de The Shining (O iluminado). 

3. 7 Kogustaki Mucize aka Yedinci Kogustaki Mucize (2019). Lançado no Brasil com o título "O milagre da sela 7" é a versão turca de um filme sul-coreano. Muito tocante e bem feito.


4. A Beautiful Day in the Neighborhood (2019). Filme biográfico sobre Fred Rogers, produtor, diretor, ator, escritor, profissional multitalentoso que trabalhou por décadas na TV produzindo programas infantis. Fiz um post sobre o filme, para ver clique aqui.  
 
5. 1917 (2019). O filme de guerra conta a história de 2 soldados que tem a missão de atravessar as linhas inimigas para entregar uma mensagem que salvaria a vida de vários pelotões de soldados. O diferencial é a imersão profunda advinda da filmagem da câmera em movimento sem cortes dando a sensação de filmagem contínua. 
 
6. Ford v Ferrari (2019). Retrata a disputa ferrenha das marcas Ford e Ferrari nas corridas dos anos 1960, com foco no esforço da Ford que praticamente saiu do zero até superar a Ferrari.
 
7. Greyhound (2020). Filme de guerra naval e a difícil vida do capitão do navio de proteção de comboio Greyhound. Muito bem feito e Tom Hanks com grande atuação no papel do capitão Krause.
 
8. Uncut Gems (2019). Adam Sendler no papel de um judeu viciado em apostas e de vida desregrada. Vivendo na corda bamba em meio vários negócios irregulares e fugindo de agiotas, qual o resultado de tantos fatores ruins ?
 
9. Yesterday (2019). É uma comédia leve de um cantor indiano amador - Jack Malik. Jack é fã dos Beetles, porém de repente cai em uma versão do mundo em que os Beetles não existiram, mas Jack ao perceber que ninguém conhecia as letras e músicas do Beetles, começa lembrar e tocar os sucessos da banda de Liverpool e é catapultado para o estrelato.
 
10. Jojo Rabbit (2019). Jojo é um alemãozinho seguidor de Hitler que descobre uma judia escondida em sua casa. Jojo vai evoluindo com a guerra e aprendendo na prática as facetas ruins do nazismo.

 
 Top 10 séries vistas em 2020
 
 
1. The Last Dance. Melhor série documental do ano, aborda a história vitoriosa de Michael Jordan no Chicago Bulls com enfoque especial na última temporada 1997-1998. É uma série espetacular com muitos momentos de bastidores, treinos, polêmicas, entrevistas. Imperdível para quem viu a explosão da NBA nos anos 1990.
 
2. The Boys. As duas temporadas disponíveis de The boys mostra um mundo dominado por heróis criados por uma empresa. Os heróis vivem como celebridades em busca da aceitação popular nas redes sociais. E vale tudo pelo aparência do politicamente correto apesar de todas as traições, abusos, hipocrisia, luta de egos e mentiras.
 
 3. The Queen's Gambit. Para mim o papel do xadrez na série é o principal destaque. A série entra a fundo no mundo dos torneios e campeonatos de xadrez, apesar de glamourizar em algumas partes. Entretanto preparação, partidas, a luta para se sobrepor aos adversários são verdadeiras. 
 
4. Upload. Série futurista em que as pessoas ao morrerem tem suas consciências transferidas para um mundo virtual. 
 
5. Santos Dumont. Como o nome diz aborda a vida e obra do gênio brasileiro Albert Santos Dumont.
 
6. Watchmen. Outra série de heróis e vilões, porém ao contrário de The boys que lutam, matam, cometem crimes nos dias atuais, Watchmen é ambientada nos anos 60 e os papéis dos personagens alternam-se criando incertezas e plot twists.
 
7. The Spy. Série que conta a história do espião israelense Eli Cohen que chega a se infiltrar no governo e na alta sociedade síria.
 
