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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Ficções, de Borges

Capa do livro Ficções de Jorge Luis Borges
"Capa de Ficções" de Borges

Finalmente li um livro de Jorge Luís Borges, escritor argentino, aliás argentino de vários ofícios (poeta, crítico, etc) que viveu de 1899 a 1986. Borges por suas muitas atuações foi reconhecido e premiado e não vou me alongar nisto pois pode ser descoberto buscando informações sobre o escritor.

Li Ficções, publicado pela Companhia das Letras, tradução de Davi Arrigucci Jr. O livro em si pareceu impecável para mim, pequeno mas sem erros aparentes. E ao contrário das minhas outras leituras consegui ler Ficções em um único dia o que me deu visão total do livro.

Em Ficções - que é uma coleção de contos - foi publicado originalmente em 1944 e para mim mostra um Borges que aborda o fantástico, o filosófico, as reviravoltas como se fizesse crônicas. Alguns personagens e objetos parecem tão comuns como se fossem do trato pessoal do autor, inclusive são referenciadas de modo cruzado aparecendo em mais de um conto. Borges tem muitas referências numéricas, referências a datas, inclusive horas o que mostra como se ele quisesse localizar os fatos no tempo e isto meio que nos lança a realidade que ele vai subvertendo até reviravoltas espetaculares. Há referências a enciclopédias e seus verbetes e a bibliotecas e claro a livros, artigos e seus autores. Em vida, Borges era aficionado por enciclopédias, que é algo bem "primeira metade do século XX".

Imagem da lista dos contos do livro
Lista dos contos em "Ficções"
Borges escreve com um domínio invejável, aborda cada tema de modo direto como quem conversa com o leitor, como quem conta uma história face a face com frases eivadas de particularidades de uma conversa coloquial e daí eu entender o livro como bem escrito pois essas conversas estão bem concatenadas e sem falhas, é como ser conduzido pela mão em corredores infinitos e inesperados.

Pude notar que Borges, talvez por ter sido escrito na primeira metade do século XX, talvez por ser este mesmo o estilo do autor, não poupa seus personagens de seus destinos. O personagem que está em duelo é ferido, sangra e morre, o que está diante do pelotão de fuzilamento também não foge ao destino, não há saída mágica. Mesmo com as reviravoltas, com o fantástico, a realidade concreta e cruenta se impõe.

Foi estranho perceber Borges enfatizando fatos e coisas nos seus contos como se os tivesse visto. E na verdade ele os viu. Ele veio a ficar cego somente em 1954, quando eu soube pela primeira vez do autor lá pelos anos 80 e já era cego e eu supunha que ele havia sido cego a vida toda. No livro, nas primeiras páginas há esta foto de Jorge Luís Borges, já cego à época.

Foto constante nas primeiras páginas do livro - Borges sentado e rindo
Borges rindo...