8. Greatest Events of WWII in Colour. A partir de fotos e filmes da Segunda Guerra Mundial restaurados a história é contada com toda crueldade e crueza de uma guerra completamente desumana.

E foi isso....

sábado, 21 de novembro de 2020

Silver Linings Playbook - O Lado Bom da Vida - contém SPOILERS

De modo totalmente desavisado li ao livro "O lado bom da vida" de Matthew Quick publicado inicialmente em 2008. Como o título não me era muito estranho lembrei do filme homônimo lançado em 2012, estrelado por Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Descobri que o filme fora baseado na obra de Matthew Quick. A atriz Jennifer Lawrence amealhou o Oscar de melhor atriz em 2013 por sua atuação no filme.
 
Assim sendo resolvi assistir ao filme novamente depois de finalizar a leitura do livro e assim ter uma impressão comparativa "quentinha" sobre as obras.
 
Pois bem, o filme modifica em grande parte a obra de Matthew Quick. Óbvio que não tenho como saber se o autor concordou com as alterações. Os contratos de uso de obras variam grandemente e se o autor fica satisfeito com o que recebe não tem porquê se cansar com mutilações de sua obra. Na verdade no mercado editorial depois que a editora compra os direitos de publicação de uma obra, ela se torna praticamente coautora devido a tantas alterações que pode impor. Autores para se proteger do poder financeiro das editoras não aceitam tudo que é estabelecido no contrato e assim atualmente há vários modelos de publicação que vai desde aquele em que o autor assume todos os custos e toda a direção, divulgação, promoção e até mesmo as vendas dos livros deixando somente a impressão para a editora até o outro extremo em que a editora paga pelos direitos e controla todo o processo, restando ao autor comparecer em feiras especializadas e leituras em livrarias para grupos de interesse. Normalmente autores de renome aceitam o segundo modelo mas retém alguma autonomia sobre a obra e autores novos para verem seu primeiro livro publicado terminam viabilizando a publicação pelo primeiro modelo. 
 
A esses modelos veio a modernidade dos livros digitais e grandes editoras entre as quais destaco a maior delas - a Amazon - que oferece a edição, publicação, distribuição e venda de livros na sua plataforma. Para se vislumbrar um pouco das possibilidades, se você tiver um manuscrito devidamente diagramado seu livro estará em até 72 horas à venda em todas as lojas nacionais da Amazon via internet. É como uma tempestade de mudanças num mercado difícil que é o mercado editorial. Essas mudanças favoreceram que autores publiquem seus livros e assim a quantidade de livros publicados é crescente e o mercado consumidor... bem o mercado consumidor precisa ser fomentado. Para saber mais sobre isso, a veja os vídeos do canal "Projeto Escrita Criativa".

Mesmo com as mudanças, há obras que fazem sucesso e a obra de Quick é uma delas. Fez tanto sucesso que só 4 anos depois se tornou base para um filme que no ano seguinte é premiado com um Oscar e indicado em várias outras categorias. Isso é um grande sucesso.

Pois bem, se o filme foi bem nas bilheterias, premiado, grande sucesso, tenho que dizer que o livro é muito melhor e realmente vale a pena lê-lo. Na verdade os livros são sempre melhores que os filmes pelo simples fato de ter muito mais tempo e espaço para trabalho o tema, personagens, narrativas, etc. Mas como o filme - Silver linings playbook é outra história, é diferente de que está no livro Silver linings playbook. 

As alterações se estendem do nome dos personagens aos eventos, das personalidades dos personagens a ordem dos acontecimentos. E nessa mistura há muita coisa que aparece e é comprimida no filme e não havia no livro e vice-versa. Não vou listar isso pois é muita coisa, vou me ater ao que acho mais importante - a personalidade de Pat Peoples.
 
Pat Peoples é um professor de história (34 anos) de uma escola secundária (um college) que está internado em uma instituição psiquiátrica em Baltimore depois de flagrar a esposa (Nikki) com um outro professor no banheiro de sua casa. Pat tem um surto psicótico tão forte que ataca o amante e o fere bastante. Para não ser condenado, aceita um acordo em que cede tudo o que tem, aceita também a ficar longe da esposa e tem que ficar internado. A esposa se separa à revelia e casa com outro. A internação dura 4 anos, mas Pat não retém a memória e para ele somente alguns meses se passaram, ele perdeu a memória pelo trauma. Pois bem Pat apesar do surto, de estar em lugar que ele define como o "lugar ruim", de querer genuinamente voltar para sua esposa, Pat é irritantemente otimista, ele muda totalmente seu modo de pensar e agir, rejeita toda ideia contrária ou que indique não retornar para sua esposa.
 
Sua mãe, Jeanie Peoples - a heroína da história na minha opinião - o retira do sanatório assumindo a responsabilidade por qualquer ato descontrolado do filho ainda com problemas, o coloca em sua casa a muito custo financeiro e pessoal. O pai de Pat é a antítese de mãe, não interage com os familiares, vive num mundo autocentrado e vê o filho como um doido de pedra. A família (menos a mãe) é torcedora fanática do time de futebol americano Philadelfia Eagles, essa fixação está presente no convívio família e é um forte catalisador social dos relacionamentos de Pat. Pat tem um irmão mais novo - Jake - que lamenta ter estado ausente no tempo em que ele ficou no "lugar ruim" mas se torna um importante apoio na recuperação de Pat.

Pat, apesar de eventualmente ter momentos de descontrole, de incerteza, de insegurança e impulsividade está fixamente focado em melhorar para retornar para sua esposa (no caso, ex-esposa) e para isso pratica exercícios diária e intensamente, tenta ser mais gentil do que estar certo. Procura interagir com as pessoas mas guardando seus reais pensamentos de cada momento com desconfiança e incerteza pois ele ainda vive à sombra do surto e da reserva, do preconceito de cada um que sabe que ele esteve internado por 4 anos. 
 
Outro fundamento para ser melhor marido é que Pat passa a ler os livros que Nikki ensinava, pois Nikki é professora de literatura. Pat lê e resenha as seguintes obras "Adeus às armas", de Ernest Hemingway,
"A letra escarlate", de Nathaniel Hawthorne, "A redoma de vidro", de Sylvia Plath, "O apanhador no campo de centeio", de J.D. Salinger (eu fiz a resenha deste livro aqui neste link), "As Aventuras de Huckleberry Finn", de Mark Twain. Pat fica à beira de um colapso ao ler livros em que os autores conduzem a história para fins totalmente infelizes e sem sentido, pois Pat não consegue olhar para o céu nublado e não perceber que por trás o sol brilha intenso e soberano. Aqui neste link há a transcrição da resenha de Pat sobre o livro de Hemingway. 

E assim tentando reconstruir a vida destruída por um surto que lhe tirou 4 anos de vida e a autonomia e sustentado por esses fundamentos - a mãe, o irmão, o terapeuta (Dr. Patel), os amigos torcedores dos Eagles, a Invasão Asiática (grupo de indianos fanáticos pelos Eagles) e a aquela que lhe resgata - Tiffany. Tiffany é o outro lado da história, também problemática e quebrada. Tiffany perdeu o controle de sua vida quando o marido morreu atropelado. Assim essas duas pessoas lutando com seus traumas vão se ajudando, insistindo em uma relação difícil, meio ácida, meio rústica mas que conseguem ver o lado bom da vida. Pat consegue superar a ideia que o fez lutar contra tudo para melhorar (que é voltar para a ex-esposa) e passa a melhorar para si mesmo e para Tiffany.  

Meu parecer é que é um ótimo livro, com uma ótima mensagem. Não devemos desistir da vida só porque enxurradas pode nos arrastar e destruir as frágeis bases nas quais nos apoiamos, devemos ver que além do céu tenebroso, o sol brilha intenso e veremos sua luz por fim.

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Livros citados
"Adeus às armas", de Ernest Hemingway;
"A letra escarlate", de Nathaniel Hawthorne;
"A redoma de vidro", de Sylvia Plath;
"O apanhador no campo de centeio", de J.D. Salinger
"O lado bom da vida", de Matthew Quick 

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Nuvem de palavras

Desde 2002 que faço uma lista de todos os livros que li. Agora a lista está até razoável para os padrões nacionais, porém, reconheço, aquém de um leitor intenso, consistente e de peso. Então antes de entrar nos detalhes da lista vão algumas explicações.

1. Minhas leituras não seguem um padrão consciente, ela é resultado principalmente da literatura que me é mais acessível.
2. Comecei a consumir audiolivros a partir do fim de 2011, 2012 para todos os fins. Isto aumentou razoavelmente a quantidade de títulos consumidos ao longo dos anos.
3. A partir de 2019 estão incluídos mangás, histórias em quadrinhos e/ou graphic novels.
4. A lista de autores teve que ser uniformizada para que o nome de um autor seja escrito sempre da mesma forma.
5. Obras com mais de um autor, tiveram seu segundo autor limado, ficando somente o autor principal.
6. Lista engloba livros técnicos, ficção, não-ficção, etc.
7. Obras de vários autores (antologias) não estão contabilizadas (Bíblia entre elas) nem obras de referência, manuais, guias e similares. Também estão fora obras que são assinadas por organizações.
8. Obras lidas mais de uma vez (sim houve algumas) são contados na quantidade de vezes que foram lidas.
9. Para que a nuvem de palavras resultante tivesse os nomes corretos dos autores retirei os espaços dos seus nomes, então "Machado de Assis" está grafado como "MachadodeAssis".

A partir da lista então testei com sucesso e satisfação o Wordle para criar uma nuvem de palavras. Há versão online e uma versão para download. O uso é muito simples, é suficiente incluir o texto de autores e gerar a imagem. A aplicação cria várias imagens, alternando estilos, cores, fundos de modo que é possível resumir suas leituras em uma imagem.

Ressalto que houve somente 4 autores cujas obras foram lidos mais que 5 vezes. Foram Dan Brown e George R. R. Martin com 5 obras de cada. Em ambos os casos tive acesso aos audiobooks. De George R. R. Martin foram os cinco livros das Guerras dos Tronos. Por 8 vezes li livros de C. S. Lewis, todas todas as leituras foi das Crônicas de Nárnia. E por 10 vezes li livros de Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins, todos da série "Deixados para Trás". Apesar de tantas leituras acho a série ruim e por isso nunca fiz resumo dela. A leitura da série foi ocasionada simplesmente pela facilidade de acesso.

Eis alguns exemplos das nuvens de palavras geradas a partir da lista de autores desses 19 anos.








terça-feira, 9 de junho de 2020

Shakespeare

Por um acaso da vida eu tentei lembrar quantas obras de Shakespeare eu conhecia (ou supunha conhecer). Contando obras originais, obras derivadas (obras adaptadas) e/ou cenas repetidas cuja inspiração é de uma obra original de Shakespeare deu um número bom.

Levando-se em conta que li somente uma obra original de Shakespeare (Romeu e Julieta), lembrar de tal quantidade só revela um fato: Shakespeare está tão difundido na cultura atual, tão adaptado, tão entranhado em mentes de criadores de conteúdo, nas artes, música, teatro, TV e cinema que é difícil de negar o fato de que William Shakespeare ser considerado o maior escritor de todos os tempos.


Não pretendo abordar a vida e obra do dramaturgo inglês que viveu de 1564 a 1616 e deixou 38 peças, 154 sonetos e 2 poemas longos. Há biografias, sites, livros, documentários sobre a vida de Shakespeare e suas obras. Como um "não leitor de Shakespeare" eu não tenho sequer credenciais para afirmar algo. Mas tenho que constatar o parágrafo anterior ao atribuir a Shakespeare o epíteto de maior escritor da atualidade. Meu critério principal é raso - a recorrência de suas obras em minha memória decorrente de um nível de exposição longo e contínuo  - mas estudiosos repetem essa asseveração e eu como um leigo embasbacado só posso corroborar. No final do post há algumas listas de onde pesquisei.


No que diz respeito a mim, eu basicamente me peguei pensando sobre escritores e suas obras. As obras de Shakespeare estavam lá em número considerável. Óbvio que li outros autores, óbvio que li outras obras mais vezes do que as de Shakespeare mas estas outras eu as li intencionalmente enquanto que as obras de Shakespeare vieram a mim por osmose literária, daí minha conclusão pela sua grandeza.

A minha lista é modesta mas não consigo lembrar tantos livros e referências de um único escritor não lido quanto lembro de Shakespeare. Sendo que essas lembranças vieram sem que as tenha buscado intencionalmente, vieram por estarem acessíveis, por serem repetidas, referenciadas em muitas outras obras. Das obras não lidas, lembrei das seguintes obras:
  • Megera domada;
  • Hamlet;
  • O mercador de Veneza;
  • Sonho de uma noite de verão;
  • Otelo;
  • Rei Lear;
  • MacBeth.
Para cada peça listada acima, o IMDB, que o maior site sobre cinema da internet, aponta pelo menos 200 referências de filmes, documentários, curtas, séries. Pode haver mais pois 200 referências é o limite para a busca no site do IMDB.

Há frases corriqueiras que repetimos no nosso dia a dia  e que são de obras de Shakespeare tais como:

“Há algo de podre no reino da Dinamarca”
“Ser ou não, eis a questão”
“Há mais coisas entre os céus e a terra do que julga nossa vã filosofia”
“Aprendi que devíamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos”
“A sabedoria e a ignorância se transmitem como doenças; daí a necessidade de se saber escolher as companhias”
“Os covardes morrem muitas vezes antes de sua morte; os valentes morrem uma única vez.”
“A vida é uma simples sombra que passa (...); é uma história contada por um idiota, cheia de ruído e de furor e que nada significa”

Segundo a Wikipedia, Shakespeare era respeitado enquanto estava vivo, porém se tornou grande, unânime, atemporal somente no século XIX quando redescoberto seguidamente pela academia quanto pelas audiências e no século XX sua fama se tornou mundial. Esse fenômeno de como obras e personalidades do passado são redescobertas e catapultadas ao conhecimento e aplauso das sociedades é algo muito curioso para mim e pretendo continuar explorando.

Assim sendo é inescapável que terei que ler alguma obra original do autor.


Links
https://www.bestcollegesonline.com/blog/25-writers-who-changed-the-world/
https://www.digitalbook.io/blog/top-10-influential-writers-that-changed-the-world/
https://www.quora.com/Who-was-the-most-influential-author-in-history
https://www.ranker.com/list/best-writers-of-all-time/ranker-books


segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Ateus avisam: o declínio do Cristianismo está prejudicando a sociedade


Texto originalmente publicado em inglês no site da LifeSiteNews neste link  por Jonathon Van Maren

Achei muito interessante o texto e o publico traduzido para o português.

4 de novembro de 2019 - Apenas alguns anos atrás, o movimento agressivo “Novo Ateísmo” estava em marcha, com lutadores retóricos como Christopher Hitchens e biólogos renomados como Richard Dawkins liderando a acusação contra a religião e os últimos vestígios da fé cristã no Ocidente. A Hitchens em sua famosa frase declarou , "A religião envenena tudo" e só poderia ser considerada, na melhor das hipóteses, a "primeira e pior" tentativa da humanidade de resolver questões existenciais. Se essas superstições cobertas de teias de aranha pudessem ser destruídas pelos ventos refrescantes da razão e do Iluminismo, uma sociedade fundamentalmente melhor surgiria das cinzas - ou assim foi o que ele pensou.

Mas, à medida que o Cristianismo se desvanece cada vez mais no espelho retrovisor de nossa civilização, muitos ateus inteligentes estão começando a perceber que o Iluminismo pode ter alcançado sucesso apenas porque exerceu influência sobre a cultura cristã. Em uma sociedade verdadeiramente secular, na qual homens e mulheres vivem suas vidas sob céus vazios e esperam ser reciclados, em vez de ressuscitados, não há fundamento moral sólido para o bem e o mal. Antiteístas como Christopher Hitchens zombavam e insultavam a ideia de que a humanidade precisava de Deus para saber o que é certo ou errado, mas mal passamos duas gerações de nossa Grande Secularização e nem mais distinguimos o homem da mulher.


Seria interessante saber como o falecido Hitchens teria reagido às insanidades que proliferaram desde sua morte e se ele perceberia, como alguns de seus amigos igualmente sem Deus, que não é necessário achar o cristianismo crível para perceber que é necessário. Douglas Murray, que ocasionalmente se intitulou "ateu cristão", discutiu publicamente com o colega de Hitchens, "Cavaleiro do Apocalipse" Sam Harris, sobre se uma sociedade baseada nos valores do Iluminismo é possível sem o Cristianismo. Harris espera que essa sociedade seja possível. Murray é simpático, mas cético.

Murray admitiu cada vez mais que ele acredita que o projeto ateu é um projeto sem esperança. Quando ele se juntou a mim no meu programa recentemente para discutir seu último livro "The Madness of Crowds", ele reiterou que acredita que, na ausência da capacidade dos secularistas de elaborar a ética em questões fundamentais, como a santidade da vida. Podemos ser forçados a reconhecer que voltar à fé é a melhor opção disponível para nós. Há uma possibilidade muito real, observou ele, de que nosso conceito moderno de direitos humanos, baseado em valores judaico-cristãos, possa muito bem sobreviver ao cristianismo por apenas alguns anos. Isolada da fonte, nossa concepção de direitos humanos pode murchar e morrer muito rapidamente, deixando-nos nos remexendo em uma escuridão espessa e impenetrável. 

Sem os fundamentos cristãos de nossa sociedade, cabe a nós decidir o que é certo e errado e, como ilustram claramente nossas guerras culturais atuais, nossa civilização se despedaçará antes de recuperar o consenso. Muitos ateus otimistas acreditavam recentemente que, uma vez que Deus fosse destronado e banido, poderíamos finalmente viver como adultos e continuar o projeto utópico de criar uma sociedade baseada na fé em nós mesmos. Infelizmente, esses céticos eram céticos em relação a tudo, exceto à bondade da humanidade, apesar de não terem base metafísica ou mesmo darwiniana para essa suposição facilmente reprovável. A popularidade fenomenal de Jordan Peterson é parcialmente baseada em seu reconhecimento de que as pessoas geralmente não são boas e o século passado prova isso com o sangue de milhões.

É o abjeto fracasso desta tese que está levando alguns ateus proeminentes a admitir relutantemente que talvez o Cristianismo fosse mais necessário do que eles pensavam. Em 2015, Richard Dawkins (autor de "Deus um delírio") argumentou que as crianças precisavam ser protegidas das visões religiosas de seus pais e fez uma série de comentários alarmantes sobre os direitos dos pais de educar seus filhos nos princípios de sua fé religiosa. Em 2018, no entanto, Dawkins estava avisando que a "religião cristã benigna" poderia ser substituída por algo decididamente menos benigno e que talvez devêssemos dar um passo para trás para discutir o que poderia acontecer se os secularistas evangélicos tivessem sucesso em destruir ou banir o Cristianismo. Outros ateus e agnósticos, de Bill Maher a Ayaan Hirsi Ali, ecoaram os sentimentos de Dawkins. Essa é uma mudança radical em apenas alguns anos - e o fato de os ateus estarem soando o alarme deve ser um aviso aos cristãos sobre as consequências de nossa secularização em curso.

Dawkins saiu agora e repudiou sua crença anterior de que o Cristianismo deveria ser banido da sociedade ainda mais firmemente. De fato, ele disse ao Times, acabar com a religião - uma vez seu objetivo fervoroso - seria uma péssima ideia, porque "daria às pessoas uma licença para fazer coisas realmente ruins". Apesar do fato de Dawkins argumentar há muito tempo que o Deus da Bíblia, como ser essencial para base da moralidade, é uma ideia ridícula e ofensiva, ele parece estar voltando atrás. "As pessoas podem se sentir livres para fazer coisas ruins porque sentem que Deus não as observa mais", disse ele, citando o exemplo das câmeras de segurança como um impedimento para furtos em lojas. É de se perguntar se ele ouviu Douglas Murray lembrar às pessoas que os soviéticos assassinaram milhões na firme convicção de que não havia um juiz esperando por eles quando o assassinato terminou.

Dawkins discute essas ideias ainda mais em seu livro mais recente, Outgrowing God (algo como Superando Deus). "Irracional ou não, infelizmente, parece plausível que, se alguém acredita sinceramente que Deus está observando todos os seus movimentos, é mais provável que ele seja bom", confessou, relutante. “Devo dizer que odeio essa ideia. Eu quero acreditar que os humanos são melhores que isso. Eu gostaria de acreditar que sou honesto se alguém está assistindo ou não. ”Embora essa percepção não seja uma razão suficientemente boa para ele acreditar em Deus, diz Dawkins, ele agora percebe que a afirmação da existência de Deus beneficia a sociedade. Por exemplo, Dawkins admitiu: "Isso pode reduzir o crime".

A conversão de Dawkins à crença de que o Cristianismo é bom - e talvez até necessário - para que a civilização ocidental funcione em harmonia não deixa nada a desejar. Dawkins tem sido um dos fundamentalistas mais intolerantes do secularismo, um homem que acreditava que os pais deveriam ter o direito de transmitir sua fé e que o governo deveria apoiar ativamente os ímpios sobre os fiéis. Em poucos anos, ele está mudando de ideia. Parece que os seres humanos reconhecem que não se pode confiar automaticamente em ser bom e operar no espírito de harmonia e solidariedade que ele e seus colegas novos ateus prezam. E, na ausência da bondade inerente à humanidade, como podemos contar com as pessoas para não destruir uma civilização construída por homens e mulheres de fé?

A resposta é simples: precisamos de Deus.


Links:
Texto original:  https://www.lifesitenews.com/blogs/atheists-sound-the-alarm-decline-of-christianity-is-seriously-hurting-society
Twitter do autor: https://twitter.com/JVanMaren
Christopher Hitchens e seus amigos cristãos:  https://thebridgehead.ca/2019/05/23/christopher-hitchens-and-his-christian-friends/ 
Douglas Murray apresenta seu livro no The Van Maren Show: https://thebridgehead.ca/2019/09/26/the-van-maren-show-episode-35-douglas-murray-on-the-madness-of-crowds/
Livro "Madness of Crowds" de Douglas Murray
Livro "Deus um delírio" de Richard Dawkins
Dawkins afirma que as crianças precisam ser protegidas da religião: https://www.lifesitenews.com/news/richard-dawkins-the-government-needs-to-protect-children-from-religion-and
Dawkins avisa sobre o Cristianismo benigno: https://www.lifesitenews.com/blogs/why-islams-rise-has-caused-worlds-leading-atheists-to-urge-west-not-to-aban
Dawkins fala ao The Times: https://www.thetimes.co.uk/article/ending-religion-is-a-bad-idea-says-richard-dawkins-sqqdbmcpq
Livro "Outgrowing God" de Richard Dawkins